Chuva tardia traz raios que podem provocar prejuízo na cidade e no campo

Na natureza existe apenas um fenômeno que pode iluminar o céu noturno e que também é mortal ao contato com qualquer ser vivo. As chamadas descargas atmosféricas, também conhecidas como raios, são comuns em épocas chuvosas principalmente no verão e sua incidência, portanto, é enorme em todo o território brasileiro. Só entre janeiro e novembro de 2023, o estado de Goiás registrou mais de 10 milhões de descargas atmosféricas, um milhão a mais que o ano de 2022 inteiro, segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT).

Apesar dos nomes parecidos, os raios e relâmpagos não são sinônimos e o segundo é apenas um subproduto do outro. As descargas que movimentam a eletricidade das nuvens para o solo, ou vice-versa, são os raios já mencionados. Contudo, o relâmpago é apenas o efeito visual do clarão visível durante a descarga elétrica. Ambos ocorrem em tempos chuvosos, especialmente nos temporais. A eletricidade gerada neste fenômeno pode exceder mais de 30 mil amperes, 3 mil vezes maior do que a potência de uma tomada doméstica.

Ou seja, se uma pessoa for atingida por um raio ela terá apenas 2% chance de sobrevivência, de acordo com o Ministério da Saúde. Neste caso, em uma ocorrência o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) segue o Sistema De Proteção Por Descargas Atmosféricas (SPDA). “Atenderemos a vítima conforme os sinais e sintomas apresentados. Se houver necessidade faremos o protocolo de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e a conduzimos ao centro médico. Se houver queimaduras faremos também o tratamento conforme protocolo”, relata o Tenente Auro Barbosa do CBMGO.

Contudo, as chances de ser atingido por um raio podem variar de acordo com a localização em que a pessoa estiver presente. Regiões urbanas com presença de prédios e para-raios podem oferecer uma maior segurança do que em regiões rurais ou no campo aberto. “Você fica suscetível de qualquer forma se sair numa tempestade, os meios urbanos geralmente são mais seguros pelo pararaios dos prédios, mas não são fica 100% protegido. No campo aberto a chance é bem maior porque a pessoa é o ponto mais perto entre a nuvem e o solo”, afirma André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cihmego).

Devido a esta maior chance de raios em meios rurais, os animais da pecuária podem ficar mais suscetíveis a mortes pela alta potência elétrica transmitida. Segundo o grupo Elat, mais de 210 vacas foram vítimas de raios entre os anos de 2013 e 2022 no estado de Goiás. Além disso, de acordo com André, a alternância entre o tempo seco e quente com a chuva podem provocar ainda mais tempestades e aumentando também o risco de raios. “Quando fica calor e chove e fica alternando podem aumentar a formação de tempestades e aumentar as chances de raios também”.