Medo e cuidado: diagnóstico de diabetes transformou a vida de dona de casa

Atualmente existem 500 mil diabéticos em Goiás, sendo que esse número abrange somente as pessoas que fazem tratamentos pelo SUS, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO)

Postado em: 28-11-2023 às 08h01
Por: Ronilma Pinheiro
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Maria Aparecida Gomes Brito, de 58 anos, foi diagnosticada há cerca de cinco anos com o diabetes tipo 2 | Foto: Leandro Braz/O Hoje

“O meu pai perdeu a visão aos 60 anos por causa da diabetes”, lembra Maria Aparecida Gomes Brito, de 58 anos, que luta contra a doença de tipo 2 há cerca de cinco anos. Ela foi diagnosticada durante exames de rotina no posto de saúde próximo à sua casa. “Minha glicemia já estava em 300 quando cheguei lá”. Dali adiante a sua vida mudaria.

Para tentar controlar a diabetes, a Maria precisou, além de usar medicamentos recomendados pelos médicos, mudar os hábitos alimentares e criar uma rotina de exercícios físicos. Ela removeu do cardápio as massas, os doces e demais alimentos que são prejudiciais à saúde. Assim, as saladas e verduras ganharam protagonismo nos pratos. Além disso, a caminhada diária pelas ruas do bairro Cardoso 2, em Aparecida de Goiânia, agora faz parte do estilo de vida da mulher.

Os tratamentos são todos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em postos e Unidades Básicas de Saúde da cidade. Ela conta ainda que os chás naturais são importantes aliados nesta luta contra o diabetes.

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Assim como Aparecida, outras 500 mil pessoas lutam contra a diabetes em todo o estado de Goiás, sendo que esse número abrange somente as pessoas que fazem tratamentos pelo SUS, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO). No país a doença atinge mais de 13 milhões de pessoas. 

A médica da família e comunidade, Evelyn de Ramos, relaciona o expressivo número de diabéticos no estado e no país, aos hábitos de vida de cada indivíduo, bem como os maus hábitos alimentares. Segundo ela, a correria do dia a dia e o excesso de estresse, são aspectos que influenciam diretamente fator glicêmico – fator que diferencia os alimentos, de acordo com a quantidade de moléculas de glicose presentes em cada um e está diretamente relacionado com a Glicemia, que é o nível de açúcar circulante no sangue -.

Atrelados a isso, estão os maus hábitos alimentares, que a cada ano estão piores, segundo a especialista. “Hoje a gente tem muito o hábito de consumir fast-food, por serem muito acessíveis”, comenta, ao falar que esses alimentos influenciam para o aumento de casos de diabetes no país e no estado.

Porém, além das causas ‘externas’, é importante destacar que como existem dois tipos de diabetes mais comuns, sendo o tipo 1 e tipo 2, há situações em que as causas da doenças são genéticas. No caso do tipo 1, é causado por fatores genéticos. “A pessoa já nasce com o defeito de produzir insulina. O pâncreas da pessoa não produz insulina”, explica. No geral o diagnóstico é feito na infância e caso isso não aconteça, com o passar dos anos a criança vai chegar a um ponto que ela vai sofrer alguma cetoacidose diabética, onde vai se dar o diagnóstico.

Já o diabético tipo 2, também sofre influência genética, mas também se dá em decorrência da alimentação. “ Então, o estilo de vida que essa pessoa leva, se faz atividade física ou não, o tipo de alimentação, como é a alimentação, vai influenciar nas causas da doença”, detalha.

Desse modo, a principal diferença entre os dois tipos de diabetes é que, no tipo 1, o corpo não consegue produzir a insulina para metabolizar a glicose. Por sua vez, no tipo 2, existe uma resistência do próprio organismo à ação da insulina produzida no organismo, como se ela não fizesse o efeito que lhe é próprio.

Os principais agravantes do diabetes, são:  deficiência da acuidade visual, ou seja, a pessoa vai perdendo a visão aos poucos até chegar a uma cegueira total. Outra complicação que impacta muito na qualidade de vida do paciente é o comprometimento renal, onde os rins vão gradativamente deixando de funcionar até chegar a um ponto do paciente ficar dependente da hemodiálise – situação que limita muito o paciente e afeta totalmente a sua qualidade de vida – .

Além dessas, outras complicações comuns são as amputações, por isso para quem tem a diabetes, os cuidados para evitar qualquer ferimento é imprescindível, devido à dificuldade de cicatrização. “Às vezes um sapatinho que machuca o pé e a pessoa não sente, porque o diabético também perde a sensibilidade, a unha que machucou na manicure e vai inflamando ao ponto de não conseguir cicatrizar”, são exemplos de situações que levam à amputação, segundo a médica. “As vezes é necessário fazer amputação de parte do pé, do dedo ou até do pé inteiro dependendo da situação”, explica.

A Diabetes é uma doença crônica que atinge milhões de pessoas no Brasil, como mencionado anteriormente. A doença não tem cura, mas tem tratamento, e a demora no diagnóstico pode favorecer o aparecimento de complicações e até levar à morte, segundo especialistas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2030 o diabetes seja a sétima causa de morte no mundo.

O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que avaliam a quantidade de açúcar circulante, como a glicose em jejum, teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e hemoglobina glicada. Fome frequente, sede intensa, desânimo, fraqueza, sonolência, tontura, perda de peso, necessidade de urinar em excesso, dificuldade na cicatrização de feridas e infecções frequentes, estes são dos sintomas mais comuns no diagnóstico de um paciente portador de diabetes.

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