Produtores rurais enfrentam falta e a baixa qualidade de grãos de soja em Goiás

Preocupação é de como as safras vão impactar economia do setor ano que vem

Postado em: 28-11-2023 às 08h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Produtores rurais enfrentam falta e a baixa qualidade de grãos de soja em Goiás
Por causa disso, o plantio final diminuiu muito em relação ao mesmo período do ano passado | Foto: Seapa Goiás

Desde o fim de outubro, os produtores de soja goianos enfrentam dificuldades com os efeitos climáticos extremos do El Niño. É o caso do agricultor de soja Arnoldo Rats de Palmeiras de Goiás. “Aqui na região centro-norte do estado quase não chove e chega a faltar água, e na região centro-sul não para de chover o que estraga a produção. Nesse período quente e seco trouxe muito prejuízo para a gente”.

Por causa disso, o plantio final diminuiu muito em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo ele, de 64% das sojas já haviam sido plantadas em 2022, em 2023 o número caiu para apenas 49%. Houve também a perda na produção e na produtividade da commodity, fazendo os produtores replantar e perder cerca da metade do investimento. “A semente corresponde a mais ou menos 27% do orçamento porque tem o transporte e variação no preço dos tipos de grãos. Então quando replantamos perdemos mais da metade do nosso lucro e da nossa produção”.

Ainda sobre isso, muitos produtores que haviam plantado as sementes do tipo precoce tiveram o maior prejuízo pelo efeito do El Niño, levando eles a ter de fazer o replantio com novas sementes, algumas de menor qualidade. “A gente tem dois tipos de sementes de soja no mercado, a de ciclo normal que tem um menor risco e a de ciclo precoce que dá para colher mais rápido mas necessita de uma maior atenção. Os produtores com quem a gente conversou que plantaram a semente precoce foram os mais afetados”, explica Rats.

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Outro agricultor de soja da região, Edvalto Gonçalves, reclama que sofreu com uma diminuição na produtividade, mas que suas sementes de ciclo normal tiveram menos prejuízo. “Aqui tivemos três semanas de calor mas a gente fez de tudo para evitar o replantio e conseguimos segurar”.

Não é apenas em Goiás que há frustração por conta do prejuízo causado pelas questões climáticas. De acordo com Arnoldo, na Bahia, Mato-Grosso e Tocantins. Contou que pode inclusive repercutir com a colheita anual de 2024, mesmo o estado sendo um dos maiores exportadores de grãos como a própria soja e de semente de girassol.

Outro problema enfrentado, devido às altas temperaturas, são as altas temperaturas, prejudicando a produção e aumentando os custos de operação. “Com o aumento na temperatura tivemos mais pragas nas nossas plantações como fungos e insetos. Por causa disso tivemos que aumentar o uso de agrotóxicos para evitar que eles desestabilizem ainda mais o plantio”, diz Arnoldo. Devido a todos estes problemas, cerca de 22% do território agrário de Palmeiras de Goiás foi indicado como mal plantio.

Por causa destes problemas produtores rurais se uniram para impedir que o nível de produtividade e colheita não chegassem a níveis críticos. Outro entrevistado pelo jornal O Hoje, Cezar Savine, presidente do Sindicato De Trabalhadores Rurais de Palmeiras, conta que, produtores que arrendam parte de sua propriedade tiveram prejuízos. “Aqui na região tivemos muitos produtores que arcaram com os custos e replantaram por causa do clima, até arrendei parte do meu terreno para terceiros para ajudar”, disse Cezar.  

O jornal O Hoje apurou na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) que a produção de soja teve uma menor produtividade nesta safra devido ao atraso no plantio quando alguns produtores não plantaram e outros tiveram que replantar.

Isto, inclusive, pode impactar a segunda safra de milho. “Isso pode e vai impactar diretamente na questão da produtividade. Com atraso na janela, a gente tem um produtor que pode ter uma produtividade menor. E isso acaba também acontecendo com a safra do milho. Porque ele tem janela para plantar também “, diz uma fonte na Faeg.

A entidade, contudo, pontuou que ainda não há como prever a repercussão direta no mercado. Segundo eles, esta safra de soja só será colhida no começo de 2024 e com informações da semana passada ainda resta o plantio de 40% do grão.

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