Secretaria de Saúde aponta que ambulâncias estão sumindo

Investigação do Ministério Público de Goiás descobriu que apenas quatro veículos, dos 11 existentes, estavam sendo usados

Postado em: 21-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Investigação do Ministério Público de Goiás descobriu que apenas quatro veículos, dos 11 existentes, estavam sendo usados

Gabriel Araújo

As ambulâncias utilizadas pela saúde de Senador Canedo estão em ‘extinção’. Dados da própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS) cedidos ao Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) informam que somente quatro veículos estavam circulando no último mês. Segundo informado, entre as 11 ambulâncias de propriedade do órgão, sete não estavam rodando por diversos fatores, desde defeitos na estrutura, batidas ou por estarem cedidos a outros órgãos públicos, como a Secretaria da Infraestrutura.

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A reportagem do O Hoje visitou diversos pontos de atendimento à população e encontrou somente uma ambulância estacionada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada na Avenida Gerônimo de Freitas, Residencial Campo Belo.

O MP-GO apontou, então, a configuração de improbidade administrativa devido a omissão dos ex-secretários de Saúde, Eudes de Castro e Júlio Pina Neto, que tinham conhecimento de seus deveres, mas deixaram de atuar causando danos ao patrimônio público e seus administrados.

O Ministério Público iniciou as investigações do caso de abandono dos veículos no último mês de outubro, após a denúncia de um servidor. Na época, a denúncia tratou inúmeras irregularidades na prefeitura, sendo a situação das ambulâncias somente um dos casos.

Uma das investigações buscou analisar as informações sobre a falta de veículos e os problemas enfrentados pelos profissionais devido à constante necessidade de manutenção. Devido a pouca quantidade de veículos, a utilização de veículos comuns, sem as devidas medidas de segurança, chegou a colocar os pacientes transportados em risco.

De acordo com o MP-GO, um inquérito civil foi instaurado no último mês de agosto, em que a negligência na conservação dos veículos foi confirmada por conselheiros municipais de saúde, por meio do fornecimento da ata de uma reunião no Conselho Municipal de Saúde, realizada com o requerido Eudes de Castro, em que foi informada a falta de ambulâncias do município e a situação precária da frota já adquirida. 

Além disso, o ministério ainda investiga diversas irregularidades na saúde municipal, como a falta de serviços básicos e gerais, medicamentos, material para os hospitais e postos de atendimento e o pagamento dos servidores da saúde.

Uma equipe do O Hoje entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura municipal questionando a situação das ambulâncias e, como resposta, recebeu uma nota informando a compra de sete novos veículos. “Nós recebemos recentemente uma nova ambulância para reforça atendimento de urgência em Senador Canedo, o SAMU, temos no serviço de emergência três ambulâncias, além das motolâncias. Adquirimos seis novas ambulâncias, que serão entregues para reforçar e substituir a frota do município. Das que tem uso, sete passaram por manutenção, as outras estão sendo reformadas também”, completou o documento.

De acordo com o ex-secretário Eudes de Castro, um processo de licitação estava em curso e o atual prefeito, Divino Pereira Lemes, recebeu todas as recomendações para adoção de medidas administrativas necessárias para reestruturação, restauração e recomposição dos veículos em um prazo de 60 dias. Já Júlio Pina Neto afirmou não ter sido notificado e atacou as informações dadas pelo MPGO. “Essas denúncias são um plano arquitetado pelos meus concorrentes políticos, eles estão desesperados, até porque esses fatores não procedem, são denúncias motivadas em época de eleição. Fazem oito meses que não faço parte da secretaria e só agora essas denúncias surgem”, completou.

Goiânia

Apenas dois meses atrás, outro caso foi noticiado pelo O Hoje. Na reportagem, foi informado que as ambulâncias usadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Goiânia estavam sucateadas e representam risco para a população. De acordo com sindicato que representa os motoristas, na época, os veículos usados não possuíam condições mínimas de segurança e contam com um programa de manutenção falho.

A denúncia parte de documentos fornecidos pelo Sindicato dos Condutores de Ambulâncias do Estado de Goiás (SINDCONAM-GO), que afirma que carros sucateados são utilizados para atendimento, mesmo sem condições de uso apropriadas. “Estão colocando em risco a vida do servidor, pacientes e acompanhantes. Não podemos admitir esse descaso da Secretaria de Saúde”, completa Prado. 

Senador Canedo enfrenta diversos problemas sociais 

A cidade de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, é conhecida pela presença de grandes empresas e por diversos problemas sociais. Somente a construção da nova sede administrativa é um exemplo de dinheiro público desperdiçado. A construção está com estruturas completas e aguarda detalhes burocráticos serem finalizados para retomada das obras. A obra foi paralisada em 2007 por estar sendo construída num terreno que é do Estado. Após mais de sete anos de negociações, em 2014, a Escritura Pública correspondente aos seus 52 hectares, que compõem toda a área do Morro de Santo Antônio passou para a prefeitura.

De acordo com a prefeitura, o antigo contrato foi finalizado e estudos de viabilidade estão sendo efetuados, todo o orçamento provem de recursos municipais. “Nesta atual administração foi realizado o distrato do contrato que estava vigente, e está sendo feito um novo termo de referência para licitar o restante da obra”, afirma.

Além do Paço Municipal, a reportagem do jornal O Hoje visitou uma ponte utilizada por pedestres e ciclistas na divisa de Senador Canedo com Goiânia caída há mais de sete meses e coloca a população em risco. Crianças de uma escola estadual próxima precisam atravessar para frequentar as aulas e pais cobram a substituição da estrutura, localizada sobre uma nascente. De acordo com moradores da região, a ponte é antiga e foi derrubada durante um temporal.

Na época, o trabalhador autônomo Lindomar Tavares, de 44 anos, afirmou que uma criança sofreu uma fratura no pé após cair da estrutura quando ia para a escola. “A gente ta sofrendo muito com isso, é uma falta de respeito com os moradores. Muita gente usa a ponte para ir trabalhar e, de manhã, as mães passam por aqui para levar as crianças para a escola. Não tem segurança nenhuma aqui, se uma criança cair pode até acontecer uma fatalidade”, contou.

A reportagem contatou que a ponte é utilizada devido à proximidade de duas escolas e de pontos de ônibus, país precisam levar e buscar as crianças devido ao medo de quedas. A estrutura está quebrada em duas partes e só se mantém devido às vigas de metal, volume de água do córrego chega na altura da ponte e durante chuvas a população precisar caminhar por quase dois quilômetros para atravessar o córrego.

Outra construção parada é a de uma Praça na Vila Galvão, em Senador Canedo, que não avança há mais de um ano e causa preocupação na população local. Moradores relataram no final do último mês de maio assaltos mais frequentes e que, durante as noites, a população prefere ficar em casa devido à falta de iluminação do local.

O fiscal Marcelo Batista, de 30 anos, lembrou que com o fim da construção, o local se tornaria ideal para lazer e diversão das crianças. “Eu tenho sete filhos e com isso aqui construindo dava para trazer as crianças para brincar no final de semana. Aqui ficaria muito bonito e bem agradável, mas eles largam tudo assim”, contou enquanto caminhava com o filho. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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