Hugo pode ser interditado por informalidades no funcionamento

Faltam insumos e medicamentos na unidade. Atraso de cirurgias têm prejudicado o atendimento. Crise do hospital comprometeu até doação de órgãos

Postado em: 22-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Faltam insumos e medicamentos na unidade. Atraso de cirurgias têm prejudicado o atendimento. Crise do hospital comprometeu até doação de órgãos

Rafael Melo*

O Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) tem sido alvo de denúncias relacionadas às condições de funcionamento da unidade. Faltam materiais para realização de exames, bem como medicamentos, que tem prejudicado os procedimentos cirúrgicos e até mesmo a doação de órgãos. Na última sexta-feira (21), a reportagem do O Hoje denunciou o atraso da unidade em emitir o exame que confirma a morte cerebral de pacientes considerados com potencial para a realização de transplantes. Caso que impediu a família de Juscelino Costa Alves realizar o procedimento para a doação os órgãos.

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No entanto, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Leonardo Reis, o problema vem ocorrendo no Hospital há cerca de dois meses. “Fizemos uma fiscalização durante essa semana com outra vistoria. Foram identificadas algumas inconformidades como falta de medicamentos, falta de insumos e material básico, além do furo nas escalas dos médicos plantonistas da UTI e da emergência. Então sentamos com a diretoria do Hugo e ficamos de cobrar do Estado essas correções. Demos um prazo até o dia 10 de outubro”, esclarece Leonardo.

Devido à situação, o Cremego afirma que a unidade pode ser interditada caso as inconformidades não seja resolvidas. “Os relatórios anteriores dos médicos registraram a falta de antibióticos, anti-hipertensivos e outras medicações. Isso é um problema grave para o tratamento dos doentes, em alguns casos de infecções graves se você não tem um antibiótico específico você pode inclusive perder o paciente por conta disso. Caso os problemas não forem corrigidos há a possibilidade de encaminharmos um procedimento de interdição”, afirmou o presidente.

Já a instituição responsável pela gestão do hospital afirma que os repasses não estão sendo feito em dia, o que tem prejudicado a compra dos remédios. Fator que não tem impedido o pleno funcionamento da unidade de saúde. Apesar disso, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) declarou que o contrato para o fornecimento de remédios está em plena vigência e os repasses são feitos conforme cronograma definido pela Secretaria da Fazenda.

Alguns pacientes têm relatado que não estão conseguindo ter o tratamento finalizado e aguardam há dias por procedimentos essenciais. O auxiliar administrativo David Santos afirma que a esposa está internada há 10 dias com o pé quebrado, mas não é submetida à cirurgia. “Dizem que os medicamentos estão em falta e também não há instrumentos cirúrgicos”, revelou. O Hugo atende, por mês, cerca de 3 mil pacientes.

Crise na saúde

Outra unidade de saúde que vem enfrentando problemas de funcionamento é o Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI). Denúncias apontam que a limpeza do hospital não tem sido realizada há alguns dias. O motivo seria a paralisação parcial dos funcionários da empresa terceirizada Loc Service, responsável pela limpeza do local. Um representante da saúde ligado ao município, que pediu para não ser identificado, diz que esteve recentemente no hospital e confirma a denúncia. “O prédio está um nojo, lixeiras transbordas, banheiros sujos e fedidos, papel no chão. Não sei como um hospital pode chegar nessa situação, trabalho na área da saúde e sei que uma situação dessas pode levar pacientes ao risco de infecção”, denuncia.

Em nota, a direção do hospital afirma que não houve paralisação do serviço de higiene e limpeza na unidade, mas sim uma redução no contingente de pessoal por parte da empresa prestadora. “O hospital reforça ainda que, nas áreas fechadas como Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) Neonatal e Pediátrica, Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (Ucin) e Centro Cirúrgico, o serviço de higiene e limpeza está funcionando dentro da normalidade. Já nas demais áreas, o serviço é mantido conforme necessidade”, diz o comunicado de Márcio Gramosa, diretor geral do hospital. Já a empresa terceirizada Loc Service disse que prefere não se manifestar sobre o caso. 

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