Empreendedorismo feminino se destaca na diversificação

A Feira das Minas se transformou em exemplo de pequenos negócios ao se tornar a maior feira de mulheres do Brasil, que tem como foco empoderar mulheres LGBT+, artistas e artesãs

Postado em: 08-12-2023 às 16h56
Por: Luana Avelar
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Além de contribuir financeiramente para mais de 100 famílias em Goiânia, a Feira das Minas destaca e apoia talentos locais, enriquecendo a cultura da região. | Foto: Acervo Feira das Minas

O crescimento contínuo da presença feminina no comando de empresas é notável, mas os desafios persistem globalmente. No Brasil, destaca-se o aumento do empreendedorismo feminino, especialmente no comércio, revelando a necessidade de diversificação. Com mais de 9,3 milhões de empreendedoras, há ainda um caminho para equilibrar a proporção e reduzir a desigualdade de gênero.

Apesar das barreiras enfrentadas, as empresárias são responsáveis por 45% dos lares no Brasil. No entanto, desafios monetários persistem, com empréstimos menores e juros mais altos. A formação de redes de apoio também é um desafio, devido à desconfiança em relação à presença feminina no empresariado.

Pauline Arroyo, produtora da Feira das Minas em Goiânia, destaca a importância do empreendedorismo feminino ao compartilhar sua experiência. Iniciando com um brechó online para financiar seus estudos, a feira cresceu para se tornar a maior feira de mulheres do Brasil, focada em mulheres LGBTs, artistas e artesãs. “O que me motivou foi a experiência ao conviver com essas mulheres. Percebi a grande necessidade disso em Goiás e nos interiores do Brasil, onde ainda falhamos muito na questão das mulheres.”

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Criada em outubro de 2018, esta feira não é apenas um espaço comercial; é uma plataforma dedicada a ampliar a visibilidade das mulheres empreendedoras e enriquecer a experiência cultural de seus visitantes. O principal objetivo da Feira das Minas é dar destaque e apoio às mulheres que conduzem seus próprios negócios. As barracas coloridas e vibrantes não são apenas vitrines de produtos; são testemunhos do poder e da diversidade das mulheres empreendedoras em Goiânia.

Pauline destaca que “a missão é acessibilizar o conhecimento no empreendedorismo feminino, levantando não só a bandeira do feminismo, mas também racial, de gênero e financeira”. A decisão de permitir apenas mulheres como vendedoras na feira não é arbitrária. Baseia-se em dados do IBGE que revelam que apenas 8% das mulheres são proprietárias de negócios, e dentro desse grupo, apenas 17% são mulheres negras.

A Feira das Minas visa corrigir essa disparidade, oferecendo um espaço inclusivo e equalizado para todas as mulheres empreendedoras. “Ser exclusivamente para mulheres é essencial para enfrentar o machismo e conservadorismo ainda presentes no poder, mostrando que mulheres são capazes”, compartilha Pauline.

A Feira não apenas celebra, mas também conscientiza sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres. Estatísticas revelam que as mulheres dedicam 73% a mais de horas semanais aos afazeres domésticos em comparação com os homens. No campo salarial, a disparidade é evidente, com mulheres brancas recebendo cerca de 3/4 do salário dos homens brancos, enquanto as mulheres negras enfrentam uma diferença ainda mais significativa, recebendo apenas 44,4%.

Pauline também destaca as mães solteiras, aquelas que enfrentaram demissões e as que entraram no empreendedorismo por necessidade. Ela ressalta a importância de reconhecer que por trás de cada produto há uma mulher com uma história única. Ao fortalecer a economia local e impactar positivamente mais de 100 famílias em Goiânia, a Feira das Minas não apenas se destaca pela sua contribuição financeira, mas também evidencia e apoia os talentos de artistas locais.

“São mais de 100 famílias onde o dinheiro está circulando entre os próprios moradores de Goiânia. Esse influxo financeiro não apenas beneficia as famílias diretamente envolvidas, mas também impulsiona uma cadeia econômica mais ampla. O fortalecimento do empreendedorismo feminino não se limita apenas às famílias, mas também envolve artistas goianas, tanto no artesanato, enriquecendo nossa cultura, quanto nas áreas de música e dança, proporcionando visibilidade para essas mulheres”, destaca Pauline.

Para o futuro, a Feira das Minas concentrará esforços na associação recém-criada, focando na profissionalização e no ensino. Pauline destaca a necessidade de pré-venda e pós-venda, transformando a feira em uma rede de apoio abrangente. Em 2024, a feira será mais do que um local de venda; será um conjunto de iniciativas educacionais, psicológicas e sociais. “No próximo ano, a feira terá ênfase na associação recentemente criada, voltada para a profissionalização e ensino. A abordagem abrange não apenas a venda, mas também o prévenda e pós-venda, formando uma rede de apoio abrangente.”

O foco se estende “além das mulheres empreendedoras, incluindo aquelas em situação de vulnerabilidade”. “O objetivo é proporcionar conscientização em setores distantes, oferecendo palestras em escolas, ensinando inteligência emocional e empoderamento feminino com profissionais qualificados. O enfoque abrange oratória e outros elementos essenciais para impulsionar o crescimento dos negócios femininos”, pontua Pauline. (Especial para O Hoje)

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