Déficit mensal do Hugo é de R$ 2 milhões

Por conta da interdição, a unidade precisa apresentar, até a próxima quarta-feira (26), um plano de emergência para reduzir a admissão de novos pacientes

Postado em: 25-09-2018 às 12h30
Por: Katrine Fernandes
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Por conta da interdição, a unidade precisa apresentar, até a próxima quarta-feira (26), um plano de emergência para reduzir a admissão de novos pacientes

O diretor administrativo do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO), Franco Monteiro Xavier, afirma que o déficit mensal da unidade é de R$ 2 milhões, devido irregularidades nos repasses feitos pelo Governo de Goiás. De acordo com a Secretaria de Saúde, já foram liberados R$ 2 milhões para recompor o estoque de farmácia.

Segundo Jacqueline Carrijo, auditora fiscal do trabalho responsável pelo termo de interdição do Hugo, a intenção é salvar o local, já que a falta de medicamentos e insumos básicos causa a sobrecarga da equipe do hospital e aumenta riscos para pacientes. 

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Interdição

Nesta segunda-feira (24) a superintendência Regional do Trabalho no Estado de Goiás (STRE/GO) determinou  a interdição das atividades médicas, de enfermagem e farmacêuticas no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A unidade sofre com falta de medicamentos e insumos que segundo o parecer, emitido após uma auditoria  “colocam em risco grave, iminente e recorrente” a vida dos profissionais que atual no local.

Por conta da interdição, o Hugo precisa apresentar, até a próxima quarta-feira (26) um plano de emergência para reduzir a admissão de novos pacientes, além de criar “protocolos emergenciais” para que os pacientes internados sejam atendidos dentro do previsto pelas regras de segurança do trabalho. 

Na última quarta-feira (19) foram feitas denúncias de médicos, enfermeiros e farmacêuticos do Hugo que relatavam a falta de insumos que prejudicam o correto exercício das atividades. No dia seguinte, uma equipe do SRTE/GO, juntamente com representantes fiscais do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO) foram até o hospital para verificar as denúncias e lá constaram que as mesmas procediam. 

Em conversa com os diretores, os fiscais foram informados que a falta de repasse dos recursos por parte do governo – ou, em alguns casos, o fracionamento do valor – tem “prejudicado gravemente a aquisição de medicamentos e insumos”. Por isso, a direção precisa “escolher” quem pagar.

“Constatamos que há uma dívida grande da Secretaria de Saúde com a OS, comprometendo o funcionamento da unidade e o trabalho seguro. Esse valor gira em cerca de R$ 20 milhões”, disse a auditora fiscal do trabalho Jacqueline Carrijo.

Uma reunião deve ser realizada nesta tarde, no Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) com os envolvidos para discutir a questão.

Denúncias

A ausência de materiais básicos para realização de procedimentos foi confirmada por médicos e enfermeiros do Hugo, existe a faltam antibióticos, remédios como dipirona, soro, seringa e agulhas. A situação gera até mesmo “cancelamento de cirurgias”. Além disso, quando não há um item específico, eles tentam ajudas para outro similar.

Outra profissional salientou que falta gaze e que, quando o médico precisa de um medicamento e liga na farmácia “prescreve o que tem e não o que precisa”.

Outra questão apontada foi a falta de médicos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo os depoimentos, o “acúmulo de tarefas somado à carga de trabalho do médico da UTI do Hugo potencializa os riscos de acidentes do trabalho e acidentes envolvendo os pacientes”. 

Resposta

Em nota a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informou que o Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) realizou 28 cirurgias da noite desta segunda-feira (24) até o final da manhã desta terça-feira (25) e que o hospital já adquiriu os medicamentos para a farmácia. Confira abaixo a nota na integra:

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que o Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) realizou 28 cirurgias de ontem à noite até o final da manhã desta terça-feira, 25. Portanto, o hospital continua atendendo dentro da normalidade e do seu perfil de urgência e emergência. Ontem foi realizado repasse pela Secretaria da Fazenda de R$ 2 milhões para a aquisição de medicamentos, em que parte já foi adquirida na manhã de hoje, de forma emergencial, e até amanhã o estoque da farmácia do HUGO estará normalizado. Outros R$ 2 milhões foram repassados hoje, para garantir o abastecimento desses insumos, bem como das demais necessidades do hospital. Essa é a principal exigência do Ministério do Trabalho. Novos repasses serão realizados ainda nesta semana.  

Dessa forma, vale reafirmar que o HUGO continua a receber pacientes de urgência e emergência. Na manhã de hoje, o hospital realizou outras cirurgias e existem mais 25 previstas, além das de urgências, de um total de 159 pacientes atendidos. Na enfermaria, são 270 internos; na UTI, outros 57. A taxa de ocupação dos 407 leitos do HUGO atualmente é de 90%, dos quais 5% precisam estar desocupados para higienização e preparo para receber novos pacientes.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás enfatiza que não houve interdição do HUGO e de nenhum outro hospital da rede pública estadual. Apenas foi exigido um plano de contingenciamento pelo Ministério do Trabalho, que está em negociação. Nenhum dos 17 hospitais da rede pública estadual sofreu paralisação e todos continuam atendendo normalmente. 

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