Após interdição de hospital, destino de pacientes é incerto

Devido à falta de insumos e medicamentos no HUGO, MTE pediu interdição do Hospital

Postado em: 25-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Após interdição de hospital, destino de pacientes é incerto
Devido à falta de insumos e medicamentos no HUGO, MTE pediu interdição do Hospital

Unidade tem até amanhã para apresentar um plano de emergência para diminuir admissão de novos pacientes

Rafael Melo*

Depois de uma auditoria realizada pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de Goiás (STRE/GO), o órgão determinou, ontem (24), a interdição do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO). De acordo com o parecer da auditoria, o pedido de interdição foi emitido em virtude da atual situação do hospital que apresenta falta de equipamentos e insumos necessários para o pleno funcionamento, colocando em risco grave, iminente e recorrente a vida de pacientes e profissionais no local.

Continua após a publicidade

Com a medida, foram paralisadas as atividades médicas, de enfermagem e farmacêuticas do Hospital. A equipe do O Hoje entrou em contato com o Instituto Agir, Organização Social (OS) responsável pela administração do hospital, mas até o fechamento da reportagem não obtivemos retorno sobre o caso. Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) declarou que ainda aguardava as informações para providenciar uma resposta oficial.

Segundo a auditoria do Ministério do Trabalho (MTE), os fiscais foram informados que a falta do repasse de recursos tem prejudicado gravemente a aquisição de medicamentos e insumos. “Constatamos que há uma dívida grande da Secretaria de Saúde com a OS, comprometendo o funcionamento da unidade e o trabalho seguro. Esse valor gira em cerca de R$ 20 milhões”, afirma a auditora fiscal do trabalho Jacqueline Carrijo. Existia também a possibilidade de uma reunião que seria realizada ontem no Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) com as autoridades envolvidas para discutir a questão.

Fiscalização

Consta no documento da auditoria do MTE que a fiscalização surgiu em decorrência da denúncia feita na última quarta-feira (19) de médicos, enfermeiros e farmacêuticos do Hugo sobre as condições da falta de insumos, fator que prejudica diretamente o exercício ético das atividades dos profissionais. 

Após a denúncia, a equipe do SRTE/GO, juntamente com representantes fiscais do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO) foram até o hospital para verificar as denúncias e então constataram que as inconformidades procediam, portanto eram verídicas.

Com a medida de interdição, o Hospital recebeu um prazo até amanhã para apresentar um plano de emergência para reduzir a admissão de novos pacientes e criar “protocolos emergenciais” para que os pacientes internados sejam atendidos dentro do que foi previsto pelas regras de segurança do trabalho.

Na reportagem publicada pelo O Hoje na última sexta-feira (21) o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Leonardo Reis, já havia alertado a possibilidade de interdição do hospital. “A situação é um problema grave para o tratamento dos doentes, em alguns casos de infecções graves se você não tem um antibiótico específico você pode inclusive perder o paciente por conta disso. Caso os problemas não forem corrigidos há a possibilidade de encaminharmos um procedimento de interdição”, afirmou o presidente. O Cremego ainda informou que o problema vem acontecendo há cerca de dois meses e que foi realizado uma reunião com a diretoria do Hospital em que foi determinado um prazo até o dia 10 de outubro para resolver e cobrar a questão junto ao Estado.

O Hospital

Desde 9 de maio de 2012 o HUGO é gerenciado pelo Instituto Gerir. Referência no Planalto Central na área de urgências e emergências, a unidade de saúde atende todo o Centro-Oeste e outros Estados. Todos os seus leitos são dedicados exclusivamente ao Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade tem uma área de 28.541,60 metros quadrados, com 407 leitos de internação (inclusive para observação) e centro cirúrgico com dez salas em funcionamento.

O Hospital é uma unidade pública vinculada à Secretaria da Saúde de Goiás. Seus serviços foram abertos à sociedade em dezembro de 1991, no Governo do Dr. Henrique Antônio Santillo; sendo Secretário de Saúde Antônio Faleiros Filho, Secretário Adjunto Honor Cruvinel e Diretora de Planejamento Maria das Dores Mansur. Seu primeiro diretor geral foi Roberto Luciano Coimbra. 

Veja Também