Temperatura segue nas alturas durante toda a semana em Goiânia

Capital registra semana com maiores temperaturas do ano. Termômetros marcaram uma média de 38ºC nos últimos dias

Postado em: 26-09-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Capital registra semana com maiores temperaturas do ano. Termômetros marcaram uma média de 38ºC nos últimos dias

Gabriel Araújo*

A semana está apenas na metade e já é a mais quente do ano. Termômetros espalhados pela Capital registraram 38ºC no último domingo e 36ºC ontem (25) algumas das mais altas temperaturas de 2018, isso porque ainda não há sinal de queda nas temperaturas. Dados do portal Clima Tempo especulam uma variação térmica de até 15ºC hoje (26) com temperatura máxima de 37ºC. 

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A expectativa é que a temperatura não deixe a casa dos 30ºC por, pelo menos, os próximos 15 dias. As altas temperaturas forçam a população a procurar opções para diminuir a ação do calor, que sofre ainda com a baixa umidade. “A gente vai atrás de sombras, locais com árvores e tenta se hidratar o tempo todo. Água e sorvete ajudam, mas mesmo assim está bastante quente essa semana”, conta a assistente Maria Araújo, de 50 anos.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Goiás (SBD-GO), Adriano Loyola, a alta temperatura requer cuidados especiais com a saúde. Ele indica o uso recorrente de protetor solar tanto para a pele quanto para o couro cabeludo. “Pessoas com pele mais clara devem ter atenção especial e reforçar o uso do filtro solar, optando, no mínimo, pelo fator 50”, afirma. “Em todas as situações, independentemente de quem faça uso do protetor solar, este deve ser aplicado, 30 minutos antes da exposição ao sol, e reaplicado, a cada duas horas”, completa o profissional.

Sob o Sol

O artista de rua Alex Haidar, de 28 anos, trabalha todos os dias por cerca de 7 horas sob o sol da Capital, segundo ele, não existem opções e é preciso enfrentar o calor. “Acho que o pior horário é das 13 às 15 horas, porque o sol fica alto e a gente não tem nem como se esconder. Quem fica esse tempo todo no sol sempre acaba sofrendo, eu tenho a tinta que até ajuda um pouco, mas no final é pesado”, lembra.

Enquanto isso, no Parque Vaca Brava, Setor Bueno, a população usa as sombras para aproveitar e lutar contra calor. “Eu aproveito os intervalos no trabalho e fico aqui, sempre tem sombra e esse vento. Só quando o calor é insuportável que eu não saio”, disse Francisco Carlos Barbosa, de 20 anos.

Hidratação

Para Loyola, a hidratação é um fator fundamental para se manter saudável quando for enfrentar altas temperaturas e se expor ao sol. “A nossa pele é hidratada com a água que bebemos, já que ela é a responsável por mais de 90% da hidratação. Um hidratante ajuda, mas o ideal é ingerir dois litros de água, por dia, a fim de que todos os nossos órgãos sejam irrigados, funcionando corretamente. É fundamental, também, ter uma alimentação equilibrada”, conclui. 

Tempo extremamente seco causa diversos problemas 

O tempo seco que vem acometendo todo o estado de Goiás é a causa para diversos problemas na Região Metropolitana de Goiânia. A baixa umidade relativa do ar, que nesta terça-feira (25) chegou a 26% de acordo com o Clima Tempo, torna a vegetação seca e quebradiça, o que aumenta a probabilidade de incêndios e causa um crescimento nas entradas em hospitais por doenças respiratórias. O período ainda é marcado pela diminuição do volume de água dos rios que abastecem a Capital.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o nível mínimo de umidade ideal é de 60%. Os níveis em que a saúde humana é colocada em risco são divididos em três categorias, a primeira diz respeito a dias em que a umidade vai de 30% a 20% e é considerado um estado de atenção, onde a população deve evitar exercícios físicos ente 11 e 15h, e evitar locais desprotegidos do sol. 

No estado de alerta, que vai de 12 à 20% é recomendado usar soro fisiológico nos olhos e no nariz. A categoria mais baixa parte de 12% para baixo sendo o estado de emergência, em casos como este as aulas de educação física, a coleta de lixo, entregas dos correios são suspensas.

De acordo com o médico infectologista do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) Boaventura Braz de Queiroz, a queda na umidade do ar é responsável por problemas respiratórios devido a necessidade do corpo humano em receber o ar 100% saturado. “O fato do clima estar muito seco pode causar transtornos no padrão de hidratação das pessoas. O processo de desidratação do clima seco leva a uma irritação muito acentuada das vias respiratórias altas e isso contribui para infecções por vírus e bactérias. Esse quadro de desidratação é muito perigoso em crianças e idosos”, conta.

Outra questão que pode ser responsável por problemas respiratórios é a qualidade do ar, que vem decaindo devido à grande quantidade de incêndios. Somente no Estado, já foram registrados mais de 2 mil casos de incêndios florestais neste ano. Conforme informado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO), o quantitativo de focos este ano já é mais de 15% superior que o registrado no mesmo período do ano passado. Em junho de 2017, o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) registrou 442 focos de incêndios, o que na época foi o maior índice registrado no mês na história, desde 1998.

Além do tempo seco, um problema já recorrente nessa época do ano, o goiano ainda enfrenta a grande mudança de temperatura. No último domingo (23) a temperatura passou de 19º para 38º C, uma mudança de 19º na temperatura ambiente da Capital, o que pode causar prejuízos à saúde. “O organismo prefere que haja uma estabilidade da temperatura, então essa mudança pode trazer transtornos e facilitar processos infecciosos e quadros de desidratação”, completa. 

O infectologista ainda finaliza afirmando que a melhor forma de se preparar tanto para as grandes variações de temperatura quanto o clima seco de Goiás é a ingestão de grande quantidade de líquidos. “A grande preocupação nesse clima é com a hidratação, se existe o consumo de água o organismo termina melhor preparado e o líquido que é perdido é reposto”, conclui.

Principais doenças

Dentre as principais doenças que afetam a população neste período do ano em razão do tempo seco estão a rinite alérgica, que é uma reação responsável por coceiras, olhos lacrimejantes e espirros. Outra doença que fica mais evidente com a baixa umidade é a asma, que devido às condições sofrem com o ressecamento da mucosa dos bronquílios, canais responsáveis pela passagem do ar, que se contraem e dificultam a entrada de ar. Com o tempo seco, a quantidade de bactérias também aumenta, gerando gripes, resfriados e faringite, que é uma inflamação na faringe. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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