Manejo de quiosques preocupa comerciantes próximos ao HGG

Quatro proprietários de quiosques receberam ordem de retirada do local com prazo de 15 dias da prefeitura

Postado em: 14-12-2023 às 07h45
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Manejo de quiosques preocupa comerciantes próximos ao HGG
O quiosque Lanche Feliz HGG está no local há mais de 25 anos | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Há mais de 25 anos os comerciantes Neura Ribeiro e seu marido Armando Ferreira possuem uma banca de vendas bem em frente ao Hospital Alberto Rassi (HGG) o Lanche Feliz HGG, que oferece bebidas e comida, muitos sendo pacientes e acompanhantes. Este quiosque é o “ganha pão” do casal desde essa época e opera dentro da legalidade com os alvarás da prefeitura.

Contudo, tudo isso mudou no ano de 2012 quando a Organização Social, Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), assumiu a responsabilidade de administrar o HGG. Armando conta que desde então tem sido uma luta para trabalhar sob pressão constante da administração. “Desde 2012 a gente tem sofrido com isso, ficam mandando fiscal da agência sanitária, mandando gente pressionar para mudar tudo aqui. Já perdemos três colegas nossos que eram donos de quiosques ao redor do HGG”.

Entretanto, todo este trabalho pode acabar logo cedo após Neura e seu marido receberem uma ordem de retirada da tenda com prazo de 15 dias não dando a chance para negociação. Além disso, outros três proprietários de quiosques receberam a mesma ordem vinda da Prefeitura de Goiânia. Para o casal, o fechamento e a parada total do trabalho é inviável devido ao fato de Neura, com 56 anos, ter tido câncer de mama e operado da doença. 

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Se isso não fosse o bastante, ela é considerada paciente paliativa do câncer, ou seja, sem a chance de cura. Em outras palavras, o impedimento da renda única do casal poderia colocar em risco a vida dela. “A gente só consegue trabalhar nisso, então a nossa dificuldade  e o sofrimento se pararmos de trabalhar vai ser imensa, até hoje eu tomo medicamento contra depressão por causa da depressão”, conta Armando.

Contudo, mesmo operando não oferecem ameaça ou risco visível à saúde, ou limpeza do hospital, Armando ainda conta que fazem de tudo para chegar em um acordo ou negociação com a instituição pois até oferecem ajuda para os pacientes do hospital. “Aqui a gente ajuda todas as pessoas que vem para cá, oferecemos comida, água, café, um lugar para sentar. A gente até tem serviço de xérox para os documentos que pedem lá dentro. Além disso, a gente sempre limpa e sanitiza o nosso espaço”, relata o dono do empreendimento.

Para tal demanda, é de supor que haja um motivo plausível para a “demissão” de ambos sem negociação ou remuneração. O que Armando contou ao jornal, foi que o grande fator para a retirada das lojas foi para melhorar o visual da instituição. Contou ainda que durante o período do diálogo outros três quiosques reformaram as lojas com alvenaria de acordo com a demanda da presidência da Organização Social. Contudo, essa oportunidade não foi ofertada para Neura e Armando, até a relocação da loja para outro espaço foi recusada.

Sobre a questão da legalidade do empreendimento, o casal falou que ambos estão antes do Código de Postura de 1995 que esclareceu que os quiosques de rua existentes antes desta data eram legalizados pela prefeitura. 

Em resposta, o Idtech afirma que não possui responsabilidade sobre a retirada dos quiosques. “O Idtech recebeu com surpresa a informação sobre um vídeo no qual é citado que a nossa organização notificou os quiosques que estão instalados nas calçadas do HGG. O Idtech como instituição de direito privado, qualificada como organização social, não possui competência para realizar notificações”, relataram em nota, e esclarecem também que mantinham contato para zelar pela boa convivência com os proprietários do quiosque.

O jornal O Hoje também tentou entrar em contato com a Prefeitura de Goiânia, contudo, não recebeu uma resposta até o fechamento da matéria.

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