Como cheirar pimenta mudou a vida da jovem Thais, de Goiânia

A jovem ficou internada durante mais de cinco meses após cheirar pimenta na casa da sogra em Anápolis e passar mal

Postado em: 14-12-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Como cheirar pimenta mudou a vida da jovem Thais, de Goiânia
Terapeuta ocupacional, fonoaudiólogos e psicólogos estão entre os tratamentos que a trancista recebe em casa | Foto: Arquivo Pessoal

Aos 25 anos de idade, Thais Medeiros de Oliveira, mãe de duas filhas e namorada do Matheus, era feliz com a vida que levava. No entanto, o dia 17 de fevereiro de 2023, mudaria para sempre a vida da goiana que era trancista profissional. Naquele dia, após uma crise de asma, onde teve falta de ar e muita tosse, Thais viajou para Anápolis, cidade que fica a 55 km de Goiânia, onde o namorado morava com a família.

Como a família de Matheus costumava comer muita pimenta, a mãe do rapaz tinha uma coleção de conservas em casa. Naquela sexta-feira, durante o almoço, as pimentas eram o assunto principal. Ao destampar um dos recipientes onde estava uma das conservas, cada um dos que estavam ao redor da mesa, cheirou um pouco a pimenta. Mas quando chegou na vez da Trancista sentir o aroma, a reação foi imediata, logo a jovem começou a ter crises alérgicas e ter falta de ar.

Agora, Mateus e os pais precisam correr contra o tempo até chegar na Santa Casa de Anápolis. De carro, a família percorreu 6 km até chegar na unidade de saúde, onde Thais deu entrada sem os sinais vitais. Durante o trajeto, a jovem chegou a perder a consciência algumas vezes.

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Ao chegar no hospital, a trancista precisou ser reanimada pelos médicos e depois foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com um quadro de edema cerebral, onde foi entubada. Segundo os especialistas, o fato de Thais não conseguir respirar de forma adequada e em decorrência da baixa a circulação de oxigênio para o cérebro e para o coração, houve uma parada cardiorrespiratória, que desencadeou em outros problemas neurológicos.

Os médicos acreditam ainda que a pimenta pode ter agravado a asma e estimulado receptores nervosos nasais ou até mesmo pulmonares, já que a paciente já tinha asma e ao cheirar a pimenta ela teve uma reação de forma exagerada.

A jovem ficou internada durante mais de cinco meses após cheirar a pimenta e passar mal. Ela recebeu alta hospitalar no dia 31 de julho deste ano, quando passou a fazer o tratamento em casa, mas voltou ao hospital após episódios de febre. A decisão foi tomada por médicos do Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação (Crer), a fim de evitar novas infecções.

Atualmente Thais realiza os tratamentos de casa. Terapeuta ocupacional, fonoaudiólogos e psicólogos estão entre os tratamentos que a trancista recebe.

A alergista e imunologista, Lorena de Castro Diniz, afirma que qualquer alimento pode desencadear uma reação alérgica em uma pessoa. “A alergia alimentar ela é mais prevalente na infância, ali nas primeiras introduções alimentares, mas ela pode acontecer em qualquer época da vida para qualquer alimento”, explica. Segundo a especialista, há uma desregulação do sistema imunológico no qual o nosso corpo por um fator genético, pode não reconhecer aquela proteína como boa e a partir disso, ocorrer uma reação exagerada.

Diniz diz ainda que as alergias são uma reação exagerada do sistema imunológico frente a alguns alérgenos – substâncias de origem natural que podem induzir uma reação de hipersensibilidade em pessoas mais suscetíveis e causam o desenvolvimento de inflamações no órgão sensível -, como é o caso por exemplo dos pacientes que têm doenças respiratórias alérgicas como rinite e asmas, que têm alergias a sensibilidade, alergias a poeira, o ácaro, epitélio de animais.

“Nesses casos, a higiene ambiental é essencial para o controle dos sintomas e da doença, como manter a casa limpa e arejada, evitar cortina, tapetes, bichos de pelúcia, dar banhos nos animais semanalmente, trocar roupa de cama, pelo menos duas vezes por semana, são situações essenciais para o controle da doença”, orienta.

Para aqueles que são alérgicos à alimentação, a orientação é que devem evitar o consumo que contenham esses alérgenos. “Se for alérgico ao medicamento, deve também evitar o uso desses medicamentos que contém aquela substância”, acrescenta.

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