Cuidados odontológicos reduzem o risco de morte durante internação  na UTI

Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) mostra uma redução de 21,4% no risco de morte de pacientes que tiveram atendimento odontológico na UTI

Postado em: 15-12-2023 às 11h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Cuidados odontológicos reduzem o risco de morte durante internação  na UTI
Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) mostra uma redução de 21,4% no risco de morte de pacientes que tiveram atendimento odontológico na UTI | Foto: Reprodução

Um estudo feito pelos Pesquisadores da Faculdade de Medicina e da Escola de Enfermagem, ambas da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, mostra que a higiene bucal quando feita de forma adequada e associada ao tratamento odontológico de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode reduzir o risco de morte durante a hospitalização.

Realizado em duas UTIs do Hospital das Clínicas da FMRP, sendo uma delas uma UTI geral clínico-cirúrgica – que recebe pacientes com doenças crônicas descompensadas ou em pós-operatório -, e outra uma UTI especializada em emergências – que atende pacientes que sofreram politraumatismo ou infecções graves -, o estudo mostrou uma redução em 21,4% do risco de morte.

A cavidade bucal é uma das principais portas de entrada de vírus, bactérias e outros microrganismos no corpo humano. Quando o paciente está internado, esses riscos de desenvolver a proliferação de fungos e bactérias na boca aumentam, segundo a cirurgiã dentista e clínico geral, Ranielly Sales Campos. “Mas com uma higienização correta da cavidade oral, essa proliferação dos fungos e bactérias para outros órgãos e sistemas, pode ser evitada”, pontua.

Continua após a publicidade

Entre os procedimentos necessários e que são realizados pelos dentistas nesses pacientes internados, estão: higiene da cavidade bucal, tratamento de doenças periodontais, restaurações provisórias de cárie e extração de dentes sem condições de serem restaurados e que apresentam risco ao paciente.

Independente de qualquer coisa, cuidar da saúde bucal é imprescindível para evitar possíveis complicações na boca e em todo o organismo. “Quando se realiza uma boa higienização, faz com que diminua a quantidade de bactérias presentes na boca, evitando que desenvolva doenças bucais que possam progredir para uma doença generalizada como por exemplo uma endocardite ou sepse”.

De acordo com o Ministério da Saúde, uma pessoa saudável realiza um processo diário de filtragem do ar que inala, uma vez que o epitélio – tecido que reveste a pele e cavidades – possui cílios e muco que barram ou expelem a entrada de impurezas, bactérias e outros microrganismos, o que acontece ao tossir ou espirrar, por exemplo.

Já no paciente em ventilação mecânica, ou seja, que precisa do uso de uma máquina para auxiliar a entrada e saída de ar nos pulmões, esse processo é impedido por causa da presença do tubo orotraqueal – dispositivo médico-hospitalar, estéril, invasivo, utilizado em pacientes quando há necessidade de submetê-los à ventilação mecânica -. “Se a cavidade bucal possuir uma grande concentração de bactérias, o risco dessas bactérias migrarem para o pulmão, causando pneumonia, é muito grande. E o risco aumenta tanto quanto se prolonga a ventilação mecânica. explica o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, da FMRP e coordenador do estudo.

Ranielly Sales acrescenta que durante a internação de pacientes na UTI, devido a uma higienização bucal “insatisfatória”, ao consumo de alguns medicamentos e aparelhos, como o uso de tubos devido a necessidade de intubação, contribui para o desenvolvimento de infecções orais e nosocomiais, ou seja, qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifeste durante a internação, ou mesmo após a alta. “São as doenças periodontais, halitose, candidíase, úlceras traumáticas, xerostomia, conhecida como boca seca, saburra lingual, pneumonia…” detalha a cirurgiã.

No caso das pessoas normais, a recomendação da especialista é que devem ir ao dentista  a cada 6 meses. “Durante esse período, se o paciente necessitar de retornar ao médico antes do tempo estipulado, ele deve fazê-lo”, destaca.

Veja Também