Engenheiro civil faz da doação de sangue um propósito de vida há 15 anos
Rui diz que o ato de parar um “segundinho” e se colocar no lugar da outra pessoa que está esperando um doador, é algo muito importante
Por: Ronilma Pinheiro
![Imagem Ilustrando a Notícia: Engenheiro civil faz da doação de sangue um propósito de vida há 15 anos](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/2023/12/9-abre-2-Hemocentro.jpeg)
“Eu acho que qualquer doação, no sentido real, da palavra de se doar, sem esperar nada em troca, sem esperar nenhum retorno por isso, simplesmente se doar, eu acho que é muito importante, é essencial”, diz Rui Ferreira da Silva Júnior, 42 anos, que tem uma trajetória de mais de 15 anos como doador de sangue e de plaqueta.
Casado com Thais Ferreira, pai do Kalebe e da Helena, o engenheiro civil faz da doação um propósito de vida. Ao jornal O Hoje, o homem conta como esta história começou. “Já faz 15 anos desde que comecei a doar. No início eu fazia de forma esporádica, quando alguém estava precisando de sangue, por exemplo”, relata. No entanto, numa dessas doações foi identificado que Rui tinha a contagem de plaquetas muito alta, o que não é comum. A partir disso, ele foi convidado pela unidade de saúde para se tornar um doador de plaquetas. “Desde então eu tenho me disposto a doar plaquetas também. Aí eu conversei com o pessoal do banco de sangue, eles me explicaram como funciona a doação”, conta. Há cerca de 7 anos que o homem vai periodicamente até o banco de sangue do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) fazer doações.
Recentemente, Rui foi homenageado pela unidade de saúde, como o “doador diamante”, sendo a pessoa que mais fez doações ao banco de sangue, somando 61 doações nos últimos sete anos. De acordo com o Banco de Sangue do Hugol, Rui já salvou aproximadamente 180 vidas, com mais de 38 litros de sangue doados.
O engenheiro doou a primeira pela primeira vez ao Hugol em março de 2016. “Sobre receber uma homenagem, eu fiquei num primeiro momento, assim, surpreso, satisfeito e feliz por saber que já tinham sido aquela quantidade de doações e aquele número de pessoas que poderiam ser alcançadas e ajudadas e salvas”, comentou. “Me deu um sentimento de satisfação de dever cumprido, de saber que as minhas doações estavam dando muito resultado. Isso me deixou muito feliz”, acrescenta o doador ao comemorar os resultados.
Rui diz que o ato de parar um “segundinho” e se colocar no lugar da outra pessoa que está esperando um doador, é algo muito importante. “A pessoa está realmente, naquele momento ali, com uma necessidade enorme de algo que você não encontra por aí, não é tipo, vou alí no mercado comprar alguma coisa para suprir a necessidade. É algo necessário que só o corpo produz”, enfatiza.
Caleb, filho mais velho do engenheiro, tem sete anos de idade e já ouve do pai sobre a importância de ajudar a quem precisa sem esperar qualquer recompensa. O pai conta que conversa com o filho sobre o assunto e que já se prepara para levá-lo algum dia na unidade de saúde para que a criança veja de perto a importância da doação. “É algo que eu penso em mostrar para ele, explicar para ele a importância e deixar que ele decida no futuro se será um doador. Agora eu só quero mostrar para ele o quanto isso é importante, principalmente para as pessoas que recebem, fazer ele poder enxergar isso”, conta.
Como ser um doador de sangue?
Assim como Rui, qualquer pessoa pode se tornar um doador de sangue e ajudar a salvar vidas, desde que sejam respeitados os critérios para proteção tanto do doador quanto do receptor. São eles: estar saudável; não estar gripado, resfriado ou febril; ter acima de 50 quilos; ter entre 16 e 69 anos (doadores entre 16 e 17 anos devem apresentar autorização dos pais ou responsáveis legais); estar descansado e alimentado; evitar alimentação gordurosa nas 3 horas que antecedem a doação; não ter feito tatuagem, piercing ou maquiagem definitiva a menos de 1 ano; não ter realizado procedimentos endoscópicos nos últimos 6 meses; não estar em uso de antibióticos e antifúngicos; caso tenha feito uso, aguardar 14 dias após o término para realizar a doação; não ter evidência clínica ou laboratorial de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como Sífilis, Hepatite B ou C, Hepatite A (após os 11 anos), HIV, HTLV, Doença de Chagas; não ter comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação.
Hemocentro alerta para baixo número de doadores de sangue no período de férias
Quando chega essa época do ano, de férias escolares e festas de final de ano como natal e ano novo, muitas pessoas resolvem viajar para comemorar as festividades ao lado de familiares que moram em outras cidades, estados e até fora do país. Com isso, o número de doadores de sangue costuma diminuir nesse período, o que é preocupante, segundo a diretora técnica da Rede Hemo, Ana Cristina Novais, uma vez que com o aumento do fluxo de carros nas rodovias, aumenta a incidência de acidentes e consequentemente cresce a procura por sangue.
Em meio à situação, a diretora agradece aqueles que se mantêm fiéis às doações nesse período e aos que doaram durante todo o ano. “Gostaríamos de agradecer aos doadores que têm comparecido nas nossas solicitações e campanhas, e com isso, no momento, o estoque está seguro”, diz. Apesar do estoque, Ana Cristina enfatiza que o banco de sangue precisa de doações, principalmente das doações dos tipos sanguíneos negativos, “já que nesse final de ano a gente aumenta, infelizmente, situações de emergências, onde nós precisamos de atender às demandas e não há tempo de se fazer testes pré-transfusionais”. O tipo de sangue negativo é fundamental nesses momentos, que é utilizado em pacientes em casos de urgências.
A diretora explica que para fazer uma doação no Hemocentro basta fazer o agendamento no telefone 08006420457 ou no site agenda.hemocentro.org.br. Ao todo, são 9 pontos de coleta distribuídos no Estado, mais a unidade móvel que pode ser acompanhada nas redes sociais. As doações podem ser feitas no Hemocentro Coordenador em Goiânia, em Rio Verde, Catalão, Ceres, Jataí, Quirinópolis, Porangatu, Iporá e Formosa. As unidades ficam abertas das 8 às 18h de segunda a sexta-feira e aos sábados das 8h às 12h.
“É muito importante a doação de sangue, é um ato nobre, e como eu disse no final de ano a gente tem uma demanda maior por tipos sanguíneos O negativo”, reitera a diretora. Ana Cristina pontua ainda que muitos pacientes precisam de plaquetas, com a chegada do período de dengue. “Então quem é doador de plaquetas que já tem um tempo que não veio doar, venha, e mantenha regularidade, porque vai salvar vidas, vai manter o estoque seguro e a gente conseguir atender toda a demanda”, alerta.