Engenheiro civil faz da doação de sangue um propósito de vida há 15 anos

Rui diz que o ato de parar um “segundinho” e se colocar no lugar da outra pessoa que está esperando um doador, é algo muito importante

Postado em: 19-12-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O tipo de sangue negativo é fundamental nesses momentos, que é utilizado em pacientes em casos de urgências | Foto: Divulgação/Hemocentro

“Eu acho que qualquer doação, no sentido real, da palavra de se doar, sem esperar nada em troca, sem esperar nenhum retorno por isso, simplesmente se doar, eu acho que é muito importante, é essencial”, diz Rui Ferreira da Silva Júnior, 42 anos, que tem uma trajetória de mais de 15 anos como doador de sangue e de plaqueta.

Casado com Thais Ferreira, pai do Kalebe e da Helena, o engenheiro civil faz da doação um propósito de vida. Ao jornal O Hoje, o homem conta como esta história começou. “Já faz 15 anos desde que comecei a doar. No início eu fazia de forma esporádica, quando alguém estava precisando de sangue, por exemplo”, relata. No entanto, numa dessas doações foi identificado que Rui tinha a contagem de plaquetas muito alta, o que não é comum. A partir disso, ele foi convidado pela unidade de saúde para se tornar um doador de plaquetas. “Desde então eu tenho me disposto a doar plaquetas também. Aí eu conversei com o pessoal do banco de sangue, eles me explicaram como funciona a doação”, conta. Há cerca de 7 anos que o homem vai periodicamente até o banco de sangue do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) fazer doações.

Recentemente, Rui foi homenageado pela unidade de saúde, como o “doador diamante”, sendo a pessoa que mais fez doações ao banco de sangue, somando 61 doações nos últimos sete anos. De acordo com o Banco de Sangue do Hugol, Rui já salvou aproximadamente 180 vidas, com mais de 38 litros de sangue doados. 

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O engenheiro doou a primeira pela primeira vez ao Hugol em março de 2016. “Sobre receber uma homenagem, eu fiquei num primeiro momento, assim, surpreso, satisfeito e feliz por saber que já tinham sido aquela quantidade de doações e aquele número de pessoas que poderiam ser alcançadas e ajudadas e salvas”, comentou. “Me deu um sentimento de satisfação de dever cumprido, de saber que as minhas doações estavam dando muito resultado. Isso me deixou muito feliz”, acrescenta o doador ao comemorar os resultados.

Rui diz que o ato de parar um “segundinho” e se colocar no lugar da outra pessoa que está esperando um doador, é algo muito importante. “A pessoa está realmente, naquele momento ali, com uma necessidade enorme de algo que você não encontra por aí, não é tipo, vou alí no mercado comprar alguma coisa para suprir a necessidade. É algo necessário que só o corpo produz”, enfatiza. 

Caleb, filho mais velho do engenheiro, tem sete anos de idade e já ouve do pai sobre a importância de ajudar a quem precisa sem esperar qualquer recompensa. O pai conta que conversa com o filho sobre o assunto e que já se prepara para levá-lo algum dia na unidade de saúde para que a criança veja de perto a importância da doação. “É algo que eu penso em mostrar para ele, explicar para ele a importância e deixar que ele decida no futuro se será um doador. Agora eu só quero mostrar para ele o quanto isso é importante, principalmente para as pessoas que recebem, fazer ele poder enxergar isso”, conta.

Como ser um doador de sangue?

Assim como Rui, qualquer pessoa pode se tornar um doador de sangue e ajudar a salvar vidas, desde que sejam respeitados os critérios para proteção tanto do doador quanto do receptor. São eles: estar saudável; não estar gripado, resfriado ou febril; ter acima de 50 quilos; ter entre 16 e 69 anos (doadores entre 16 e 17 anos devem apresentar autorização dos pais ou responsáveis legais); estar descansado e alimentado; evitar alimentação gordurosa nas 3 horas que antecedem a doação; não ter feito tatuagem, piercing ou maquiagem definitiva a menos de 1 ano; não ter realizado procedimentos endoscópicos nos últimos 6 meses; não estar em uso de antibióticos e antifúngicos; caso tenha feito uso, aguardar 14 dias após o término para realizar a doação; não ter evidência clínica ou laboratorial de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como Sífilis, Hepatite B ou C, Hepatite A (após os 11 anos), HIV, HTLV, Doença de Chagas; não ter comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação.

Hemocentro alerta para baixo número de doadores de sangue no período de férias

Quando chega essa época do ano, de férias escolares e festas de final de ano como natal e ano novo, muitas pessoas resolvem viajar para comemorar as festividades ao lado de familiares que moram em outras cidades, estados e até fora do país. Com isso, o número de doadores de sangue costuma diminuir nesse período, o que é preocupante, segundo a diretora técnica da Rede Hemo, Ana Cristina Novais, uma vez que com o aumento do fluxo de carros nas rodovias, aumenta a incidência de acidentes e consequentemente cresce a procura por sangue.

Em meio à situação, a diretora agradece aqueles que se mantêm fiéis às doações nesse período e aos que doaram durante todo o ano. “Gostaríamos de agradecer aos doadores que têm comparecido nas nossas solicitações e campanhas, e com isso, no momento, o estoque está seguro”, diz. Apesar do estoque,  Ana Cristina enfatiza que o banco de sangue precisa de doações, principalmente das doações dos tipos sanguíneos negativos, “já que nesse final de ano a gente aumenta, infelizmente, situações de emergências, onde nós precisamos de atender às demandas e não há tempo de se fazer testes pré-transfusionais”. O tipo de sangue negativo é fundamental nesses momentos, que é utilizado em pacientes em casos de urgências.

A diretora explica que para fazer uma doação no Hemocentro basta fazer o agendamento no telefone 08006420457 ou no site agenda.hemocentro.org.br. Ao todo, são 9 pontos de coleta distribuídos no Estado, mais a unidade móvel que pode ser acompanhada nas redes sociais. As doações podem ser feitas no Hemocentro Coordenador em Goiânia, em Rio Verde, Catalão, Ceres, Jataí, Quirinópolis, Porangatu, Iporá e Formosa. As unidades ficam abertas das 8 às 18h de segunda a sexta-feira e aos sábados das 8h às 12h.

“É muito importante a doação de sangue, é um ato nobre, e como eu disse no final de ano a gente tem uma demanda maior por tipos sanguíneos O negativo”, reitera a diretora. Ana Cristina pontua ainda que muitos pacientes precisam de plaquetas, com a chegada do período de dengue. “Então quem é doador de plaquetas que já tem um tempo que não veio doar, venha, e mantenha regularidade, porque vai salvar vidas, vai manter o estoque seguro e a gente conseguir atender toda a demanda”, alerta.

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