Doceria tem queda no número de clientes após associação de mortes ao consumo de doces

Polícia Civil investiga o caso, não descartando nenhuma hipótese

Postado em: 19-12-2023 às 08h30
Por: João Victor Reynol de Andrade
Imagem Ilustrando a Notícia: Doceria tem queda no número de clientes após associação de mortes ao consumo de doces
Em horário de grande fluxo, reportagem flagrou apenas uma retirada de delivery | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Uma equipe do Procon Goiânia havia acabado de sair da unidade mais famosa da doceria Mariana Perdomo, na T4, no Setor Bueno, em Goiânia, quando, cabisbaixas, funcionárias voltaram à posição de clientes na estrada da loja. O problema é que apenas um casal apareceu em um intervalo de tempo em que o fluxo seria constante de motociclistas e pessoas em busca de doces. 

O movimento na doceria foi menor nesta segunda-feira (18), quando, às vésperas do Natal, normalmente estaria bem movimentada em uma das quatro unidades da rede. A equipe de reportagem do jornal O Hoje percorreu as lojas da Mariana Perdomo. Em uma das lojas especializadas na venda pelo Drive Thru, na T4, teve apenas um motoqueiro de aplicativo em um período de quase 40  minutos.

Tudo começou com a repercussão negativa de que o consumo de doces de uma família no domingo (17) teria causado a morte de duas pessoas: Leonardo Alves, 58 anos, e sua mãe Luzia Alves, 86. Com isso, a mãe e o filho tiveram sintomas de vômito, dor abdominal e diarreia apenas três horas depois de terem consumido doces comprados na loja. As pessoas foram internadas no Hospital Santa Bárbara no domingo, mas não resistiram. 

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Apesar de ter escrito e publicado em uma rede social, inicialmente, que o pai morreu após comer o doce comprado na doceria, a filha de Leonardo, Maria Paula, voltou atrás e negou a relação. A Polícia Civil investiga o caso, não descartando nenhuma hipótese. Inclusive, o Procon Goiânia esteve nesta segunda-feira em uma das unidades, mas afirmou que não encontrou nada de estranho.

A reportagem, no entanto, não conseguiu contato com a doceria para confirmar a queda da movimentação após o caso ter tomado as redes sociais, sobretudo o X (antigo Twitter), com milhares de manifestações desfavoráveis. 

Em nota, a doceria Perdomo Doces esclarece que segue os protocolos de segurança alimentar estabelecidos pela lei e denota a investigação policial ainda em andamento. “Perdomo esclarece que dispõe de todos os elementos para comprovar junto aos órgãos de fiscalização a adoção dos protocolos sanitários exigidos por lei. Reforçamos ainda a falta laudo ou exame pericial que associe seus produtos a riscos à saúde humana” relatando em nota.

Além disso, a empresa informou que retirou os mesmos tipos de produtos que comprometem a saúde da família Alves bem como a abertura comunicacional com órgãos fiscalizadores. “A Perdomo informa que o lote de produtos averiguado pelas autoridades já foi recolhido de todas as lojas e que o acesso irrestrito a todas as suas unidades foi disponibilizado aos órgãos fiscalizadores, para inspeções no dia de hoje”.

Para o professor de economia Aurélio Trancoso a queda no movimento, por agora, é temporária, embora esteja em um período em que a rede estava acostumada a receber maior número de pedidos. “Algumas pessoas podem deixar de ir agora, mas vão ir no futuro. O produto dela é um produto de alta qualidade e o que tem que se fazer é mostrar que aquilo não foi manipulado lá dentro”.

Ainda de acordo com o economista, é necessário uma visão crítica ao fato de o caso ter ocorrido em apenas uma família e não de maneira generalizada. “Cabe à polícia investigar e concluir”, diz ele. 

Esta nova realidade digital das marcas em redes sociais é um campo minado, como diz o especialista econômico Danilo Orsida. Para ele, os ruídos da comunicação se agravam no ambiente digital pela facilidade de espalhar uma informação. “Todo empreendimento empresarial está sujeito a passar por uma crise da marca”, explica. 

Para Tauhana Porto Fernandes, especialista em Marketing, é necessário uma comunicação completamente aberta e rápida entre os consumidores em momentos de crises institucionais. “A empresa deve se colocar à disposição para o esclarecimento e elucidação das investigações. O esclarecimento dos fatos e apoio aos familiares dos envolvidos deve ser a prioridade do momento, ficando as vendas em um segundo plano”, explica ela, que conclui: “O ideal é que a empresa não demore a se comunicar, e quando o fizer, que seja de maneira transparente e empática, reforçando os valores da empresa e as providências que estão sendo tomadas para resolver a situação”.

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