Mais barata, carne suína vira a protagonista da ceia de fim de ano dos goianos

Versatilidade de proteína facilita na hora de preparar pratos no Natal e Ano Novo

Postado em: 20-12-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Carne de porco chega a custar metade do valor da carne bovina e do famoso peru natalino | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Com o preço mais em conta no açougue, chegando a custar metade do valor da carne bovina dependendo do corte, a carne de porco é a queridinha de muitas famílias para a ceia de Natal e Ano Novo deste ano. Versátil e saborosa, a proteína suína virou sinônimo de economia, além de agradar os mais diversos paladares.

O consumo da carne suína vem ganhando a preferência do consumidor. Segundo pesquisa da Kantar, o crescimento foi de quase 5% na peça in natura se comparando o primeiro trimestre deste ano com o de 2021. Já a participação dessa categoria dobrou nas escolhas dos consumidores, com aumento de 97,83% no mesmo período.

Robério Lima Noronha, 47, já trabalha há mais de 25 anos com um açougue dentro do Mercado Central de Goiânia e conta que a carne de carneiro e a carne de porco são as proteínas mais procuradas nessa época do ano. “Muitas famílias preparam em suas ceias de Natal o pernil de cordeiro e o pernil suíno. Então é um dos pratos principais que o goiano gosta de incluir nessa época festiva”, fala o comerciante.

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No estabelecimento o quilo da proteína de carneiro está custando R$ 49,90, e na visão dos açougueiros as peças mais procuradas são a paleta, pernil e costela. “O movimento já está bom, e a nossa expectativa é que venha melhorar mais. Muitos clientes já têm a tradição de comprar os produtos da ceia natalina no Mercado Central, tanto as carnes, como as frutas, as castanhas e os derivados”, conta Robério com otimismo nas vendas nesta semana. 

Na banca do José de Tadeu, que tem uma tradição de 55 anos, o movimento da clientela caiu depois da pandemia, e muitos dos consumidores deixaram de comprar os produtos no mercado municipal. “Eu vendo bastante carneiro e cabrito, e dentro do mercado os preços são muito variáveis. Na minha banca a mercadoria custa R$ 35, mas tem outros comerciantes que comercializam a R$ 50 ou R$ 70. Mas meu diferencial é que são carnes de primeira, e nada vem dos criatórios de granja ou cativeiro”, explica o vendedor.

As opções de aves mais nobres, como peru e chester, não têm sido muito atrativas aos consumidores, pois, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o quilo aumentou, em média, 15% em comparação com o ano passado. O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei Couto, revela que as aves natalinas se tornaram artefatos de luxo, apresentando variações de 15,82% e 8,17%. “Nesse momento, parece mais atrativo aos consumidores o consumo de carne bovina, suína e frango, uma vez, também, que esses apresentaram uma forte queda no valor”, complementa.

Com o reajuste no valor dos produtos, a Fipe registrou variação de -4,05% no valor da picanha. O frango reduziu o preço na mesma proporção do ano passado, sendo 14,7%. “Outra alternativa que pode agradar os consumidores é a opção pelo pernil, a carne suína conta com variação de -10,4% no quilo.  O consumidor consegue até mesmo estocar esse produto em casa”, afirma Sirlei Couto.

Para a nutricionista Gleiva Staciarini, a preferência do consumidor goiano pela carne suína vem aumentando a cada ano devido a mudança na própria suinocultura. “A carne suína não é mais a mesma de antigamente. Hoje nós temos uma carne com um percentual de gordura menor, desenvolvida para atender a população, que está cada vez mais preocupada com saúde e qualidade de vida”. 

A profissional, que trabalha com a proteína suína, explica que o teor de gordura da carcaça caiu 35%, o que deixa a carne mais saudável. “Mais de 60% da carne suína é magra, apresentando apenas 1,5 a 1 centímetro de espessura de gordura, diferente de alguns anos que correspondia até 5 centímetros”. Por causa disso, detalha Gleiva, não há restrição de idade para o consumo da carne.

 “Desde a introdução alimentar, crianças, mulheres, praticantes de atividades físicas e mesmo na terceira idade. A carne suína possui vários nutrientes importantes como as vitaminas A e B, selênio, zinco e ferro. Esses elementos ajudam no desenvolvimento infantil em diversos âmbitos: cognitivo, psicomotor, estrutural e até do sistema imunológico”, detalha.

Ceia de fim de ano

Gleiva Staciarini diz que com as festas de fim de ano chegando, o consumo de carne normalmente cresce. E a carne suína, pela versatilidade e preço mais em conta, vira uma ótima opção para a ceia. Para ela, a tradicional leitoa tem seu lugar cativante na mesa do goiano, mas outros cortes também podem compor o cardápio. “Sabemos que a leitoa é um prato tradicional do Natal, mas vale lembrar que a carne suína é muito versátil, garantindo aquela ceia saborosa e cheia de boas vibrações”. Entre as sugestões da nutricionista estão o tender assado, rosbife de filé mignon suíno, pernil assado na cerveja e costelinha suína.

A nutricionista alerta sobre a culpa que muita gente sente ao comer em excesso nas festas. A nutricionista defende a troca de produtos e o consumo em moderação. “Natal é época de celebrar! Mesmo sendo um dia atípico, ele pode ser aproveitado com consciência e equilíbrio. A dica é ater-se às quantidades. As preparações geralmente são muito calóricas, mas podemos comer porções moderadas, e é importante observar as doenças que exigem dietas restritivas, pois nestes casos, alguns ingredientes podem ser substituídos, como por exemplo o açúcar, por adoçantes. Outra dica é utilizar frutas, legumes e castanhas nos preparos”.

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