Cresce o número de Idosos no mercado de trabalho

Além do trabalho, Idosos também estão marcando presença nas universidades. Segundo o INEP, 24 mil pessoas da terceira idade estão matriculados em cursos de graduação, presenciais e a distância.

Postado em: 28-09-2018 às 16h30
Por: Patrick Wallison
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Além do trabalho, Idosos também estão marcando presença nas universidades. Segundo o INEP, 24 mil pessoas da terceira idade estão matriculados em cursos de graduação, presenciais e a distância.

4,5 milhões de idosos estão no mercado de trabalho (Foto: Reprodução)

Patrick Wallison

A população idosa do Brasil era a quinta maior do mundo em 2016, no entanto, segundo o Ministério da Saúde a previsão para 2030 é de que o número de idosos no país ultrapasse o total de crianças entre zero e 14 anos. 

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A imagem de uma vovó fazendo crochê ou um vovô lendo jornal sentado numa cadeira de balanço na varanda está cada dia mais distante da nossa realidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 15 milhões de idosos no Brasil, 4,5 milhões estão no mercado de trabalho. 

Segundo um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE e divulgada em junho deste ano aponta que em 2012, 6,3% dos trabalhadores formais eram idosos, em 2018 este percentual saltou para 7,8%.

Em Goiânia, empresas estão contratando esse novo perfil por acreditar que a mão de obra é mais experiente. Por meio da iniciativa, as organizações recrutam e capacitam os idosos para atuarem nas vagas em aberto. De acordo com o diretor da URBS, Ricardo Teixeira, o programa Veteranos veio trazer oportunidades para a terceira idade e “agregar o conhecimento, a sabedoria e experiência de vida desse público às equipes de vendas”.

Zilma Mourão dos Santos, 78 anos, é uma das 12 integrantes da última edição do programa. Na empresa há 6 meses, e há 10 anos no mercado de imóveis, Zilma destaca que nunca parou de trabalhar e que nem pensa nisso no momento. “Não posso parar de trabalhar. Vou parar pra quê? Pra ficar em casa reclamando da vida e sentindo dores? De jeito nenhum. Quero ter um motivo para acordar, ter compromissos para cumprir, clientes para visitar. Trabalhar me faz sentir viva”, diz a corretora de imóveis.

Com o programa Talentos Experientes, a Cencosud Brasil aproveita o turnover do negócio para contratar profissionais acima de 50 anos para trabalhar nas redes. “Após certa idade, muitos não conseguem recolocação no mercado de trabalho, reduzindo seu poder de compra e qualidade de vida. O varejo é tido como maior empregador privado do país e, por meio deste programa, temos a oportunidade de fazer a diferença”, afirma Fábio Oliveira, gerente de Investimento e Responsabilidade Social da Cencosud Brasil.

Celso Garfinho Soares, atualmente com 66 anos, é conferente do Bretas. Depois de trabalhar em outras redes supermercadistas, ele se aposentou, mas não gostou da rotina pacata dentro de casa. “Sou muito dinâmico, não consegui ficar parado”. Mesmo após a aposentadoria, sempre procurou trabalho. Por seis anos foi vendedor de purificador de água e após um mês desempregado, foi contratado como prevenção de perdas do Bretas aos 63 anos. 

Ensino Superior

De acordo com o Censo-2016 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), das mais de 8 milhões de pessoas matriculadas em cursos de graduação, presenciais e à distância, cerca de 24 mil têm idade superior ou igual a 60 anos.

“Essa fatia da população será convocada para o mercado de trabalho, já que não haverá reposição suficiente de mão de obra mais jovem. Ou seja, as instituições de ensino verão a presença cada vez maior de pessoas com mais idade procurando qualificação para corresponder às demandas do mercado”, comenta Benhur Gaio, reitor do Centro Universitário Internacional Uninter.

Layla Salmen Vale, de 86 anos é um exemplo. Ela cursa Letras na modalidade à distância (EAD) da Uninter de Governador Valadares (MG). A estudante se matriculou no centro universitário por indicação do filho, Emílio do Vale, que está cursando Geografia na mesma instituição. Pouco deslocamento, flexibilidade de horário e ritmo de estudo definido pelo aluno são alguns dos diferenciais do EAD. “Há mais de dez anos ele ouvia a mãe dizer que queria fazer um curso superior, mas não havia nenhum próximo da sua região”, conta Daniel Magalhães, gestor do polo Uninter em Governador Valadares.

Para facilitar o acesso desse público às ferramentas disponibilizadas pela Uninter, os alunos contam com o suporte de uma professora de informática para apresentar individualmente todos os processos para a realização dos cursos. Para as provas presenciais, um instrutor fica à disposição caso ele tenha dificuldade para digitar. “Como sabemos que a tecnologia é um entrave para esse perfil de estudante, buscamos acompanhar de perto para garantir o melhor aproveitamento”, conclui Magalhães.

 

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