Após três anos, visitas aos leitos de enfermaria são retomadas no Hugol

As visitas aos pacientes da enfermaria estavam suspensas desde 2020 com a chegada da pandemia de Covid-19 e retornam neste final de ano, seguindo todos os protocolos de segurança, segundo a unidade de saúde

Postado em: 23-12-2023 às 12h30
Por: Ronilma Pinheiro
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As visitas são retomadas neste final de ano, seguindo todos os protocolos de segurança, segundo a unidade de saúde | Foto: Divulgação

As visitas aos leitos de enfermaria no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) foram retomadas. A visitação estava suspensa desde 2020, quando a pandemia de Covid-19, pegou todos de surpresa, transformando o modo de trabalho e atuação de todas as instituições do país e do mundo. Agora os familiares que antes conversavam com seus entes queridos apenas por chamadas telefônicas e vídeo chamadas, podem se dirigir até às unidades do Hugol para ver os pacientes.

O Coordenador de Acolhimento do Hugol, Luiz Carlos de Freitas, explica ao jornal O Hoje que as visitas são retomadas neste final de ano, seguindo todos os protocolos de segurança. “Para garantir a segurança de todos, o visitante deve usar máscara de proteção, higienizar as mãos, conforme orientação da equipe técnica”, detalha. “Caso esteja sem a gente vai ofertar a máscara a gente passa todas as orientações porque não acabou exatamente o Covid. Desse modo, estamos com as medidas de contenção”, acrescenta.

A ida ao hospital deve acontecer todos os dias, com início das 13h e duração de 30 minutos, conforme cronograma disponibilizado. É obrigatório que o visitante se identifique na Recepção de Visitas, apresentando documento oficial com foto, segundo o coordenador. 

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Esse contato com o familiar durante o período de internação, é muito importante para o paciente e muitas vezes influencia até mesmo na sua recuperação, segundo Freitas. “Ele se sente mais acolhido e nós enquanto profissionais da saúde, a gente consegue acolher esses familiares até mesmo com a equipe assistencial. Eles podem conversar com o médico uma enfermeira que está ali prestando os cuidados pro paciente”, pontua.

No caso dos visitantes menores de idade, precisam de uma autorização ‘especial’ e precisam estar acompanhados de um adulto. “Aquele familiar que por ventura solicita a visita de uma criança, essa solicitação precisa ser avaliada sob os critérios que envolvem o quadro clínico daquele adulto que está internado”, explica. No geral, a idade para poder fazer essas visitas é 12 anos, mas o hospital pede que o visitante seja maior de idade, por questões de perfil da unidade, que é de urgência e emergência, segundo Freitas. 

As visitas são tão importantes que os três anos que ficaram suspensas foram o suficiente para que os profissionais percebessem a insatisfação dos pacientes. “A gente percebe assim, até mesmo uma certa insatisfação. As pessoas querem aquele contato, por mais que a gente faça uma videochamada ou faça uma ligação pra poder dar notícia as pessoas elas tendem a reclamar, elas querem sim entrar pra ver seu familiar”, comenta. “Para os familiares, a visita não apenas proporciona um sentimento de segurança, mas também oferece a oportunidade de esclarecer dúvidas diretamente com a equipe de cuidados, tornando todo o processo mais próximo e humanizado”, acrescenta.

Normas internas do Hugol

De acordo com o regulamento interno do Hugol, algumas regras devem ser seguidas pelos visitantes, como: não utilizar adornos como brincos, pulseiras, relógios, colares; não entrar com alimentos; não conversar em voz alta; realizar a visita com roupas que sejam inapropriadas ao ambiente hospitalar. Essas e outras informações são disponibilizadas no site da Agir e nas recepções do hospital, segundo o coordenador.

A unidade de saúde ressalta ainda que o visitante deve ser, preferencialmente, alguém que tenha vínculo afetivo com o paciente, que tenha carinho e paciência, além de condições emocionais para a resolução de questões práticas e burocráticas. “Acreditamos que a conexão entre pacientes e seus familiares desempenha um papel crucial no bem-estar e na recuperação, promovendo um ambiente mais acolhedor e solidário”, comenta.

A visita significa a continuidade do viver cotidiano, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mostra que a importância do acompanhante para o paciente internado, bem como a visita para esse paciente, significa a continuidade do seu viver cotidiano e, para a maioria deles, o entrelaçamento de seus elos com o mundo fora do hospital. Isso se dá porque a internação de um membro da família altera a organização familiar, pela falta de um integrante e também pela indisponibilidade de outros para o acompanharem, segundo a pesquisa.

A internação, por si só, implica tanto nos sentimentos da pessoa internada, quanto no papel do familiar acompanhante e sentimentos do paciente frente à falta de acompanhante, caso não tenha esse suporte. “O acompanhante, além de prestar o cuidado direto ao paciente auxiliando na realização das suas atividades de vida diária é um importante elo entre o paciente e a equipe de saúde sendo fonte de informações sobre seu estado de saúde, resultados de exames, prognóstico, entre outros”, diz um trecho do estudo.

Ao ser submetido à uma internação a pessoa desenvolve alguns sentimentos como o medo do desconhecido, tanto do ambiente como do prognóstico, solidão e angústia pela perda da liberdade, afastamento do seu meio social. É nesse contexto que o visitante entra em ação, sendo uma representação de força e apoio, além de ser uma fonte de segurança.

A pesquisa destaca ainda que as visitas são momentos importantes de distração onde os pacientes esquecem seus problemas, mesmo que de forma temporária, uma vez que esse acompanhante leva com frequência ao hospital, as notícias do que acontece no cotidiano lá fora, reavivando no paciente o seu sentimento de pertença.

Para além dos pontos positivos que a visita pode ocasionar na vida de a recebe e daqueles que a fazem, existem também os fatores ‘negativos’, segundo o estudo. Um deles é que o paciente considera seu horário muito curto, inadequado e incompatível com as atividades de vida diária da maioria dos seus parentes, sendo essa a justificativa para o número reduzido de visitas. Além disso, nos horários de visitas ocorrem procedimentos, refeições e outras atividades corriqueiras, que podem  causar constrangimento tanto nos pacientes que recebem a visita como nos outros pacientes da enfermaria.

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