No dia do idoso, reflexão mostra a vida após a desaposentação

Empresas abrem as portas para os talentos experientes que querem continuar ativos no mercado de trabalho

Postado em: 01-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Empresas abrem as portas para os talentos experientes que querem continuar ativos no mercado de trabalho

Ana Flávia Marinho*

Há tempos a aposentadoria não é sinônimo de sombra e água fresca. Pelo contrário, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 5,2 milhões de aposentados estavam no mercado de trabalho em 2017. O número reflete o envelhecimento da população brasileira, além de outras questões sociais que incentivam essa tendência.

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O Dia do Idoso, comemorado hoje, é um importante momento para refletir sobre o mercado de trabalho e as contratações desses profissionais. Aquele aposentado que continua trabalhando não consegue aumentar a renda devido à desaposentação, que é o recálculo de benefícios para aposentados que continuaram no mercado formal e contribuem com a Previdência Social. Alguns benefícios são específicos para essa situação: além de continuar com os demais direitos trabalhistas, pode sacar o FGTS, por exemplo.

Apesar das dificuldades em conquistar um novo emprego a partir desta idade, os profissionais encontram em alguns varejos portas abertas para contratação, já que o setor costuma aliar primeiro emprego e experiência como ferramentas para excelência nas lojas. 

Uma rede de supermercados de Goiás tem metas ousadas nesse sentido, e os resultados são significativos. Desde setembro de 2017 até setembro de 2018, já foram contratadas 58 pessoas com mais de 50 anos em diversos cargos. A meta até dezembro é que este número chegue a 94. 

Desde 2017, a Cencosud Brasil, quarta maior varejista do país, adotou a qualidade de vida para pessoas acima de 50 anos como seu compromisso social. A companhia incentiva a contratação de profissionais acima desta faixa etária e também realiza ações com foco na qualidade de vida deste público nas comunidades onde está presente.

Talentos Experientes

Com o programa Talentos Experientes, a companhia aproveita o turnover do negócio para contratar profissionais acima de 50 anos para trabalhar nas redes Bretas, GBarbosa, Prezunic, Mercantil Rodrigues e Perini. “Após certa idade, muitos não conseguem recolocação no mercado de trabalho, reduzindo seu poder de compra e qualidade de vida. O varejo é tido como maior empregador privado do país e, por meio deste programa, temos a oportunidade de fazer a diferença”, afirma Fábio Oliveira, gerente de Investimento e Responsabilidade Social da Cencosud Brasil. 

Luzia Araújo, copeira do Bretas, é um desses exemplos. Aposentada por idade desde maio, optou em continuar no mercado de trabalho. “Trabalho aqui há 10 anos e nunca pensei em parar de trabalhar, ainda me sinto firme”. Segundo ela, ficar em casa para cuidar dos netos não faz parte dos planos para os próximos meses. “Quero trabalhar até os meus 70 anos.” 

O mesmo aconteceu com Geraldo Moreira Gomes, fiscal de prevenção de perdas do supermercado Bretas há 11 anos, sendo que aposentou por idade há cinco. “Eu estou acostumado a trabalhar, levantar 5 horas da manhã todo dia”, comenta, revelando que não pensa em ficar parado.

Rotina

Celso Garfinho Soares, atualmente com 66 anos, é conferente do Bretas. Depois de trabalhar em outras redes supermercadistas, ele se aposentou, mas não gostou da rotina pacata dentro de casa. “Sou muito dinâmico, não consegui ficar parado”. Mesmo após a aposentadoria, sempre procurou trabalho. Por seis anos foi vendedor de purificador de água e após um mês desempregado, foi contratado como prevenção de perdas do Bretas aos 63 anos. 

Apesar de ter conquistado uma nova oportunidade já idoso, Celso afirma que existe preconceito em contratar pessoas com mais idade. “Quando envio currículo por e-mail sempre escrevem: muito velho. Mas quando levo pessoalmente e vêm minha aparência jovem e meu dinamismo, não falam que tenho 66 anos”, revela. (Ana Flávia Marinho é especial para O Hoje)  

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