Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Goiás é recorde em transplantes renais

O Estado está entre as cinco unidades federativas que apresentaram um número maior de transplantes renais em 2018

Postado em: 02-10-2018 às 10h30
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás é recorde em transplantes renais
O Estado está entre as cinco unidades federativas que apresentaram um número maior de transplantes renais em 2018

Aos 61 anos, Marlene recebeu o rim do filho Rafael, um jovem de apenas 25 anos. Os dois já estão em casa se recuperando da cirurgia

O Serviço de Transplantes Renais do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) registrou, no primeiro trimestre de 2018, um crescimento de 100% no número de transplantes renais realizados na unidade. O comparativo é em relação ao mesmo período do ano passado. Dos 37 transplantes realizados em todo o Estado de Goiás no primeiro trimestre, 31 foram no HGG.

No último levantamento, até agosto de 2018, a unidade registrou um total de 92 transplantes renais. E neste ano, no dia 19 de julho, realizou o primeiro transplante de fígado do Estado, lançando o Serviço de Transplantes Hepáticos do HGG.

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Goiás está na contramão dos índices gerais do país. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de transplantes renais no primeiro trimestre de 2018, quando comparado ao mesmo período de 2017. Goiás e outros quatro estados (Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará) apresentaram o aumento.

Para coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HGG, Marcelo Rabahi, além dos bons resultados em relação ao número de transplantes realizados, é importante que os processos sejam satisfatórios. “A avaliação dos casos transplantados no ano de 2018 mostra que 92,3% dos pacientes do HGG obtiveram sucesso com o procedimento. “Esses dados trazem a certeza que a decisão de implementação do serviço de transplante renal foi acertada e o trabalho multidisciplinar desenvolvido na instituição deve continuar”, completou.

O importante agora, conforme destacou Rabahi, é promover ações para incentivo à doação de órgãos. “Só vamos conseguir aumentar esses números e diminuir a fila de espera se aumentarmos a quantidade de doadores”, inferiu.

Gastos

A prevalência de doenças renais crônicas vem crescendo na maioria dos países, consequentemente também existe um aumento de internações e consumo de recursos financeiros. O SUS tem um papel importante no atendimento ao paciente com doenças renais, e, atualmente, é o responsável pelo financiamento de 90% dos tratamentos de pacientes que se encontram em terapia renal substitutiva – como a diálise, que inclui a hemodiálise e diálise peritoneal. “O transplante renal representa uma alternativa custo-efetiva para o tratamento das doenças renais crônicas, por isso, devemos investir cada vez mais tanto no incentivo da doação de órgãos quanto no investimento dos serviços de transplante no setor público”, sugeriu.

O serviço de transplante renal do HGG, implantado no ano passado, já realizou 149 transplantes.

A técnica de enfermagem aposentada, Marlene Costa Silveira,  é um exemplo de superação. Ela mostrou aos familiares que vale a pena lutar pela vida. Viúva e com 61 anos, Marlene recebeu o rim do filho Rafael, um jovem de apenas 25 anos. O transplante foi realizado com sucesso pela equipe do HGG no dia 17 de agosto. Ela e o filho já estão em casa se recuperando da cirurgia.

A técnica de enfermagem, que já perdeu um filho em razão de um tumor no cérebro, sofreu com problemas em grande parte da vida adulta. Ao longo dos anos ela passou por vários tratamentos, desde as mudanças de hábitos alimentares até a realização de hemodiálises, mas nunca desistiu de lutar pela vida. “Quando soube que meu problema só teria solução com um transplante, fiquei triste, mas não desisti. Todos os meus irmãos se dispuseram a doar, mas não tivemos compatibilidade e, meu filho ficou o tempo todo me sugerindo ser o doador. Depois de pensarmos muito, resolvi aceitar e, graças a Deus, deu tudo certo e estamos bem. Agradeço muito ao meu filho que um dia eu dei a vida e hoje foi ele quem me devolveu”, relata, emocionada. 

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