Polícia conclui investigações do caso de morte por envenenamento de mãe e filho, em Goiânia

Delegado afirma que a PCGO tem certeza de que a autora do crime é a ex-nora

Postado em: 29-12-2023 às 21h22
Por: Vitória Bronzati
Imagem Ilustrando a Notícia: Polícia conclui investigações do caso de morte por envenenamento de mãe e filho, em Goiânia
Amanda enganou outros cinco ex-namorados com testes falsos de gravidez | Foto: Reprodução/TV Brasil Central

Após 12 dias de investigação, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) concluiu, nesta sexta-feira (29), o inquérito da morte por envenenamento de Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e de sua mãe, Luzia Tereza Alves, de 86 anos, em Goiânia. A indiciada, Amanda Partata, está presa temporariamente desde dia 20 de dezembro na Casa do Albergado, em uma cela para advogados.

Durante a coletiva, o delegado responsável pelo caso, Carlos Alfama, afirmou que a PCGO tem certeza quanto à autora do crime ter sido Amanda. Entre os indícios estão as ameaças de morte feitas aos familiares de seu ex-namorado desde o mês de julho por meio de perfis falsos em diversas redes sociais. Ainda segundo o delegado, o crime foi motivado pelo sentimento de rejeição de Amanda, que teve um relacionamento de apenas um mês e meio com o filho de Leonardo.

Durante as investigações, a Polícia teve acesso à nota fiscal da compra, feita pela internet, de 100 gramas do veneno, um óxido inorgânico. Amanda teria utilizado um serviço de transporte por aplicativo para trazer a encomenda de Itumbiara até o hotel, localizado no Setor Marista, em Goiânia, no sábado (16), um dia antes do crime. A substância teria sido colocada em dois dos quatro bolos no pote encontrados na mesa do café da manhã da família, como aponta a perícia da Polícia Científica. Alfama disse que não é possível precisar quando e onde os bolos foram envenenados, se no hotel ou na casa das vítimas.

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Movimentações

No inquérito, a Polícia Civil relata que Amanda chegou em Goiânia no dia 14 de dezembro e se hospedou em um hotel no Setor Marista. No dia seguinte, sexta-feira (15), a indiciada relatou ao ex-namorado, pelo WhatsApp, que teria passado mal e que estaria com um sangramento. No mesmo dia, Amanda teria alegado ir a uma consulta médica, enquanto, no sábado (16), fez compras em uma loja de roupas de grife no valor de R$ 3 mil e recebeu uma encomenda no hotel.

Na manhã do crime, Amanda foi a um mercado e comprou diversos alimentos, incluindo pães de queijo, suco, bolos no pote e uma orquídea. Depois de visitar as vítimas, a indiciada retornou ao hotel, pegou a mala e partiu para Itumbiara usando um aplicativo de caronas.

Por volta das 22h45, ao saber do agravamento da saúde de Leonardo e Luzia, Amanda voltou para Goiânia alegando a necessidade de uma consulta médica devido à ingestão dos mesmos alimentos que as vítimas. No dia seguinte, a advogada retorna ao local do crime, no momento em que a perícia era feita. Em seguida, foi conduzida à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) para prestar o primeiro interrogatório, informou o delegado Carlos Alfama.

Ameaças

A Polícia revelou que o filho da vítima, anteriormente envolvido com Amanda, enfrentava ameaças e perseguições vindas de perfis falsos nas redes sociais e ligações de diversos números. Essas ameaças, direcionadas ao filho e à sua família, foram documentadas desde julho de 2023. Um dos prints exibiu mensagens ameaçadoras, como “depois não adianta chorar em cima do sangue deles” e ameaças específicas sobre a namorada e o filho.

O relatório destacou que Amanda Partata Mortaza criou os perfis falsos no Instagram e utilizou um número de telefone registrado em nome de um parente da suspeita. Contudo, o número e o e-mail associados eram de Amanda. O documento ressalta que a investigada, em um momento específico, falsamente afirmou à vítima que também estava sendo alvo de perseguição e ameaças, alegação que foi considerada falsa pela polícia.

Após ser levada para o primeiro interrogatório, Amanda teria demonstrado nervosismo e, ao ser questionada sobre seu trajeto no dia do crime, o delegado solicitou o histórico do aplicativo Uber, mas Amanda teria bloqueou o celular e dito que só falaria na presença de um advogado, despertando suspeitas na Polícia Civil.

Falsa gravidez

Dias antes das mortes, Amanda encaminhou para o ex-namorado e publicou em suas redes sociais um exame de ultrassom com idade gestacional de 23 semanas. No entanto, ao ser internada após o crime, o exame de Beta HCG deu ‘zerado’, o que indica que a advogada não estava grávida.

Ainda foram encontrados, durante buscas realizadas na quinta-feira (28) em sua residência em Itumbiara, dois testes com resultado negativo. Um referente ao mês de agosto e outro ao mês de dezembro deste ano, informou a polícia. Após a repercussão do caso em nível nacional, outras pessoas se apresentaram à Delegacia de Homicídios afirmando que foram vítimas de golpes praticados por Amanda, que, “supostamente, forjava testes positivos de gravidez para constrangê-los de alguma forma”.

A indiciada é suspeita de cometer outros crimes em diferentes Estados. Amanda teria se envolvido em notícia de crime sexual contra menores. No Rio de Janeiro, Amanda possui registro por estelionato, fraude e falsidade ideológica.

Na quinta-feira (28), Amanda foi submetida a um novo interrogatório pela Delegacia de Homicídios. Ao ser questionada se teria algo a alegar em sua defesa, informou que iria permanecer em silêncio.

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