Rio Piracanjuba sofre com extração de areia
Um laudo de 2001 expôs que o Rio Piracanjuba precisaria de, pelo menos, 10 anos para se recuperar totalmente
Por: Sheyla Sousa
![Imagem Ilustrando a Notícia: Rio Piracanjuba sofre com extração de areia](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/f12416ced804ced439d8807d7bee837e.jpg)
Felipe André*
A situação precária do Rio Piracanjuba não é novidade. A exploração revelada na tarde desta quinta-feira (4), na região entre Silvânia e Vianópolis, colocou em xeque a situação atual do manancial. Um laudo de 2001 expôs que o Rio Piracanjuba precisaria de ao menos 10 anos para se recuperar totalmente. Apesar de não haver novas pesquisas sobre o contexto atual, fontes da prefeitura de Silvânia revelaram à reportagem do O Hoje que a condição está pior.
Em operação realizada ontem pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) 13 pessoas foram indiciadas por extrair recurso mineral (areia) sem licença ou extração de recurso mineral em desacordo com a autorização. O intuito, assim como em outros casos, seria de comercializar a areia para empresas em Brasília. Dragas retiravam o mineral que era colocado em caminhões para a venda.
“Se for investigar o Rio Piracanjuba de ponta a ponta a destruição pode chegar a 10 vezes mais do que os 40 km constatados onde havia retirada ilegal de areia. É um número muito grande, o meio ambiente está na UTI”, disse o delegado, Luziano de Carvalho.
A retirada de areia é uma atividade que altera intensamente a área minerada, gerando transformações no meio físico e no meio biótico, com redução da biodiversidade. A pena por extrair areia sem a permissão da licença é de até um ano de detenção. Entretanto, a punição pode ser aumentada se causar poluição, se ocorrer desmatamento, além de multas que podem chegar a R$ 300 mil.
O delegado ressaltou que assim como o Rio Piracanjuba, o Rio Meia-Ponte e o Rio Uru são as prioridades, devido o alto número de crimes contra o meio ambiente nesses locais.
Luziano revelou que apesar de não acontecer muitos casos com grande proporção, como desta vez, diversos “casos pequenos” são frequentes em todo o Estado de Goiás. Cidades como Varjão, Campestre, Silvânia, Rio dos Bois, Americano do Brasil, Professor Jamil, Luziânia, Cristalina, Padre Bernardo e Planaltina, sofrem com a extração irregular de areia.
2001
Uma fonte que não quis ter seu nome revelado, disse que o Ministério Público de Goiás solicitou em 2001 um laudo para saber da situação do Rio Piracanjuba. Apesar das investigações relatarem que seria necessário ao menos 10 anos para a recuperação total do rio, a promotora Lilian Conceição de Araujo Teles, decretou proibida a extração de areia do rio por três anos.
Foi feito um Termo de Ajustamento de Condutas (TAC) entre a prefeitura de Silvânia, na gestão de Gilda Naves, e o Ministério Público. A fonte também revelou que imagens de drone recentes do Rio Piracanjuba, comparadas com a de dois anos atrás, mostrou uma piora significativa.
Campanha
Uma página no facebook, “SOS Piracanjuba”, é um movimento criado no dia 28 de agosto de 2017, que reúne produtores rurais, profissionais de diversas áreas, estudiosos e cidadãos que participam ativamente nas publicações. Com o intuito de conscientizar a população para a preservação do rio, a página conta até o momento com mais de 1.500 curtidas.
Além do facebook, um site, “Bacia do Piracanjuba”, foi criado com diversas informações a respeito do rio. Uma das opções disponíveis é de denunciar crimes.
A denúncia anônima é um dos principais meios de ajuda da população. “A denúncia anônima ajuda a identificar os crimes, sempre que possível, enviar uma foto ajudaria a localizar a região correta”, explicou o delegado Luziano de Carvalho, que aproveitou para fazer este “pedido” para a população. (Felipe André, especial para O Hoje)