Denúncias são 100 vezes mais nestas eleições

Mesários foram denunciados por influenciar votos e outras irregularidades em colégios eleitorais de Goiás

Postado em: 08-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mesários foram denunciados por influenciar votos e outras irregularidades em colégios eleitorais de Goiás

Com broche anti-candidato, mesária comete infração e é conduzida pela polícia à delegacia

RHUDY CRYSTHIAN 

A justiça eleitoral recebeu 100 vezes mais denúncias de possíveis irregularidades eleitorais neste domingo (7) do que na eleição anterior. As denúncias são feitas pelo número do tele-eleitoral, que atende pelo 148 ou pelo (62) 3920-4010, conforme divulgado no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO). Em Itumbiara, sul goiano, um mesário que não teve a identidade revelada, foi preso em flagrante na tarde de ontem suspeito de escolher, forçadamente, três dos seis candidatos para uma eleitora, de 73 anos.

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Segundo a Polícia Civil, o homem, que também era presidente da seção, ao ajudar a idosa, segurou os dedos dela e forçou-a a votar em candidatos que ele queria. O caso ocorreu em uma sala de votação da Escola Senai, no Setor Paranaíba. De acordo com o delegado Vinícius Penna, responsável pela ocorrência, após o episódio, a idosa procurou a delegacia para fazer a denúncia.

“Ela relatou que o homem entrou na cabine eleitoral alegando que ia ajudá-la a votar mesmo sem ela ter pedido. A idosa disse que ele a forçou a votar nos três primeiros candidatos que ele queria. Ela brigou com ele, e depois escolheu, por conta própria, os outros três candidatos”, disse o delegado.

Penna afirmou que, após a denúncia, policiais foram até o local e prenderam o mesário em flagrante. Ele foi encaminhado à delegacia e prestou depoimento, negando o crime. O homem, que negou as acusações, pagou fiança e foi liberado. 

Conforme a polícia, o homem pagou fiança de três salários mínimos – R$ 2.862 – e foi liberado para responder em liberdade ao crime previsto no artigo 309 do Código Eleitoral, relativo a “votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem”. “Ele afirmou que ajudou a mulher, mas negou que votou por ela e disse que apenas seguiu orientações do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”, explica. 

Goiânia

Em Goiânia uma mesária foi detida por ter usado um broche contra um candidato enquanto trabalhava numa sessão eleitoral do Colégio Sesi, Setor Jardim Planalto. Segundo a Polícia Militar, ela foi denunciada por outros eleitores que estavam no local. A mulher, que também não foi identificada, trabalhava na sessão 425 da 127ª Zona Eleitoral. O nome do candidato não foi divulgado.

Segundo o coronel Anésio Barbosa da Cruz, é permitido a qualquer eleitor manifestar-se silenciosamente em favor de seu candidato, inclusive, usando adereços do mesmo. Porém, essa situação é vetada a quem trabalha nas eleições. “Ela estava representando a Justiça Eleitoral, que, neste caso, precisa ser imparcial, não pode se pronunciar”, disse Cruz.

A mesária foi encaminhada ao 1º Distrito Policial de Goiânia. Segundo o delegado Isaías Pinheiro, o juiz eleitoral que está de plantão para analisar os casos de detenção nas eleições entendeu que o ato não era um crime, mas sim uma infração administrativa. “Nesse caso, foi registrado um RAI [Registro de Atendimento Integrado] extrapolicial como fato atípico. Ela deve passar por audiência e ser liberada em seguida”, explica.

Segundo o Manual do Mesário, documento criado pela Justiça Eleitoral, aos mesários é proibido o “uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido, de coligação ou de candidatos”, assim como “qualquer inscrição que caracterize pedido de voto”. 

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