Com delegacia especializada, desaparecimento é desafio para polícia goiana

Entre janeiro a junho de 2023, foram registrados 1.662 casos no estado

Postado em: 09-01-2024 às 09h00
Por: Rauena Zerra
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Endereço do Grupo de Investigações de Desaparecidos que conta com policiais à disposição de casos da capital | Foto: Rauena Zerra/O Hoje

De acordo com um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2019 e 2021, mais de 200 mil indivíduos desapareceram no Brasil, dos quais 112 mil foram encontrados nesse período. Em média, 183 pessoas desaparecidas a cada dia no país. 

A faixa etária mais afetada é a dos adolescentes de 12 a 17 anos, representando 29,3% dos casos. Jovens de 25 a 29 anos correspondem a 10%, enquanto pessoas com mais de 60 anos totalizam 6,6%. As crianças representam 3,1% dos desaparecimentos.

No estado de Goiás, esses números também são elevados. De acordo com informações do Observatório de Segurança Pública de Goiás, houve, entre janeiro e dezembro do ano de 2022, o registro de 3.330 ocorrências relacionadas a pessoas desaparecidas. Já no ano de 2023, apenas no intervalo de janeiro a junho, foram registrados 1.662 casos.

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A cada desaparecimento, existem rostos ocultos, uma família à procura de informações, amigos que sentem saudades. O caso mais recente em Goiás relata o desaparecimento do menino Pedro Lucas Santos, de 9 anos, que está ausente desde o dia 1º de novembro. Ele se tornou a criança desaparecida por mais tempo na região de Rio Verde, no sudoeste do estado de Goiás. 

A delegada Ana Paula Machado, titular do Grupo de Investigação de Desaparecidos, mencionou alguns fatores responsáveis por essas estatísticas. Segundo ela, é importante destacar que, dentro do contexto de desaparecimentos, é necessário analisar os casos levando em conta que existem diferentes classificações. 

Essas classificações incluem: desaparecimento voluntário, quando a própria vítima decide se ausentar do convívio familiar sem aviso prévio; desaparecimentos de vítimas com algum tipo de transtorno mental; vítimas que sofreram acidentes e desapareceram como resultado; e os casos de desaparecimentos criminosos, que envolvem a morte com ocultação do cadáver, sequestros, subtração de menores, tráfico de pessoas e drogas, além de desaparecimentos políticos em países em guerra, entre outros casos.

Segundo a delegada, a maioria dos casos de pessoas desaparecidas em Goiás são classificados como desaparecimentos criminosos, nos quais ocorre o envolvimento de assassinato com ocultação do corpo.

Um exemplo disso ocorreu quando o padeiro Reginaldo Nunes de Moura, de 43 anos, admitiu ter tirado a vida de sua esposa, a esteticista Juscélia de Jesus da Silva, de 32 anos, em Goiás. Segundo as autoridades da Polícia Civil, o indivíduo se apropriou do celular da vítima para enviar mensagens, fazendo-se passar por ela, enquanto ela estava desaparecida.

A delegada conclui ressaltando a relevância de uma maior integração dos bancos de dados nacionais para ter acesso às informações entre as diferentes instituições. 

Assim sendo, a polícia civil trabalha primordialmente nesse caso com dados/informações. Consequentemente, frequentemente precisamos consultar diversos bancos de dados de outras instituições, sejam públicas ou privadas, e por vezes enfrentamos dificuldades para acessar essas informações, afirma. 

Portanto, é necessário de fato um banco de dados unificado e uma maior integração entre os diversos órgãos do setor público. Isso ocorre, por exemplo, com empresas que não fazem parte da rede pública, mas prestam serviços às comunidades, como as companhias aéreas e de transporte rodoviário. “Dessa forma, poderíamos verificar se a vítima deixou o país ou se ela embarcou em algum meio de transporte rodoviário.”, finaliza. 

Contudo, é possível evitar certas situações, recomenda-se que, ao desaparecimento de alguém, a família comunique imediatamente às autoridades policiais, sem que seja preciso esperar um período de 24 horas, seja presencialmente em uma delegacia ou por meio de uma denúncia online. Além disso, é importante tomar algumas medidas pertinentes.

No caso de idosos ou pessoas com alguma dificuldade cognitiva, é importante evitar deixá-los sozinhos, principalmente quando apresentam  perda de memória ou algum distúrbio mental. Sugere-se que, junto aos documentos pessoais , seja registrado o contato de algum parente, e a utilização de um cartão de identificação, caso seja necessário buscar auxílio. 

A orientação para crianças é similar, não deixá-las desacompanhadas, indicando também a importância de obter o documento de identidade logo após o nascimento, a fim de evitar o sequestro de menores.

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