Saúde íntima requer mais cuidados no verão

Médica Ginecologista comenta sobre os perigos das altas temperaturas para a saúde ginecológica da mulher

Postado em: 09-01-2024 às 12h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O surgimento de doenças é comum com a chegada do verão, uma vez que muitos fungos e bactérias gostam de lugares quentes e úmidos, segundo especialistas | Foto: Leandro Braz/O Hoje

Período marcado pela elevação da temperatura em todo o Brasil, o verão no Hemisfério Sul começou no dia 22 de dezembro de 2023 e segue até o dia 20 de março de 2024. Nesta época do ano muitas pessoas vão à praia, lagos e piscinas para se refrescar. No caso das mulheres, a estação do ano não se restringe aos momentos de lazer e diversão, pois é preciso redobrar os cuidados com a saúde genital neste período. 

Isso porque o calor leva a uma maior transpiração da região íntima, deixando-a mais úmida e favorecendo a proliferação de fungos e bactérias, segundo a médica ginecologista e sexóloga Joice Lima. “Além disso, por conta dessa transpiração excessiva, o odor natural dessa região pode ficar mais intenso, o que incomoda muitas mulheres”, explica.

O surgimento de doenças também é comum com a chegada do verão, uma vez que muitos fungos e bactérias gostam de lugares quentes e úmidos, segundo a especialista. A vulva – formada pelos lábios maiores, lábios menores, clitóris, introito vaginal e glândulas de Bartholin, que ajudam a lubrificar a vagina durante o sexo -, é uma região que quase sempre está muito abafada e recebe pouca ventilação, com isso, a candidíase –  causada pela Cândida, que é um fungo – é uma das micoses mais frequentes nesta região.

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Além disso, o calor pode causar um corrimento esbranquiçado, com aspecto de “nata de leite” e ocasiona ainda coceira, ardência, vermelhidão e irritação vulvar. “Pode ocorrer com mais frequência no verão, quando o clima esquenta e é comum as mulheres permanecerem com biquíni molhado na piscina ou praia”, pontua. Outras doenças como a vaginose bacteriana – infecção que ocorre quando há um desequilíbrio da microbiota vaginal provocada por uma bactéria anaeróbica facultativa chamada de Gardnerella – também são mais comuns nos períodos quentes.

A médica ressalta, portanto, que a lavagem excessiva pode retirar a proteção natural da vagina, por isso deve ser evitada. “Não se deve lavar lá dentro da vagina já que ela é autolimpante e isso acaba por retirar a proteção natural da mesma e consequentemente desenvolver muita vaginose”, reitera. O odor característico dessa infecção é um cheiro de peixe podre ou ovo choco.

Os lenços umedecidos também podem ser usados na hora de fazer a higiene. No entanto, quanto menos fragrância melhor, pois podem causar irritação em algumas mulheres. Evitar o uso do papel higiênico sempre que possível. E preferir aqueles que são mais macios e não tem cor.  Lembrar ainda que a limpeza deve ser feita da frente pra trás, ou seja, da vagina para o ânus e nunca ao contrário. 

A roupa íntima também influencia na saúde genital, segundo a ginecologista. Desse modo, o ideal é usar calcinhas totalmente de algodão e não apenas com o forro de algodão. “Tecidos naturais deixam a região respirar, o que não acontece com os tecidos sintéticos” detalha. Além disso, todas as mulheres deveriam ter o hábito de dormir sem calcinha, deixando essa região íntima ventilada, é o que afirma a especialista. “Isso permite a manutenção do PH da região íntima, fortalecendo a flora vaginal natural, que funciona como um verdadeiro exército protetor da região íntima, evitando corrimentos”. 

Protetor Diário

Joice salienta que o uso do protetor diário é um “péssimo hábito”. O produto causa um maior esquentamento na região e aumenta o risco de alergias e corrimentos. “Para as mulheres que não conseguem ficar sem o protetor diário, o ideal seria trocar o protetor descartável pelo de tecido reutilizável, que hoje é fabricado por diversas marcas e ONGs, e pode ser adquirido em farmácias e na internet”, orienta. 

Dermocosméticos íntimos

A indústria do bem-estar íntimo é uma das que mais têm crescido no Brasil e no mundo. A busca por produtos que auxiliem nos cuidados com a região íntima é um assunto que tem gerado bastante interesse. Joice lembra que há alguns anos quase não existiam produtos para essa região do corpo. “Precisávamos adaptar alguns produtos usados por exemplo na face ou no restante do corpo, mas a região íntima tem as suas particularidades e precisa sim de produtos que sejam pensados especificamente para essa área”, comenta.

Para as mulheres que passam o dia inteiro no trabalho e se incomodam com o odor natural da vagina, mas que pode estar um pouco mais forte no final do dia, as espumas higiênicas têm surgido como uma excelente opção. Alguns talcos líquidos também podem diminuir a transpiração, sobretudo na região da virilha.  Em relação aos desodorantes íntimos que têm sido destaque na mídia, é preciso ter cuidado com os componentes deste produto para que não cause irritações ou altere o PH, propiciando o aparecimento de infecções. O mesmo vale para os sabonetes íntimos.

A orientação geral da ginecologista é que, ao comprar qualquer produto, é importante sempre observar a fórmula, que precisa ser livre de parabenos. Joice pontua ainda que a vagina e a vulva têm um cheiro natural, que lembra um cheiro de queijo ou iogurte e “não há nada de errado com isso”.

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