Leste-Oeste vai desapropriar 321 imóveis na Região Metropolitana

Licitação está prevista para novembro, mas prefeitura afirma que ainda precisa desapropriar 321 imóveis para realizar essa parte da obra

Postado em: 10-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Licitação está prevista para novembro, mas prefeitura afirma que ainda precisa desapropriar 321 imóveis para realizar essa parte da obra

Apenas 30% dos imóveis que devem ser desapropriados ao longo da Leste-Oeste foi concluído, a previsão para o início da obra é para janeiro do próximo ano (Wesley Costa)

Rafael Melo 

O executivo municipal lançou o edital que regulamentará os serviços de contratação da empresa responsável por mais um trecho das obras da Avenida Leste-Oeste, que ligará a Capital a Senador Canedo. A obra foi orçada em quase R$ 70 milhões, valor que será dividido entre município e Estado. No entanto, o município alega que ainda precisa desapropriar 321 imóveis, dos quais somente 30% já tiveram o processo concluído.

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Em Goiânia, o trecho total da Leste-Oeste terá 29,9 km. Destes, 13,4 km já estão prontos. Além desta etapa, ainda há outro pedaço que precisará ser feito, que ligará a Capital até Trindade. O referido trecho que contempla o edital lançado no último dia 1º se trata do trecho que terá cerca de 8 km de extensão. O lançamento foi feito pelo prefeito Iris Rezende em sessão solene que contou com a participação do presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese), Carlos Alberto Moura, do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Andrey Azeredo, do superintendente executivo de infraestrutura da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), Antônio de Cássia Neto, vereadores e secretários municipais.

0Ganhará a concorrência pública a empresa que apresentar a proposta mais vantajosa para a execução das obras de continuação da Avenida Leste-Oeste, no trecho leste da via, que vai ligar a Rua 74, no Centro de Goiânia, à GO-403, em Senador Canedo.  A sessão pública para abertura das propostas deve ocorrer no início de novembro.

Pelo projeto estrutural da obra, que foi doado pelo Codese ao Município de Goiânia, o trajeto da Leste-Oeste em seu sentido leste terá 8,1 km de extensão e servirá de eixo de transporte entre Goiânia e Senador Canedo. De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Dolzonan Matos, a obra é de suma importância para o município e vai contribuir para desafogar o trânsito em uma das regiões mais movimentadas de Goiânia. “Como é um período de chuvas (em janeiro), as empresas vão preparando os serviços preliminares, como instalação de canteiros, ligações provisória, para no final de março começar efetivamente a obra”, disse o titular da pasta. A previsão é de que o trabalho dure dois anos.

O custo total da obra deve chegar a R$ 70 milhões e será, por convênio firmado entre Prefeitura de Goiânia e Estado de Goiás, dividido à razão de 50% para cada um dos entes federativos. De acordo com o cronograma estabelecido no edital, as obras devem ser concluídas em até 24 meses depois de assinada a ordem de serviço.

Praça do trabalhador

Em novembro do ano passado, quando a Prefeitura de Goiânia anunciou a etapa de expansão a partir da finalização do projeto, também já estava previsto a revitalização da Praça do Trabalhador. A praça sedia a antiga Estação Ferroviária de Goiânia, um dos maiores exemplares de Art déco da Capital. Apesar disso, o local ainda se encontra depredado e abandonado pelo poder público e já foi alvo de diversas reclamações no que diz respeito a estrutura e segurança.

Algumas partes do espaço são usadas como estacionamento e muitas pessoas precisam atravessar a praça para se descolar pela cidade. A atendente de lanchonete Sara Regina, de 30 anos, conta que evita andar sozinha por medo de assaltos. 

Aos 72 anos, o vendedor de picolé Jorge Satele passa todos os dias pelo local e reclama da falta de estrutura para os visitantes, pois não há brinquedos, os bancos são poucos e falta iluminação. “Isso aqui é uma bagunça, não tem nada, só lixo, umas árvores que restaram e a antiga estação, mas lá também está abandonado”, disse o vendedor de picolé. 

Satele também aponta que é preciso de mais segurança. Segundo o idoso, os assaltos são constantes e há vários pontos de venda de droga, que funcionam dia e noite. “Adolescentes vendem drogas de dia e noite. Também tem muitos batedores de carteira. Eles saem contando o dinheiro na frente das vítimas. Fico horrizado”, lamenta.

Patrimônio Histórico

A Avenida Leste Oeste começou a ser projetada ainda nos anos 1970, com uma alternativa de transporte e mobilidade naquela época. Porém começou a ser construída no governo de Nion Albernaz em 1997, com a pavimentação do trecho entre a Câmara Municipal de Vereadores, no setor Norte Ferroviário e a Avenida Bernardo Sayão, no setor Fama. Foi aproveitado o leito da antiga Estrada de Ferro Goyaz.

Com o passar dos anos a via avançou apenas no sentido Oeste, mas no sentido Leste, pouca coisa se fez. Na região central há grandes obstáculos. Primeiro a Câmara Municipal que invadiu área da União que fazia parte do antigo complexo ferroviário. Segundo a Praça do Trabalhador que abriga a antiga Estação Ferroviária de Goiânia. O local é tombado como Patrimônio Histórico pelo Estado de Goiás e pelo Município de Goiânia, e por isso não é possível fazer intervenções que descaracterizem a Praça sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (IPHAN), mas há princípio não há problemas em promover algumas alterações na Praça do Trabalhador. 

Município acredita na proposta de mobilidade urbana 

Durante o lançamento do edital de licitação, o prefeito Iris Rezende destacou a importância das parcerias público privadas, em especial o apoio do Codese, que, segundo ele, tem sido um importante parceiro na concepção de projetos que visam conduzir Goiânia ao futuro. O prefeito lembrou, ainda, que a execução da obra de continuidade da Leste-Oeste é um sonho antigo, concebido quando assumiu a prefeitura no seu primeiro mandato, em 1965.

De acordo com Iris Rezende, a cidade tendia a crescer apenas para o Sul e para o Oeste, uma vez que ao norte esbarrava-se no Rio Meia Ponte e a leste as obras da BR-153 dificultavam a expansão da cidade. “Hoje, no entanto, Goiânia cresce em todos os sentidos. A construção desse lado da Leste-Oeste é a realização de um sonho antigo, um desejo de levar a essa parte da cidade o desenvolvimento que a Capital como um todo está a merecer”, destaca.

Sobre as parcerias firmadas para a realização do projeto, o prefeito Iris Rezende lembrou que durante toda sua vida pública buscou associação de forças para a realização de obras e projetos de interesses da população. “Essa obra da Leste-Oeste é um projeto que exige muitos recursos e participação de todas as forças das três esferas de governo, além da iniciativa privada, como foi o caso do Codese, que nos doou o projeto dessa obra. Prefeitura e Estado deram as mãos e firmaram convênio no sentido de viabilizar essa obra que vai beneficiar Goiânia e região metropolitana. Caso for preciso, buscarei também recursos federais”, disse Iris Rezende, ressaltando a importância desse projeto para Goiânia e reafirmando que, até o término do seu mandato, continuará envidando todos os esforços para preparar um futuro seguro e tranquilo para a população da Capital.

Recursos da obra

No último mês de junho, foi votado na Assembléia Legislativa o projeto de autoria da Governadoria do Estado que autorizava a alienação de um imóvel público estadual com fins à obtenção de recursos a serem repassados ao município de Goiânia e destinados às obras de expansão da Avenida Leste-Oeste.

Na época, o Governador José Eliton (PSDB) confirmou o repasse de R$ 35 milhões à administração municipal da Capital. O montante, oriundo de recursos extraídos do Programa Goiás na Frente, destina-se ao custeio de metade do valor da obra de ampliação da referida avenida, orçada em R$ 70 milhões. O repasse para a execução da obra, que interliga Goiânia a Senador Canedo, cumpria a promessa firmada pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), em agosto passado.

No ofício encaminhado pelo atual governador, José Eliton, à Assembleia Legislativa (Alego), o terreno a ser alienado compõem área de cerca de 1,5 hectares, localizada no Setor Norte Ferroviário, nesta capital. Ele foi avaliado, juntamente com suas respectivas benfeitorias, em R$ 42.424.783,43, conforme laudo emitido pela Gerência de Vistoria e Avaliação de Imóveis da Superintendência de Patrimônio do Estado. O órgão integra a Secretaria de Gestão e Planejamento Estadual.  

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