Hipertensão e problemas cardiovasculares em crianças geram alerta

No Brasil, a incidência de hipertensão na população pediátrica é estimada entre 3% e 15%, conforme dados do Ministério da Saúde

Postado em: 15-01-2024 às 09h35
Por: Alexandre Paes
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No Brasil, a incidência de hipertensão na população pediátrica é estimada entre 3% e 15%, conforme dados do Ministério da Saúde | Foto: Divulgação/ Agência Brasil

A hipertensão arterial, historicamente vinculada aos adultos, emerge como uma crescente preocupação na saúde infantil. Os altos índices de casos de hipertensão em crianças estão diretamente relacionados a hábitos de vida sedentários, dieta inadequada e fatores genéticos. No cenário brasileiro, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), estima-se que a prevalência de hipertensão na população pediátrica varia de 3% a 15%.

Segundo o cardiologista hemodinamicista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Thomas Osterne, a hipertensão arterial em crianças é caracterizada pela persistente elevação da pressão arterial acima dos valores normais para idade e altura. Os fatores de risco incluem: obesidade infantil, histórico familiar de hipertensão, inatividade física e uma dieta rica em sódio. 

Identificar a hipertensão em crianças pode ser desafiador, uma vez que frequentemente a doença não apresenta sintomas evidentes. A medição regular da pressão arterial durante as consultas pediátricas é crucial para o diagnóstico precoce. Outra consideração importante, de acordo com o cardiologista, são os riscos cardiovasculares associados ao problema. 

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Atualmente, conforme dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), aproximadamente 14 milhões de pessoas no Brasil, entre crianças e adultos, enfrentam algum tipo de enfermidade cardiovascular. “Crianças com hipertensão têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas na idade adulta. A pressão arterial elevada impõe uma carga adicional ao coração, elevando o risco de hipertrofia ventricular esquerda e outras complicações cardíacas”, destaca Thomas Osterne.

A hipertensão infantil está correlacionada ao desenvolvimento precoce de aterosclerose, um acúmulo de placas nas artérias que pode resultar em doenças cardiovasculares graves na vida adulta. Adicionalmente, a pressão arterial elevada aumenta o risco de AVC em adultos, e esse mesmo princípio se aplica às crianças. O AVC pediátrico, embora raro, constitui uma consequência grave da hipertensão. 

As consequências da hipertensão infantil não podem ser subestimadas. A longo prazo, ela pode levar a problemas cardiovasculares graves, incluindo doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e outras complicações relacionadas ao sistema cardiovascular. Thomas explica ainda que a hipertensão pode afetar os rins, contribuindo para o desenvolvimento de insuficiência renal. Em crianças, isso pode resultar em complicações a longo prazo, como a necessidade de diálise ou transplante renal.

No âmbito da prevenção e intervenção, o médico destaca a importância de promover hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física desde a infância, como medidas cruciais na prevenção da hipertensão. Além disso, ressalta a necessidade de exames regulares para medir a pressão arterial durante as consultas pediátricas, visando identificar precocemente a hipertensão. 

Conscientizar pais e cuidadores sobre os riscos associados à hipertensão em crianças é fundamental, incluindo orientações sobre escolhas alimentares saudáveis e a importância da atividade física. Nos casos diagnosticados, torna-se crucial a implementação de medidas médicas, como modificações na dieta, perda de peso e, em alguns casos, medicação prescrita por um profissional de saúde.

Como é possível prevenir as doenças cardiovasculares? 

  1. Praticar atividade física regularmente: “A atividade física regular é importante para prevenir problemas cardiovasculares, pois ajuda a melhorar a circulação e a manter o coração saudável”, explica.
  2. Procurar por uma dieta saudável: “A alimentação saudável inclui muitas frutas, verduras, grãos integrais e outros alimentos ricos em nutrientes. O ideal é evitar comer alimentos processados, ricos em gordura, sal e açúcar”, pontua. 
  3. Manter o peso saudável: Segundo o Dr. Thomas, alguns estudos mostram que o excesso de peso aumenta o risco de doenças cardíacas. Por isso, é importante manter um peso saudável para reduzir o risco. 
  4. Evitar o consumo de álcool: “O consumo excessivo de álcool pode causar problemas cardiovasculares graves, limitar o consumo de álcool ou evitá-lo completamente é fundamental na prevenção”, recomenda o especialista. 
  5. Manter o estresse sob controle: o médico explica que o estresse crônico pode aumentar o risco de doenças cardíacas, sendo necessário encontrar maneiras de gerenciar o estresse, como exercícios regulares, meditação e outras atividades relaxantes.

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