Como é a vida da jovem ‘proibida’ de comer amendoim

Aos três anos de idade, Stephanie Avelino de Sousa, 26 anos, sentiu os primeiros sintomas de alergia ao comer um chocolate que tinha amendoim na sua composição

Postado em: 27-01-2024 às 12h30
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Como é a vida da jovem ‘proibida’ de comer amendoim
A alergista e imunologista, Lorena de Castro Diniz orienta que a pessoa procure um especialista ao sentir qualquer reação alérgica | Foto: Arquivo Pessoal/Montagem

Aos três anos, Stephanie Avelino de Sousa, 26 anos, sentiu os primeiros sintomas de alergia ao comer um chocolate que tinha amendoim na sua composição. “Minha pele coçava bastante e ficava vermelha”, conta a gerente financeira, sobre os sintomas que sentiu naquele dia.

Ao ser levada pela mãe ao hospital, a menina precisou tomar anti-alérgico. A recomendação médica foi para que a criança passasse por exames que identificassem outros tipos de alergias. Stephanie não seguiu as instruções do especialista, mas ao longo da vida e à medida em que ia experimentando novos alimentos ou substâncias, novas reações iam surgindo. Toda vez que isso acontecia, ela precisava ir a uma unidade de saúde para tomar o antialérgico.

Atualmente ela sabe que é alérgica a alguns tipos de medicamentos como a dipirona, por exemplo; não pode fazer exames com contrastes, que são testes radiológicos que utilizam meios de contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas. Além disso, houve período na infância onde precisou fazer uma dieta sem corantes e conservantes, devido às reações.

Continua após a publicidade

A alergista e imunologista, Lorena de Castro Diniz orienta que, quando um bebê apresenta um sinal ou sintoma que possa caracterizar uma reação alérgica, a família deve procurar o pediatra ou um alergista imunologista para evidenciar o diagnóstico de alergia. Segundo a especialista, os sinais e sintomas da alergia, são genéricos, podendo ser confundidos com doenças não alérgicas infecciosas, como um “chiado no peito, um espirro, uma congestão nasal, ou mesmo uma urticária”. Nesse sentido, para que haja um diagnóstico preciso, é necessário procurar um especialista que identifique a problemática a partir de exames.

As alergias são uma reação exagerada do sistema imunológico frente a alguns alérgenos, que são substâncias de origem natural que podem induzir uma reação de hipersensibilidade em pessoas mais suscetíveis e causam o desenvolvimento de inflamações no órgão sensível. Essas reações variam de pessoa para pessoa. A explicação é da alergista e imunologista, Lorena de Castro Diniz. Esse é o caso dos pacientes que têm doenças respiratórias alérgicas como rinite e asmas, que têm alergias a sensibilidade, alergias a poeira, o ácaro e epitélio de animais.

Nesses casos, segundo a alergista, a higiene ambiental é essencial para o controle dos sintomas e da doença, como manter a casa limpa e arejada, evitar cortina, tapetes, bichos de pelúcia, precisa dar banhos nos animais semanalmente, trocar roupa de cama pelo menos duas vezes por semana.

Para aqueles que são alérgicos à alimentação, a orientação é que devem evitar o consumo que contenham esses alérgenos. “Se for alérgico ao medicamento, deve também evitar o uso desses medicamentos que contém aquela substância”, acrescenta.

No caso da Stephanie, ela precisou parar de comer e ingerir os alimentos e medicamentos que lhe causam reações alérgicas. “Não como de jeito nenhum alimentos que sejam derivados de amendoim, como a paçoca por exemplo. E não tomo dipirona também, nem em gotas nem em comprimidos”, conta.

Apesar de se abster dos alimentos e substâncias, a gerente conta que ao longo da vida a intensidade das reações diminuíram. “Depois que fiquei mais velha as reações diminuíram bastante, já tem 1 ano que não acontece”, diz, ao reafirmar que mesmo assim, não come nada que cause alergia.

Diniz, afirma que qualquer alimento pode desencadear uma reação alérgica. “A alergia alimentar ela é mais prevalente na infância, ali nas primeiras introduções alimentares, mas ela pode acontecer em qualquer época da vida para qualquer alimento”, explica. A especialista acrescenta que há uma desregulação do sistema imunológico no qual o corpo humano por um fator genético, pode não reconhecer aquela proteína como boa e a partir disso, ocorrer uma reação exagerada.

Por essa razão, o paciente que é sabidamente alérgico a algum desses componentes, ou um medicamento, bem como ou uma picada de inseto, um alimento, deve carregar consigo um plano de emergência, segundo orienta a especialista, para que essa reação seja imediatamente tratada e não haja risco de morte.

Tipos de reações alérgicas

Cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia, dos quais 20% são crianças, segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

De acordo com o Ministério da Saúde, as alergias alimentares são os principais tipos de alergia e geralmente se manifestam com inchaço ou coceira nos lábios, diarreia, vômitos, rouquidão e na pele, que tende a ficar mais sensível, áspera e irritadiça.

No caso das respiratórias, os sintomas são espirros, coriza, coceira nos olhos, falta de ar, tosse e dores de cabeça. Em relação às alergias medicamentosas os efeitos moderados variam, podendo ser náusea e vômitos, além de dificuldades respiratórias. Existem ainda, as alergias causadas por insetos ou pêlos de animais.

De acordo com o órgão, o mecanismo que dispara a alergia é o mesmo que o sistema imunológico usa para defender o corpo de substâncias possivelmente nocivas, como é o caso das bactérias. No entanto, em alguns casos, o organismo pode apresentar uma sensibilidade anormal desencadeada por alguma substância que costuma ser inofensiva, como um alimento ou até mesmo a poeira gerada nos lares no dia a dia.

Diniz destaca que a reação alérgica, pode ser imediata ou tardia. Ela afirma que a reação anafilática – quando é repentina, generalizada, potencialmente grave e fatal – é a mais temida dentro imunologia. “É como se fosse uma tempestade ali de citocinas, de substâncias químicas que nossas células produzem e que causam uma inflamação rápida. Essa inflamação pode levar a colapso cardiovascular, respiratório, edema de glote, a sensação de sufocação, falta de ar e parada cardiorrespiratória”, explica. Esse tipo de alergia está relacionada principalmente à picadas de insetos, alimentos e medicamentos, segundo a especialista.

As orientações gerais da Biblioteca Virtual em Saúde, para quem quer manter a casa saudável, são: em relação à ventilação, manter janelas abertas durante o dia; o mobiliário deve ser simples, com bordas lisas e de fácil limpeza; inclusive a limpeza deve ser feita diariamente, com água, sabão e produtos de limpeza adequados.

Além disso, é importante evitar produtos com odor ativo, como os derivados de amoníaco. Evitar usar vassouras e espanadores bem como aspiradores que não tenham filtros para reter partículas bem pequenas.

Veja Também