Astrônomo explica explosão solar que atingiu o Brasil e as consequências

Explosão de classe 2 causou interferência em aparelhos de rádios ao redor do hemisfério sul

Postado em: 17-02-2024 às 12h00
Por: João Victor Reynol de Andrade
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Rafael Santucci é professor e pesquisador de astronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e diretor do planetário de Goiânia | Foto: João Reynol/O Hoje

Em cerca de 4 bilhões de anos o Sol irá queimar as últimas moléculas de hidrogênio, o que se seguir será os últimos suspiros da fornalha celeste que consumirá a Terra (e a humanidade, ou o que restar dela) no processo, deixando para trás apenas uma anã branca do tamanho de um planeta e cem vezes menor do que era. Enquanto isso não acontecer, a estrela ainda irá ferver no espaço como sempre fez há 4 bilhões de anos, contudo, isso não quer dizer que o Sol ainda não possa ser um possível perigo para os terráqueos.

Um risco potencial para a civilização tecnológica humana são as explosões solares, também chamadas pelos especialistas de ejeções de massa coronárias, que expulsam milhares de partículas carregadas de radiação do Sol para o vazio. De vez em quando o nosso planeta é atingido por uma delas, que pode variar do local afetado e da intensidade, como foi registrado por cientistas ao redor do globo na manhã da sexta-feira passada (9) em que uma dessas explosões atingiu o território brasileiro. 

Segundo o cálculo dos astrônomos, esta explosão foi de intensidade M e causou um apagão em aparelhos de rádios de ondas curtas tanto na América do Sul como na África. Segundo o professor de Astronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Diretor do Planetário de Goiânia, Rafael Santucci, esta ejeção de radiação veio durante um período de alta atividade solar que deve continuar até 2025. 

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“O Sol possui um ciclo de atividade a cada 11 anos e a cada 5 anos temos um ápice e uma mínima em que vemos o aumento ou a diminuição da atividade respectivamente. No final do ano de 2023 até 2025 estamos sob efeito de um período máximo de atividade solar, então até lá podemos ter mais casos como esse”, diz Rafael. 

Essas explosões solares são resultados da forma de como é composto o Sol, de acordo com ele, as estrelas não possuem um corpo rígido e sólido como os planetas, ao invés são feitas de um “mar” de plasma, o quarto estado da matéria, e são uma mistura de átomos carregadas de radiações ionizantes. Por causa disso, a sua rotação também é diferente pelo efeito que a gravidade exerce sobre o Sol e por isso ocorrem as explosões solares. 

“O Equador do Sol gira mais rápido do que a região dos pólos, então ao longo do tempo o material da superfície se enrola e deforma. O que acontece é que vemos essa deformação como um arco rompe e jorra essa partículas, que é o que chamamos dessa explosão. Esse material é muito carregado e afeta o campo magnético onde passa, seja dos planetas e dos satélites”. 

Ainda segundo ele, em um evento de maior intensidade será possível visualizar as auroras boreais em pleno solo goiano, mas pode ser que não haja possibilidade de tirar uma foto pela forma como interfere nos aparelhos eletrônicos. Contudo, disse que as equipes de monitoramento astronômicas podem prever e antecipar tal evento para melhor avisar a população se algum dano vier a ocorrer. 

“Geralmente, o campo magnético e atmosférico da terra seguram o ‘tranco’ e direcionam esse excesso de radiação para os pólos, por isso vemos as auroras polares nessas regiões. Porém, em uma explosão mais severa poderemos visualizar as auroras em Goiânia, por exemplo, que vai ser quando a Terra não segurar o excesso de radiação. Contudo, se isso ocorrer podemos ter danos em dispositivos como celulares e computadores por interferir no pequeno campo magnético que eles produzem”.

Entretanto, o astrônomo explica que não há ameaça de radiação para as pessoas se locomoverem a céu aberto durante esta ocasião como a registrada no fim de semana, apesar dos apagões tecnológicos e informacionais.

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