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sábado, 24 de agosto de 2024
Descaso

Goianienses reclamam de lixo descartado de forma incorreta

Pontos de descarte irregular se proliferam, e mesmo com limpeza constante da Comurg, se tornam problemas de saúde pública

Postado em 19 de fevereiro de 2024 por João Victor Reynol de Andrade
Pontos de descarte irregular se proliferam

No final de 2023, um morador da Vila Finsocial, Ailton Carvalho, foi mais uma vítima do desamparo social do seu setor perante o lixo e entulho descartado de forma incorreta, que segundo ele, se infectou com a dengue dentro de casa. Por causa disso, disse que teve os piores sintomas da doença por mais de uma semana com dor no corpo, dor de cabeça, febre alta e diarreia, impossibilitando-o de trabalhar por nove dias consecutivos. 

Contudo, o seu relato de desamparo em relação ao município e a própria população não são os únicos do setor ou da região noroeste da Capital de onde mora, diz que tem problemas que variam desde lixos acumulados nas calças a lotes inteiros em estado de abandono com entulho amontoado. Foto mostradas por ele a equipe da redação revelam cenas de casas negligenciadas com caixas de papelão, sacolas plásticas e até colchões descartados de forma irregular.

Segundo ele, estes espaços já dão problemas para a população como criadouros do mosquito da dengue, Aedes Aegypti, e abrigos de bichos peçonhentos como escorpiões, lacraia, lagartas e cobras. “A prefeitura não está retirando os entulhos o suficiente e a população não colabora para a diminuição de lixo nesses locais está servindo de criadouros de vetores de doenças, sem falar nos animais peçonhentos que estão picando pessoas que estão adentrando todas as residências”, além disso, Ailton falou que a região está sem a roçagem em lugares públicos como Áreas de Preservação Permanente (APP) que aumentam as chances dos eventuais problemas de saúde pública.

Além disso, o líder do Setor Negrão de Lima, Wesley Almeida, também deu relatos do desamparo social perante o lixo descartado de forma irregular pela equipe de reportagem do jornal O HOJE. De acordo com ele, ao menos 20 pessoas foram diagnosticadas com o vírus da dengue segundo a última contagem, no dia 9 deste mês. Contudo, para ele, o maior problema para o seu bairro é a falta de educação dos próprios moradores em fazer o descarte ilegal sem se preocupar com os vizinhos.

O problema é tanto que conta que em alguns lugares a situação de lixo acumulada é algo “crônico” mesmo com o acionamento da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). Além do lixo acumulado, conta que ainda há carros abandonados pelo bairro mesmo com ações do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Sobre isso, o jornal divulgou no fim de janeiro de uma operação de retirada de veículos abandonados que envolveu 70 pontos urbanos do estado, incluindo Negrão de Lima. 

Com isso, as autoridades estão cientes da situação que envolve toda Goiânia, segundo a Comurg, foi feita a retirada de mais de 800 mil toneladas de lixo irregular no ano de 2023, e este ano já houve outras operações de retirada da entidade por conta do aumento das tempestades que testam o sistema de drenagem da Capital. 

Segundo o Nadim Neto, o chefe de gabinete da Amma, por motivos judiciais, grande parte das ações de combate contra esses descartes estão focadas em campanhas de educação ambiental da população. De acordo com ele, há uma diretoria inteira dentro da agência que faz este papel, um exemplo que deu foi a criação dos ecopontos na cidade. “Nós trabalhamos no incentivo do uso dos cinco ecopontos que estão na Capital para o não descarte irregular porque algumas delas podem ser prejudiciais de forma irreparável ao meio ambiente urbano”, afirma Nadim.

Além disso, fala das ações de fiscalização que existem na cidade através do telefone 161 para a atuação em flagrante de crimes ambientais que podem ter uma multa no valor de R$ 5 mil a R$ 5 milhões dependendo do dano ambiental causado. Segundo ele, um destes descartes mais prejudiciais é o descarte de RCC, resíduos de descarte de construção civil de forma irregular, que além de abrigarem mosquitos e bichos peçonhentos podem causar um dano irreparável ao meio ambiente como na contaminação do solo. 

Contudo, fala que casos mais graves como este acabam por encaminhados para a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) e enviados para o Ministério Público para a avaliação jurídica criminal. Em relação ao solo avariado, conta que são lentamente trazidos de volta ao estado inteiro, e alguns para o público como em forma de parques municipais.

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