Verão trágico: mês de fevereiro já registra 12 afogamentos em Goiás

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático estima que ocorram 15 mortes por dia por afogamento – o que significa um brasileiro morrendo afogado a cada 90 minutos

Postado em: 26-02-2024 às 10h08
Por: Rauena Zerra
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No Brasil, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático estima que ocorram 15 mortes por dia por afogamento – o que significa um brasileiro morrendo afogado a cada 90 minutos | Foto: Divulgação/CBM-GO

No Estado de Goiás, fevereiro se revelou um período marcado por tragédias, com ocorrências frequentes de fatalidades causadas por afogamentos. 

No dia 12 deste mês, um rapaz, de 24 anos, morreu após  se afogar em uma represa na cidade de Nova América, situada a 225 quilômetros de Goiânia, região central de Goiás. Conforme relatado pelo Corpo de Bombeiros, o jovem estava pescando com dois amigos e desapareceu ao entrar na água para recuperar um equipamento.

Os amigos da vítima contaram que ele começou a lutar contra a água no meio da represa e subitamente sumiu. O corpo da jovem foi localizado apenas no dia seguinte a cerca de quatro metros de profundidade pela equipe náutica dos bombeiros.

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No dia 16, o estudante de agronomia Jonathan Santiago Fernandes, de 20 anos, morreu afogado durante uma pescaria com familiares, no Rio Caldas, em Anápolis, a 55 km da capital  goiana. Segundo o Corpo de Bombeiros, o jovem foi resgatado a quatro metros de profundidade.

Dois dias depois da trágica morte do estudante de agronomia, no dia 18,  o operador de máquinas Pedro Henrique Pereira Alves, de 29 anos, foi mais uma vítima de afogamento, o jovem morreu depois de se afogar em uma cachoeira da Chapada dos Veadeiros. “Ele não sabia nadar, mas ia em muitas cachoeiras e trilhas”, relatou um amigo da vítima.

Na tarde do dia 19, dois pescadores, um com 83 anos e outro com 52 anos, sumiram no Taquaral, localizado no Lago Serra da Mesa, área rural de Uruaçu. O Corpo de Bombeiros foi chamado para intervir no incidente e iniciar as buscas. No dia seguinte, terça-feira (20), os bombeiros localizaram o corpo do senhor mais velho. Logo no início da manhã de quarta-feira (21), o corpo da segunda vítima, de 52 anos, também foi encontrado. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), os afogamentos resultam em 5,7 mil mortes anualmente no Brasil, ocorrendo principalmente em áreas de lazer aquáticas como balneários, rios e piscinas.

Somente em Goiás, 12 ocorrências de afogamentos já haviam sido registradas pelo Corpo de Bombeiros até o fechamento desta matéria. No mesmo período do ano passado, foram atendidas 15 ocorrências. Considerando que o mês ainda não se encerrou, esses números preocupantes podem aumentar.

No mês de janeiro, houve um aumento de mais de 16% no número de afogamentos em comparação com o mesmo período do ano anterior em Goiás. Um total de 14 vítimas foram registradas pelo Corpo de Bombeiros em janeiro. Em 2023, o número de ocorrências chegou a 12.

De acordo com informações do Ministério da Saúde, mais de metade das vítimas de afogamentos tem menos de 25 anos, sendo predominantemente do sexo masculino. Fatores de risco incluem falta de barreiras de acesso a reservatórios de água, supervisão inadequada, uso de substâncias como álcool ou drogas durante atividades aquáticas, além de certas condições médicas como epilepsia, arritmias cardíacas, autismo, entre outras

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) estima que ocorram 15 mortes por dia por afogamento – o que significa um brasileiro morrendo afogado a cada 90 minutos. A região Norte do país concentra a maior taxa de mortalidade por essa causa.

Como prevenir

  • Procure sempre local onde exista a presença de salva-vidas ou da equipe do Corpo de Bombeiros. 
  • Procure lugares seguros e sinalizados para as práticas de mergulho. 
  • Fique atento e respeite as placas de advertência. Não entre em águas com aviso de perigo.
  • Não faça refeições pesadas antes de entrar na água.
  • Respeite seus limites e evite arriscar sua vida. As estatísticas apontam muitos casos de afogamento entre pessoas que sabem nadar. 
  • Cuidado redobrado ao mergulhar em águas desconhecidas. Procure conhecer a profundidade do local, principalmente em lugares que possuem pedras, como rios e cachoeiras. 
  • Evite nadar próximo a barcos ou outras embarcações.
  • Adultos não devem ingerir bebidas alcoólicas ou drogas antes de entrar no mar.

O que fazer diante de afogamento?

  • Acione o Corpo de Bombeiros através do telefone 193. Chame socorro imediatamente.Verifique os sinais de respiração.
  • Se está sem respiração ou agoniza para respirar, deite a vítima de costas, numa superfície rígida.
  • Posicione seus braços estendidos, com os dedos entrelaçados no centro do tórax da vítima, entre os mamilos.
  • Utilize o peso do seu corpo e inicie compressões torácicas de forma rápida e forte.
  • A manobra deve ser efetuada com frequência entre 100 e 120 compressões por minuto. 
  • Permita o retorno total da parede torácica da vítima.Não interrompa as manobras de RCP até a chegada do socorro. 

Cuidados com crianças

Com a chegada do verão, época mais quente do ano, os índices de afogamento de crianças aumentam, entre dezembro a março, são registrados quase metade (45%) de todos os casos contabilizados anualmente no  Brasil. 

Dados do Boletim Epidemiológico de Afogamentos no Brasil, divulgados pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), 

indicam que o afogamento é a principal razão de óbito de crianças de 1 a 4 anos no país, sendo que metade dessas ocorrências acontece em ambiente doméstico.

  • Independente do local, adultos sempre devem supervisionar as crianças.
  • Não use boias infláveis, pois podem furar.
  • Nunca deixe brinquedos na beira da piscina.
  • Em casa, a piscina deve ser totalmente cercada e ter o portão sempre trancado.
  • Afogamentos também podem ocorrer com bebês durante o banho em banheiras. A melhor prática é acompanhar a atividade do início ao fim.

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