Caminhoneiros ameaçam novas manifestações em todo o Brasil

Felipe André*

Catalão, localizada à 261 km da capital Goiânia, iniciou esta semana com duas manifestações. A primeira foi dos caminhoneiros que pedem o cumprimento do piso mínimo do frete, a segunda envolve a prefeitura de Catalão que colocou máquinas pesadas para bloquear parte da Ferrovia Centro-Atlântica S.A, para cobrar da Mineradora Cmoc impostos sonegados nos últimos 47 anos.

A manifestação dos caminhoneiros foi feita de forma independente, sem contar com o apoio do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiânia (Sindicat) e foi liderado por Wallace Landim. Os caminhões que estavam rodando abaixo do piso foram orientados a encostar para cobrar uma fiscalização por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em nota, a ANTT disse que “mantém constante diálogo com a categoria dos caminhoneiros e demais entidades envolvidas nesta questão”.

“Esta manifestação é para exigir que o piso seja cumprido. Os caminhões que estão rodando dentro do piso seguem viagem, os que não estão orientamos que encostem. As fábricas falam que pagam o piso, mas pedimos para que cumpram o papel. Ainda não há definição se continuaremos, estamos vendo o que vamos fazer, também não podemos prejudicar a população de Catalão. Quero deixar claro que não é uma paralisação, é apenas uma manifestação”, ressaltou Wallace Landim.

Mineradora

Os impostos sonegados por parte da Mineradora Cmoc para Catalão ultrapassam o valor de R$ 105 milhões, segundo a prefeitura. Além da parte da rodovia bloqueada pela prefeitura que é usada para escoar a produção de minério, ao menos mais quatro pontos de acesso à empresa também foram fechados momentaneamente até às 16 horas desta segunda-feira, quando a prefeitura acatou uma decisão judicial e desbloqueou a linha férrea. O pedido de liminar foi feito pela FCA (Ferrovia Centro Atlântica) e deferido pelo juiz Marcus Vinícius Ayres Barreto.

A Cmoc em uma nota oficial enviada para O Hoje disse que o valor referido não condiz com a realidade e que está “em processo de avaliação administrativa”. Em relação aos caminhoneiros ela ressalta que “cumpre com todas as suas obrigações legais referentes ao piso mínimo do frete definido pela legislação e exige de todos os seu fornecedores que também sejam cumpridas as legislações”.

A Cmoc alegou estar em dia com o pagamento de todos os tributos necessários para a sua operação. Conforme a nota oficial, a empresa pretende resolver as pendências baseadas no bom relacionamento, caso isso não aconteça será resolvido na Justiça. Por fim a empresa informou que tomou medidas de precaução para garantir a segurança de seus empregados, a manutenção da produção e as entregas a seus clientes

O prefeito de Catalão, Adib Elias, afirmou que a manifestação será por tempo indeterminado e que os acessos como a linha férrea e demais passagens de carretas e caminhões continuarão impedidos. “Não podemos permitir que uma empresa chinesa venha aqui, extraia e leve toda a nossa riqueza, todo o nosso dinheiro, lesando a cidade e deixando apenas a desesperança, a população tem o direito de receber e como representante irei cobrar até o fim”, disse o prefeito. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).