Presença de policiais militares em terminais reduz 79% dos crimes

Implantação de ações de segurança melhoram a vida de usuários do transporte coletivo

Postado em: 31-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Implantação de ações de segurança melhoram a vida de usuários do transporte coletivo

No começo do ano a polícia passou a contar com Batalhão dentro dos terminais (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

A constante presença de policiais militares diminuiu em 79% as ocorrências de crimes em terminais do transporte coletivo da Capital. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) são reafirmados por população, que aprova a melhora.

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De acordo com a RedeMob Consórcio, uma série de ações foram tomadas este ano para diminuir a incidência de crimes nos terminais, como o Batalhão de Terminal, escoltas de ônibus e a Operação Saturação. “Com essa parceria, os terminais e estações do Eixo Anhanguera, tiveram uma queda de 79% no número de ocorrências de crimes em relação ao ano passado, além da retirada dos camelôs. O Batalhão de Terminal realizou mais de 13 mil abordagens e recapturou 108 foragidos. Também foram registradas 581 apreensões de drogas e oito apreensões de armas de fogo”, afirmou o órgão em nota.

Para o profissional autônomo Orivan Luiz Ribeiro, de 49 anos, a sensação é que, com os policiais, os roubos diminuíram. “Geralmente são três que ficam aqui no [Terminal] Padre Pelágio e, com eles aqui, esse pessoal fica fora. Acho que agora tá bem melhor, mas se a PM sair eles voltam com certeza”, completa.

Questionada sobre as ações policiais, a SSP-GO afirmou, por meio de nota, que a queda também foi sentida em terminais administrados pela Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC). “O número de ocorrências criminais em terminais e estações do Eixo Anhanguera, em Goiânia, apresentaram uma queda de 79% nos últimos 13 meses. Nos terminais administrados pela RMTC a redução foi de 73%” conclui.

Outro usuário, que preferiu não se identificar, afirmou que a melhora é notória, mas em alguns horários ainda é complicado. “Quando o terminal fica cheio ainda é perigoso, tem pouco policial pra ficar ‘de olho’ em todo mundo”, afirmou.

Sobre outras formas de monitoramento, a RedeMob afirmou ter equipes de segurança em todos os terminais. “O RedeMob Consórcio mantém equipes de vigilância em todos os terminais de integração e estações de embarque da Região Metropolitana de Goiânia, ao todo são 60 postos de vigilância. Além de possuir quase 3 mil câmeras de monitoramento instaladas em todos estes locais e também em 100% dos ônibus do Eixo Anhanguera”, completa.

Entre as medidas disponibilizadas pela PM está a possibilidade de registro do TCO (Termo Circunstancial de Ocorrência) dentro do próprio terminal, a disponibilidade de uma nova forma de comunicação direta com a polícia, por meio do totem que possibilita acesso direto à polícia, além das viaturas e dos profissionais da PM dentro dos terminais.

Batalhão de Terminal 

O ano de 2018 começou com uma série de ações que visavam a diminuição dos crimes ocorridos em terminais. No último dia 23 de fevereiro, por exemplo, a Polícia Militar passou a ter equipes fixas nos terminais de Goiânia. Batizada de Embarque Seguro, a operação tem equipes obsevando a movimentação em todos os terminais da Capital que estarão preparadas para agir em casos de roubos e outras ocorrências. A ação teve início no Terminal Padre Pelágio, na penúltima sexta-feira de fevereiro e continua por tempo indeterminado.

Já em março, foi a vez da retirada de vendedores ambulantes dos terminais. De acordo com reportagem do O Hoje, na época, “a operação visava apenas orientar e coibir a atuação dos camelos nos terminais, diminuindo a quantidade de lixo e o comércio de mercadorias de caráter duvidoso”. À reportagem, a RedeMob afirmou então que a ação iria proporcionar mais segurança e mobilidade para a população. “Os ambulantes sujam os terminais com frequência, comercializam produtos de origem “duvidosa”, atrapalham o fluxo das pessoas e tornam o ambiente sujeito a criminalidade, facilitando a atuação de marginais, que fomentam o tráfico de drogas entre outros atos ilícitos”, informou a nota.

Em abril foi implantado de forma permanente os batalhões da Polícia Militar (PM) nos terminais do Eixo Anhanguera. A ação foi parte de um amplo trabalho da Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) que, além dos policiais, facilitou a produção do boletim de ocorrência. “A expectativa com esta medida era de agilizar procedimentos, especialmente em municípios do interior onde o cidadão tem que deslocar para outra cidade para fazer registros desta natureza”, completou o Governador José Eliton, durante o anúncio da ação.

Em Goiânia, o Batalhão de Terminal possui efetivos fixos da PM em todos os terminais do Eixo Anhanguera (Novo Mundo, Praça da Bíblia, Praça A, Dergo e Padre Pelágio). Além disso, de meia-noite às 6 horas, os ônibus que fazem a linha do Eixo Anhanguera, os chamados “Corujão”, são escoltados por viaturas da Polícia Militar. O Batalhão de Terminal foi implantado recentemente em Luziânia. “Um dos principais objetivos é garantir mais segurança à população do Entorno do Distrito Federal que utiliza o transporte coletivo”, afirmou a SSP-GO.

Casos de violência sinalizaram a necessidade de mudança 

Em uma matéria publicada em fevereiro deste ano, O Hoje informou que cinco casos de violência foram registrados em uma semana. Somente no dia 23 de fevereiro três pessoas acabaram sendo assaltadas e esfaqueadas no transporte coletivo. Na época o Corpo de Bombeiros informou que o primeiro caso ocorreu por volta de 7h30, no Terminal das Bandeiras. Na ocasião, um homem de 36 anos teve o celular roubado e, ainda que sem reagir, foi atingido por uma facada no abdômen.

Outro caso de violência se deu na plataforma no Eixo na Rua 20 no Setor Central. Imagens de câmera de segurança mostraram um sujeito tentando entrar na plataforma do Eixo pela área em que os ônibus passam. Impedido em um primeiro momento, ele retornou ao local, tirando um facão de dentro da calça e atingindo um vigilante. De outro ângulo, antes de atingi-lo, é possível ver que o homem chegou a ameaçar algumas pessoas que aguardavam para entrar no ônibus.

Dados

Informações oficiais da RMTC constatam que a Capital é responsável por 74% de todas as viagens diárias realizadas na Rede Metropolitana de Transporte Coletivo. A segunda principal cidade é Aparecida de Goiânia, responsável por 17% das viagens, ao todo são realizadas todos os dias mais de 100 mil deslocamentos nos mais de 1.105 km de extensão de linhas que recebem o serviço. 

Esta duas cidades, juntas, equivalem à 91,7% dos furtos sofridos por usuários do transporte coletivo em Goiás. Somente este ano foram mais de 2,6 mil casos nas duas cidades. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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