Universidade Estadual de Goiás fica sem segurança

Empresa responsável pela terceirização dos serviços de segurança precisa receber os cinco meses em atraso para poder cumprir as obrigações com os funcionários

Postado em: 03-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Universidade Estadual de Goiás fica sem segurança
Empresa responsável pela terceirização dos serviços de segurança precisa receber os cinco meses em atraso para poder cumprir as obrigações com os funcionários

Com uma dívida de quase R$ 3 milhões só com essa prestação de serviço, a UEG suspenderá o contrato com a Garra Forte

Thiago Gosta

A gerente Geral da empresa que presta serviços de vigilância para a Universidade Estadual de Goiás (UEG), Leila Fonseca, informa que já se passaram cinco meses desde que o Estado não faz os repasses à empresa que, para cumprir suas obrigações com os funcionários, se desfez de bens e precisou pegar empréstimos bancários durante esses meses, tudo para honrar os compromissos e não deixar os funcionários em situações precárias.

Continua após a publicidade

A empresa de vigilância resolveu informar aos trabalhadores sobre esses atrasos  e anunciou aos seguranças que são imprevisíveis os próximos pagamentos, já que, além destes vários meses de atraso do poder público, há a possibilidade do  Estado encerrar a parceria, como eles mesmos receberam nas unidades da universidade bilhetes informando sobre a suspensão dos serviços oferecidos para a instituição.

Desde junho de 2016 a empresa, após ganhar processo licitatório, atua na área de segurança na UEG de Anápolis.  “Os primeiros seis meses o Estado pagou com no máximo 30 dias de atraso, mas depois começou a pagar um mês sim e o outro não, nos gerando atualmente um saldo negativo por parte do Estado com a nossa empresa que presta serviços terceirizados”, reclama Leila.

“Eu vejo toda essa situação com muita tristeza, porque a situação não atinge só os funcionários da UEG. Tem gente que paga aluguel e tem família doente. Alguns só têm esse emprego e a situação ficou crítica para eles. É por isso a Garra Forte se desfez de bens e procurou nos empréstimos bancários a solução para pagar essas pessoas que trabalham dignamente. Eles nos ligam para falar que estão passando dificuldades. Agora começamos a mostrar que a empresa não tem mais condições de tirar do próprio caixa. Eles decidiram fazer esse movimento para mostrar ao para todos e para Estado que é necessário regularizar esses pagamentos”, conta a gerente.

Com uma dívida de quase R$ 3 milhões só com essa prestação de serviço, a UEG suspenderá o contrato com a Garra Forte.  Como conta Leila Fonseca, “eles vão suspender a prestação de serviços a partir de segunda-feira (5) e, se não nos pagarem pelo menos mais dois meses atrasados, a empresa não terá condições sequer de fazer rescisão desses 124 funcionários. Como ficarão essas pessoas? Serão 124 famílias que não poderão, sequer, sacar o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e acionar o seguro desemprego, caso necessário” finaliza a gerente que está preocupada com o futuro desses prestadores de serviço.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um funcionário da empresa de segurança liberando a entrada de estudantes e alegando que a compreensão só acontecia porque eles [os funcionários] entendem os esforços dos alunos que chegaram na unidade de ensino vindos de outros municípios, mas que a situação deles é de insegurança por parte do Estado.

Após esse dia, os seguranças resolveram barrar totalmente a entrada de alunos e funcionários na instituição de ensino.  “Aqui todo mundo é pai de família. Eu estou com meu aluguel atrasado. Minha luz está cortada. Minha água está cortada. O meu gás de cozinha acabou. Eu não tenho dinheiro nem para gasolina” ponderou o vigilante Luiz Coelho à imprensa pressente no manifesto realizado na Universidade.

Givanildo José trabalha há 10 anos na área de segurança e há dois presta serviços na UEG. Para o vigilante, “fica difícil até falar porque o futuro é incerto. Teremos que correr atrás de outro emprego. Eu sei fazer pintura residencial. Nessa história, a gente fica num fogo cruzado. A empresa fala que a responsabilidade é da UEG, já a UEG condena a Secretaria da Fazenda. Quando falamos com a UEG, eles dizem que eu a empresa tem que cobrir com esses atrasos” disse o vigilante que aguarda nomeação em outro emprego. Até o fechamento desta matéria a UEG não respondeu nossa reportagem. 

Veja Também