Chuva deve aumentar o número de buracos nas vias da Capital

Chegada do período chuvoso afeta os trabalhos de tapa-buracos e cria mais problemas para os motoristas

Postado em: 05-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Chegada do período chuvoso afeta os trabalhos de tapa-buracos e cria mais problemas para os motoristas

A água e a ação do tráfego desagregam o pavimento e faz surgir fissuras que viram buracos (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

A chegada do período chuvoso em Goiânia deve aumentar o número de buracos nas vias da Capital e Região Metropolitana. De acordo com pesquisador de universidade goiana, a chuva influencia no aparecimento de fissuras e a falta de manutenção recorrente permite que buracos surjam com mais frequência.

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Apesar do trabalho recorrente da prefeitura municipal com o programa de tapa-buracos, as ações são tomadas apenas para resolver o problema após a aparição das fissuras, sendo necessário um serviço de manutenção preventiva. Somente este ano, o órgão afirma ter resolvido o problema em mais de 200 mil buracos.

De acordo com o professor de Engenharia da PUC Goiás e doutor em engenharia de transportes Benjamim Jorge Rodrigues dos Santos, em entrevista concedida anteriormente ao O Hoje, o maior problema enfrentado pela massa asfáltica de Goiânia é a impermeabilização do solo. “Nessa época de chuva, a água com a ação do tráfego, desagrega o pavimento e começam a aparecer fissuras e trincas que se tornam o que chamamos de ‘coro de jacaré’ que se viram as famosas panelas”, contou.

Santos afirma ainda que o asfalto da Capital sofre com uma falta de planejamento e manutenção, o que gera os principais problemas no trânsito e coloca a vida de motoristas em risco. “Quando se constrói o pavimento ele tem uma determinada vida útil, de 15 a 20 anos se existir um plano de manutenção. Sem a manutenção, com as chuvas frequentes e o tráfego que aumenta a cada ano o pavimento é mais solicitado sem um cuidado adequado e acaba sofrendo danos estruturais”, afirmou.

A reportagem do O Hoje percorreu as ruas de Goiânia na última semana para observar o estado de conservação das vias e pode perceber que muitos buracos estão surgindo com a chegada da chuva. Na Avenida C-8, no Setor Sudoeste da Capital, foram encontrados falhas na pavimentação no entorno de uma rotatória e a falta de escoamento da água em diversos pontos da via. Além disso, na Avenida C-107, próximo à Avenida T-63, foram encontradas fissuras e desnivelamentos em locais onde buracos foram tapados.

Para o estudante universitário Gabriel de Aquino, a falta de estrutura das vias pode elevar os riscos para os motoristas. “Muitas vezes você não consegue ver os buracos, principalmente em dias de chuva, e tem de desviar de última hora. O que pode acabar causando um acidente”, afirmou.

Durante o período chuvoso é preciso ter um cuidado redobrado na hora de dirigir. A Defesa Civil explica que os motoristas não devem enfrentar enxurradas e, se a água estiver com 20 centímetros de altura, o condutor já deve estacionar e procurar por abrigo. “Se a água estiver a 20 centímetros já é preciso ficar em alerta. Mais 10 centímetros há possibilidade de entrar água no carro. É preciso estacionar e deixar o veículo. Se não, vai chegar a um momento que o motorista não vai conseguir nem abrir a porta do carro e entrar em situação de pânico”, afirma o agente de proteção da Defesa Civil, Cidicley Santana.

O estudante, que utiliza o carro tanto para o estudo quanto para o trabalho, lembrou ainda que o problema é a falta de investimentos. “O contribuinte arca com uma quantidade gigantesca de impostos e não tem retorno, eu já tive problemas com carro por causa de buracos”, concluiu.

Investimento 

Para este ano, a prefeitura de Goiânia prevê um investimento de R$ 100 milhões em pavimentação de ruas e de R$ 30 milhões implementação de infraestrutura e melhorias do Corredor Goiás Norte/Sul. Somente entre os meses de janeiro a agosto deste ano já foram aplicadas cerca de 20 mil toneladas de CBUQ.

Na última quinta-feira (1) a Seinfra afirmou que a operação tapa-buracos chegaria a novos bairros até o final deste ano. “Estamos trabalhando em dois turnos para beneficiar todas as regiões de Goiânia. Nossas equipes atuam diariamente, inclusive nos finais de semanas e feriados”, afirmou o titular da Seinfra, Dolzonan da Cunha Mattos.

De acordo com o órgão, bairros como o Recanto das Minas Gerais, Jardim Conquista, Parque Lozandes e Setor Água Branca teriam trabalhos imediatos. Além disso, o Parque Santa Rita e Bairro Goiá, na região Oeste, o Recanto do Bosque, Crimeia Leste, Santa Genoveva, Gentil Meireles e Setor Santa Genoveva, na região Norte também receberiam trabalhos. A secretaria tem cerca de 120 operários, distribuídos em 15 equipes, utilizam 150 toneladas de massa asfáltica diariamente.

Problemas recorrentes

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) realizou uma pesquisa em mais de 100 mil quilômetros de rodovias do país e descobriu os principais defeitos que afetam a estrutura do asfalto. De acordo com o órgão, a maior parte dos defeitos encontrados são resultados de falhas na implantação da massa asfáltica.

Dentre os problemas encontrados estão o afundamento plástico, que é definida como uma deformação no asfalto com formato de onda. Segundo o estudo, isso é causado por uma falha na mistura asfáltica. As panelas são outro exemplo disso, quando existe uma deficiência na compactação do solo ou mesmo muita umidade no local. Falando de umidade, as diferenças de temperatura entre o pavimento e o solo é a causa de muitos problemas enfrentados tanto em rodovias quanto em cidade. Estes casos podem dar origem a fissuras e trincas, o que leva a formação de buracos.

De acordo com estudo do pesquisador da Universidade de Brasília, Dickran Berberian, o cuidado e a compactação do solo é a melhor forma de evitar futuros problemas. “Para se fazer o asfalto, começa-se da camada original do terreno, chamada de subleito. Essa camada é feita de terra e solo compactado. É a espinha dorsal do pavimento. E o solo não gosta de água. Se molhar, perde a resistência. Essa é no fundo a principal função do revestimento: não deixar entrar água no sub-leito, na sub-base e na base”, afirmou.

Implantação

De acordo com a prefeitura, o processo de tapa buracos bem como da restauração de uma via consiste na varredura da pista, na colocação de um material ligante e aderente, conhecido como Betume e, posteriormente coloca-se o CBUQ, um composto de areia, brita e cimento asfáltico de petróleo (CAP).

O último procedimento é a compactação, todo o processo garante a qualidade e maior durabilidade do asfalto. O material utilizado é o CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado à Quente, no asfalto “à quente”, a massa asfáltica utilizada tem cerca de 100ºC. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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