Aumenta a venda de cigarros contrabandeados para Goiás

Região Centro-Oeste tem número percentual maior que o recorde nacional sobre consumo de cigarros ilegais

Postado em: 05-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Região Centro-Oeste tem número percentual maior que o recorde nacional sobre consumo de cigarros ilegais

Só em 2018 as vendas desses produtos pirateados chegaram a 58% no Centro-Oeste, contra os 43% referente a 2017

Thiago Costa

Cresce o número de vendas de cigarros contrabandeados de outros países e distribuídos na região Centro-Oeste. Só em 2018 as vendas desses produtos pirateados chegaram a 58%, contra os 43% referente a 2017, na mesma região. O Centro-Oeste se destacou por o percentual ser maior que a média nacional, que tem uma venda dos produtos ilegais em torno de 54%, um recorde negativo para o País.

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O principal estímulo a esse crescimento é a enorme diferença tributária sobre o cigarro praticada de um país para o outro. O Brasil cobra em média 71% de impostos sobre o cigarro produzido legalmente por aqui, chegando a até 90% em alguns estados, enquanto que no Paraguai, por exemplo, as taxas são de apenas 18%, a mais baixa da América Latina. Com isso, a média de preço dos produtos ilegais vem caindo, e em 2018 a diferença do valor cobrado entre os cigarros brasileiros e paraguaios chegou a 128%.

A marca Fox é a mais consumida por fumantes da região Centro–Oeste. Nos anos de 2015 e 2016 permaneceu na faixa de 7% do mercado, já em 2017 subiu para 14% e em 2018 alcançou 19% de vendas. 

A maioria das marcas é produzida no Paraguai, mas tem como alvo principal o mercado brasileiro. Para se ter uma ideia do problema, recentemente foi registrada a venda de maços de cigarros da marca Eight com 10 unidades, prática proibida na legislação brasileira, que determina que os maços devem ter 20 unidades. A introdução desses maços, que custam em média apenas R$ 1,50, tem como objetivo oferecer uma opção ainda mais barata para os consumidores.

Levantamento

Os dados são resultados de pesquisa do Ibope que ouviu consumidores entre 18 e 64 anos. A pesquisa foi realizada em 208 municípios de todo o país com entrevistas presenciais e com recolhimento dos maços de forma a garantir a precisão da informação. Assim, os dados representam o universo de pesquisa geral do Brasil e pode comprovar que a região Centro-Oeste tem um número percentual superior ao recorde nacional em 2018. 

Para Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), um fator perverso decorrente do aumento no contrabando de cigarros é que, pressionados pela crise que o país enfrenta, os brasileiros migram do mercado legal para o ilegal para poderem economizar dinheiro e ao mesmo tempo aumentar o consumo. “O levantamento apontou que, mesmo gastando menos, já que os cigarros contrabandeados não seguem a política de preço mínimo estabelecida em lei, os consumidores acabam fumando, em média, dois cigarros a mais por dia. Isso mostra que as políticas de redução de consumo adotadas pelo governo não estão sendo eficazes, por conta do crescimento do mercado ilegal,” afirma Vismona.

Outro efeito negativo no crescimento do consumo de cigarros contrabandeados é o avanço na evasão fiscal. Em 2018, o Brasil irá deixar de arrecadar R$ 11,5 bilhões em impostos. Esse valor é 1,6 vezes superior ao orçamento da Polícia Federal para o ano, e poderia ser revertido para a construção de 121 mil casas populares ou 6 mil creches. Pela primeira vez desde 2011, a evasão de impostos será maior do que a arrecadação, que deve fechar o ano em R$ 11,4 bilhões.

Em Chapadão do Céu, cidade a 493 quilômetros da Capital, no início de outubro, um motorista foi preso pela Polícia Cívil (PC), juntamente com Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), Grupo Tático 3 (GT-3), Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) e Grupo Especial de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (Gepatri) de Jataí e de Rio Verde e policiais rodoviários federais apreenderam um carregamento com cerca de mil caixas de cigarros oriundos do Paraguai. A apreensão ocorreu na divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul.  

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