14 cidades goianas têm fraudes em vistorias de veículos

Thiago Costa 

A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) investiga um esquema de fraudes em vistorias no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A ação chamada de Operação Simulatio é um trabalho conjunto entre Polícia Civil e Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DERFRVA). 14 municípios goianos estão na lista das investigações, entre eles, Aparecida de Goiânia, Itapuranga, Nova Crixás e Guapó. Formosa, Águas Lindas e Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. 

Na operação, 18 pessoas tiveram mandado de prisão decretado e até o fechamento desta matéria 15 pessoas foram presas. Foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão. Estavam envolvidos no esquema oito servidores comissionados, que foram exonerados e um outro funcionário concurssado, que foi afastado das funções.

Os despachantes investigados tiveram seus acessos ao sistema do Detran bloqueados e os nove funcionários envolvidos respondem processos administrativos. Os donos dos veículos não serão investigados, uma vez que ao repassar as atribuições aos despachantes, eram esses profissionais que pediam as simulações ao órgão. 

O esquema fraudava vistorias no órgão e, durante os mandados de prisões, foram recolhidas provas que os próprios suspeitos guardavam em suas residências. Foram apreendidas armas de fogo sem registros e munições. 

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Cleybio Januário, caso confirmada a participação dos envolvidos, eles serão indiciados pelo crime de inserção de dados falsos e corrupção passiva e poderão, ainda, responderem por organização criminosa. Somados os crimes, os envolvidos podem pegar até 10 anos de prisão.

As suspeitas que o crime acontecia no Detran começaram quando uma das investigadas, que é servidora do órgão, aprovou mil veículos em vistorias. Participavam do esquema despachantes e servidores do Circunscrição Regional do Trânsito (Ciretran) das 14 cidades envolvidas nas fraudes. 

A cada fraude, a servidora pública recebia baixos valores referentes às tramas, muitas vezes divididos entre ela, despachantes e funcionários dos Ciretrans. Carros clonados também recebiam o documento de permissão. 

Como conta o delegado Cleybio Januário, “os despachantes solicitavam a vistoria a essa servidora, que fazia as vistorias, na verdade simulava as vistorias que não existia e o servidor que concluía a transferência dando aparência regular e licita daqueles veículos que às vezes eram até clonados”

Por telefone, a assessoria de comunicação do órgão explicou que ainda não há informações dos prejuízos causados pelas fraudes que vinham acontecendo desde 2016. “O Detran tem dado todo o aporte para a Polícia Civil desde o inicio da operação. Começamos a com as investigações internas em 2016. Foi a gerência de auditoria do Detran que verificou o aumento de vistorias na cidade de  Novo Mundo, que constatou o grande número de simulações e passou essas informações para a Polícia Civil iniciar as investigações. Em um município que tem aproximadamente 2 mil veículos, como é o caso de Novo Mundo, de 2016 até agora 1.500 veículos passaram por simulações, o que fez surgir a suspeita”, disse a assessoria de comunicação por telefone.