Com a chegada das chuvas, preço de hortaliças sofre impacto

A produção de alguns legumes cai devido à chegada do período chuvoso, que afeta o desenvolvimento das plantas e faz preços dispararem

Postado em: 13-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A produção de alguns legumes cai devido à chegada do período chuvoso, que afeta o desenvolvimento das plantas e faz preços dispararem

A enfermeira Andrielle afirma que procura promoções nesta época do ano para fugir dos preços altos (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

O preço das hortaliças vendidas na Capital e Região Metropolitana subiu com a chegada das chuvas. Legumes como tomate, alface e vargem tiveram um aumento considerável nos preços, sendo encontrados tomates por até R$ 15,99 e brócolis de R$ 16,99. Especialistas afirmam que produção perde qualidade e cai com a chegada do período chuvoso.

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De acordo com a professora Abadia dos Reis Nascimento, dos Programas de Pós-Graduação em Agronomia e Agronegócio da Universidade Federal de Goiás (UFG), a chegada das chuvas causa um aumento no número de doenças e diminui a qualidade dos produtos. “Muitas patologias necessitam de um fio de água para entrar nas folhas e com a água constante isso é facilitado. O cultivo em área aberta fica prejudicada com isso, que acaba diminuindo a produção e elevando os preços”, conta.

A equipe de reportagem do O Hoje visitou um hortifruti na região do Setor Bueno na tarde de ontem (12) e encontrou diversos clientes realizando compras. “Com esse aumento eu tento evitar comprar alguns produtos, como o tomate que está com um preço absurdo. Muitas vezes eu procuro promoções para não pesar tanto no bolso”, afirmou a enfermeira Andrielle Damacena, de 39 anos.

Para Abadia, a melhor opção para uma melhor qualidade é o cultivo em área fechada, ou seja, em estufas. “Isso nos dá mais controle e evita um grande número de doenças, nosso problema em Goiás é que poucos técnicos conseguem fornecer um auxílio de boa qualidade, devido às diferenças entre o cultivo externo e interno”, finaliza.

Preços altos

Em relação ao preço, a Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor de Goiás (Procon-GO) divulgou dicas para os consumidores economizarem ao fazer compras. De acordo com o órgão, é preciso está atento às promoções, principalmente quanto aos produtos que estão em promoção. 

Além disso, é importante priorizar a compra de itens de hortifruti em dias de promoção, caso não tenha conhecimento prévio dos preços praticados em dias normais, dê preferência aos produtos que estão anunciados e ofertados com preço promocional. O órgão ainda indica que dar preferência para os produtos da época e da região também pode significar economia no bolso, além de serem mais frescos e mais saudáveis.

Produtos

Os principais produtos comercializados e afetados na Capital são o tomate, alface e vargem. Todos dependem de uma produção com menos influencia das chuvas e apresentam um maior número de doenças com a grande presença da água.

Conforme informado pelo gerente do hortifruti visitado, são poucas opções de compra, o que ajuda no crescimento dos preços. “A maior parte compra direto na Ceasa, então não tem como fugir do aumento nos preços. Buscamos oferecer os melhores produtos, então acabamos comprando por um preço mais elevado”, afirma o profissional que preferiu não se identificar.

Produção interna

Frutas, verduras e legumes sofrem variações de preços de acordo com a estação do ano. Devido à variação nos níveis de chuva e temperatura, a produção fica afetada e acaba sobrando para o consumidor final arcar com valores maiores.

Conforme informado pela professora Abadia dos Reis Nascimento, doutora em agronomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), as produções internas como hidroculturas. “Apesar de serem mais caras, tendem a ter uma qualidade melhor devido ao tipo de controle e hidratação”, completa.

O uso de estufas no cultivo orgânico de hortaliças se justifica quando é necessária a produção de determinado produto na entressafra e em condições climáticas limitantes para o cultivo a campo aberto. A estufa é, então, utilizada como ferramenta para os produtores rurais para complementar o calendário de produção, tornando constante a oferta de um produto e tendo como resultado uma melhor remuneração e rentabilidade.

Uma das formas citadas pela especialista é a hidroponia, uma forma de cultivo em que as plantas são cultivadas em perfis específicos, a uma altura de 60 cm a 1 metro acima do solo, por onde circula água cheia de nutrientes. Os perfis possuem furos onde as mudas são colocadas e ficam sustentadas. Diariamente é feito o monitoramento dos nutrientes e do pH da água, fazendo assim a reposição até os níveis adequados àquela cultura. 

Conforme informado por especialistas, a hidroponia está entre as formas de cultivo que mais crescem devido a maior produtividade, o menor consumo de água e as facilidades para os produtores, que podem trabalhar em pé, por exemplo. 

Produção Nacional gera 13 milhões de empregos 

A produção de hortaliças no Brasil emprega 13 milhões de pessoas. Dados oficiais coletados em pesquisa da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), serviu de base para a criação do Cenário Hortifruti Brasil 2018, estudo que traz indicativos sobre os principais cultivos do país.

De acordo com a pesquisa, as plantações de feijão são as principais no país, empregando cerca de 2 milhões de trabalhadores. Além disso, o cultivo do alface, folha mais consumida no Brasil, utiliza a mão de obra de 304 mil pessoas. As plantações de melancia, pepino, batata, tomate de mesa, manga e repolho completam o quadro das principais lavouras do país.

O cenário encontrado pelo estudo levou em consideração entrevistas realizadas com profissionais do setor em todo o país o que resultou em um relatório e análise de dados da Pesquisa Agrícola dos Municípios (PAM) do IBGE. “O estudo vai nos dar uma visão mais ampla da produção de frutas e hortaliças no Brasil. Iremos trabalhar esses dados para transmitir segurança ao consumidor e agregar valor ao produto que ele está levando para casa”, afirmou no lançamento do estudo Bruno Lucchi, superintendente Técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Para os pesquisadores, somente a olericultura, produção que abrange o cultivo de hortaliças e legumes, conta com mais de 7 milhões de empregos distribuídos em aproximadamente 2,6 milhões de hectares. O estudo constatou, ainda, que a cada 10 hectares cultivados com frutas ou hortaliças são empregadas cerca de 25 pessoas, o que revela um empregabilidade gigantesca comparada à soja, por exemplo, que gera um posto de trabalho na mesma área.

O volume total de frutas e hortaliças produzidas no Brasil chega a 37 milhões de toneladas por ano, que abastecem principalmente o mercado nacional. Somente de 3% a 5% são exportadas. (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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