Policia Civil restringe atividades por atraso nos pagamentos

Outras forças da Segurança Pública já receberam

Postado em: 16-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Outras forças da Segurança Pública já receberam

Em assembleia, policiais decidem diminuir o ritmo de flagrantes. Interior será mais afetado (Arquivo/Sinpol)

Felipe André*

Após uma assembleia nesta semana, a Polícia Civil de Goiás decidiu restringir suas atividades devido ao atraso no pagamento por parte do Estado. A constituição estadual define que a folha precisaria ser acertada até o dia 10, ou seja, nesta sexta-feira (16), completa seis dias de atraso. Um exemplo da restrição será a diminuição no ritmo de flagrantes, pois é necessário o delegado estar presente, exigência que em algumas vezes era ignorada para melhor atender a população.

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O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Paulo Sérgio Alves de Araújo, revelou que apenas os policiais civis ficaram sem receber, já que outras forças da Segurança Pública tiveram seus salários acertados. “O sistema funciona como uma engrenagem. Se a Polícia Civil não trabalhar, a engrenagem para. Vamos fazer apenas o nosso dever, não vamos fazer mais do que a nossa obrigação e vamos mostrar o quanto os policiais civis tem sido bons para o Estado. Porque apenas nós vamos ficar sem receber?”.

Essa ação policial vai durar enquanto o salário não for pago e será prejudicial para a população. Paulo Sérgio explicou como vai funcionar em diversos municípios de Goiás. “Em Goiás tem 165 municípios sem delegados e 104 sem Polícia Civil. Um escrivão em um município que não tem delegado vai documentar e então o agente leva para o delegado assinar. O código de processo penal diz que o delegado precisa estar presente em todo o processo de flagrante, se isso não acontecer o flagrante, inclusive, pode ser anulado. Somos forçados a descumprir a lei para a Polícia Civil funcionar, pois o delegado não pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo”.

Apesar dos manifestos e reclamações, a Polícia Civil não vai deixar de trabalhar, como informou o presidente do Sinpol. “Vamos continuar trabalhando, registrando TCO, RAI, prisão em flagrante, porém apenas com o delegado presente, mas o que vamos fazer é cumprir o Código de Processo Penal, o que muitas vezes não cumpríamos. Tem um déficit de 54% de pessoal. O Estado está agindo de forma irresponsável e não contratando mais policiais, que faziam serviços para três, quatro, cinco pessoas. Muitos estão doentes por conta do excesso de trabalho, e todos acabam fazendo o serviço do outro”, acrescenta Paulo. 

A população vai observar diversas viaturas paradas em Goiânia, pois segundo o presidente do Sinpol, cada equipe vai terminar um flagrante e em seguida vai começar outro. Hoje em dia cada equipe realiza cerca de dois a três flagrantes ao mesmo tempo. “Vamos trabalhar para cumprir a lei a risca, vamos mostrar que estamos trabalhando muito mais do que deveríamos e fazendo funções que não são nossas. Vai ficar uma fila de viatura. Não vamos fazer operações nesse período, pois é feita fora do horário de trabalho e eles não irão fazer sem receber”, finaliza. 

Descaso 

O presidente do Sindicato reclama ainda da cobrança da contribuição do plano de saúde do Estado, o Ipasgo. “Nossa coparticipação era cobrada na folha de pagamento, olha, quando recebíamos o salário, mas agora cobraram na conta, endividando ainda mais o policial. Não estão repassando o dinheiro para o Ipasgo e o nosso benefício está cancelado por conta dos atrasos”, lamenta o presidente do Sinpol. 

Alegando que apenas a classe ficou por fora da folha de pagamento, Paulo Sérgio garante que a categoria só voltará a se esforçar quando o salário for pago. “Em momento algum nos chamaram para conversar. Não teve interlocução, conversa, nada. Só fizeram [o atraso] e não estão nem ai para o cidadão”. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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