Poluição pode diminuir peixes do Rio Araguaia

Em apenas dois dias de operação, voluntários retiram 20 toneladas de lixo do rio

Postado em: 16-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em apenas dois dias de operação, voluntários retiram 20 toneladas de lixo do rio

Poluição fica ainda mais grave em época da piracema, reprodução dos peixes

Gabriel Araújo*

A grande quantidade de lixo nos rios do Estado é uma preocupação constante para ambientalistas. De acordo com pesquisas recentes, os despejos humanos são a principal fonte de contaminação dos rios no país que causa a morte de toneladas de peixes e interfere na reprodução das espécies, principalmente nesta época do ano, a piracema.

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Para a pesquisadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Recursos Hídricos do Instituto de Pesca, Cacilda Mercante, o principal problema é a quantidade de oxigênio da água. “A poluição provoca a morte de toneladas de peixes, devido, principalmente, à redução do oxigênio dissolvido na água”, afirma. “Quando qualquer substância que não faz parte de um determinado sistema aquático é inserida no ambiente pode ocorrer um efeito “dominó” negativo, ou seja, uma reação em cadeia que provoca desequilíbrio nas interações entre o meio vivo e o não vivo, ocasionando, ao final, a morte de peixes”, finaliza.

Operação

Em Goiás, um grupo de voluntários de São José dos Bandeirantes e Nova Crixás conseguiu retirar cerca de 20 toneladas de lixo do Rio Araguaia em apenas dois dias. A ação ocorre anualmente para a limpeza da região após o período de alta no turismo, que chega a atrair mais de 500 mil pessoas.

Além disso, o estado de Goiás passa agora por um período de defeso, ou seja, a pesca predatória está proibida devido ao aumento nos níveis dos rios e consequente época de reprodução dos peixes. De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), os quatro meses de piracema, vai de novembro deste ano ao fim de fevereiro de 2019 e é essencial para a reprodução da fauna aquática e manutenção dos estoques pesqueiros, fonte de alimento e renda para milhares de famílias em Goiás.

Este ano, equipes de fiscalização da Secima vão percorrer rios e lagos goianos, principalmente nas regiões de Três Ranchos, Rio Vermelho, Corumbá III e IV, Paranã, Rio das Almas e Rio Piracanjuba, prestando orientações sobre o período e atuando também na repressão à pesca predatória. Haverá ainda uma maior concentração de equipes na região do Parque Estadual do Araguaia (São Miguel do Araguaia), Rio Crixás e Rio do Peixe.

Poluição por agrotóxico

Em um estudo realizado em 2011, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) afirmou que os resíduos de agrotóxicos são a segunda principal fonte de contaminação das águas brasileiras, atrás apenas do esgoto sanitário. Se levarmos em consideração a afirmação da Organização das Nações Unidas (ONU) de que a agricultura é o setor que mais consome água doce no Brasil, com cerca de 70% de toda água consumida, a utilização de agrotóxicos pode se tornar uma dos maiores problemas ambientais do país.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram, em 2016, diretrizes para o combate ao uso de agrotóxicos no Mundo. De acordo com essas organizações, é preciso localizar os responsáveis pela maior parte das intoxicações humanas no Mundo e, em muitos casos, retirar o produto do mercado de forma gradual. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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