Abrigo abre campanha para que idosos possam receber presentes

Campanha em abrigo dos idosos pretende que todos os internos recebam o presente solicitado à comunidade neste ano

Postado em: 17-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Campanha em abrigo dos idosos pretende que todos os internos recebam o presente solicitado à comunidade neste ano

Thiago Costa 

Neste fim de ano quem se sente bem ao fazer caridade terá 72 possibilidades a mais para realizar uma boa ação. O Abrigo dos Idosos São Vicente de Paulo abriu, pelo quinto ano consecutivo, campanha para que pessoas apadrinhem desejos de presentes escolhidos pelos idosos assistidos pela unidade, que não consegue atender a demanda sozinha. 

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Durante a produção desta reportagem, ficou visível a alegria que os internos sentem quando há alguma movimentação diferente na instituição, o que afirma a necessidade da presença da comunidade com os que contribuíram para a sociedade que vivemos atualmente. Em cada entrevista para conhecer um pouco mais sobre o projeto, idosos e funcionários falaram da campanha com esperança. Enquanto conversavam com a equipe de reportagem, os idosos transmitiram claramente a mensagem de que eles existem. Estão vivos e gostam de atenção.

A interna Gláucia Araújo tem 73 anos e contou que foi parar na instituição porque, com a chegada da terceira idade, começou a enfrentar dificuldades para concluir tarefas simples de sobrevivência. “Eu pagava aluguel e morava sozinha. Minha filha, que sofreu um acidente e quebrou a bacia e o fêmur, chegou a mim e falou que não estava dando conta de fazer comida e todas as outras atividades de uma casa e que ela não conseguia me ajudar, então me orientou a procurar o abrigo”, conta a idosa que recebe visita da filha e da neta sempre que possível. Gláucia pretende ganhar muito amor e carinho neste Natal, mas não dispensa se alguém puder presenteá-la com uma blusa de frio, com botões ou zíper na frente, que seja de cor clara, fininha e não pinique.

Ana Karolina é diretora do abrigo e ressalta a importância das pessoas participarem do projeto. “No final do ano, geralmente no Natal, as famílias muitas vezes não vem e os idosos ficam até sem receber visitas. A gente passa por dificuldades financeiras e não conseguimos comprar presentes para eles. Para eles ganharem algum objeto que queiram, fazemos essa campanha para juntar a comunidade com a instituição e, ao receber essas doações, trazer o símbolo do Natal, que é a caridade e o amor. Não só os presentes, mas a atenção também. 

Eles gostam muito que passam o dia com eles, que os escute, além dos presentes que eles pedem, que vai desde uma simples camiseta até um aparelho de som que a instituição e a família não tem condições para dar, por isso pedimos apoio à comunidade. 

A diretora conta que nem todos os internos conseguem as doações dos presentes solicitados, o que faz a administração da unidade dividir as doações que um só idoso pode ter recebido. “Na campanha passada faltaram presentes, por isso neste ano estamos fazendo tudo bem específico. Quando a pessoa liga querendo apadrinhar um idoso e esse interno já recebeu o seu presente, orientamos a pessoa adotar outro idoso que ainda não foi apadrinhado. 

De acordo com Ana Karolina, os idosos pedem os mais diversificados presentes: camiseta, bermuda, tênis, chinelo, perfume, sapato, violão, entre outros objetos que cabem no bolso de qualquer pessoa. A grande variedade de opções é uma garantia a mais para que as pessoas se solidarizem e possam fazer a doação de uma maneira que caiba no bolso do padrinho. 

“No período natalino as visitas ao abrigo aumentam significativamente. Pedimos à população que essa presença não seja apenas no final do ano, mas também nos outros onze meses. Passamos necessidades durante o ano todo e os idosos também. Nos outros meses eles têm necessidades de uma roupa, um sapato, um carinho”, comenta a diretora. 

Solidão

Em relação ao pequeno número de visitas da sociedade no abrigo, Ana Karolina percebe nas pessoas que frequentam o local a sensibilidade que elas demonstram quando estão na unidade e sabe que este é um dos motivos pelos quais muitas pessoas não vão ao local, mas a coordenadora afirma que isso é comum, principalmente com universitários que cumprem estágio na instituição. 

Em relação a esse impasse, Ana Karolina afirma ainda que “precisamos abrir mais o coração e estarmos mais sensíveis aos idoso, pois não é fácil, principalmente por sabermos que muitos desses idosos são abandonados, mas eu acho que estamos aqui justamente para criar uma nova realidade. Se eles são abandonados pelas famílias, nós estamos aqui para que eles não sejam abandonados pela comunidade e por nós servidores”, finaliza Ana Karolina.

Célia Maria é cozinheira na unidade e garante que neste período de Natal eles ficam mais sensíveis por querer a família por perto, mas que a presença dos funcionários que os acolhem também os deixam felizes. “Além do amor que nós podemos dar, eles ficam muito felizes quando recebem os presentes de Natal e passam o dia todo falando sobre. Se deixar, ficam tão empolgados que sequer comem. Eles ficam muito felizes. Quando as pessoas que vieram entregar os presentes vão embora, eles ficam tristes” conta a funcionária da unidade. 

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