Museu Antropológico da UFG utiliza usuários para contar história

Instituição conta com mais de 150 mil peças arqueológicas, 15 mil documentos e aproximadamente seis mil artefatos indígenas

Postado em: 20-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Instituição conta com mais de 150 mil peças arqueológicas, 15 mil documentos e aproximadamente seis mil artefatos indígenas

Gabriel Araújo*

Buscando novas formas de interação, o Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG) trabalha com exposições que utilizam os usuários para construir a história. Na exposição Topos: espaços de Ewald Janssen, criada por estudantes de museologia da própria Universidade, o local faz o usuário “escalar” a formação da Goiânia, mostrando peças topográficas e documentais do surgimento dos bairros mais antigos da Capital.

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Dados cedidos pelo próprio museu constatam que mais de 150 mil peças arqueológicas, 15 mil documentos e seis mil artefatos indígenas fazem parte do acervo. No momento, o local sedia exposições sobre a formação da Capital e sobre processos étnicos que marcaram a constituição do próprio Estado de Goiás.

Além disso, devido ao incêndio ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o local está em busca de novas formas de financiamento para melhorar a segurança tanto dos usuários quanto das peças.

De acordo com o professor Manuel Ferreira Lima, diretor do museu, o local já tem um plano museológico preparado e deve apresentar uma nova biblioteca ainda este mês. “O museu completa 50 anos em 2019 e tem em seu plano museológico aspectos fundamentais para a constituição de uma instituição como essa: As atividades educacionais, que são ações com escolas e estudantes além da abertura do nosso espaço para a população, ações da coordenação de antropologia, que é responsável pelas pesquisas arqueológicas e antropológicas e ações da coordenação de museologia e documentação, que interage com o curso e faz um tratamento de artefatos”, afirma.

Ainda segundo ele, a instituição está sempre em busca de novas formas de financiamento para garantir uma melhor segurança tanto para as peças quanto para os próprios usuários. “O BNDS lançou um edital para financiamento de projetos de segurança em museus, mas não pudemos participar devido ao prédio não ser tombado. Então existe uma série de dificuldades que enfrentamos para melhorar as condições do museu, por isso buscamos opções junto ao Ministério da Educação (MEC) e até parcerias público privadas”, finaliza.

O Museu Antropológico é responsável pela salvaguarda e restauração de diversas peças utilizadas como lembrete da história goiana e brasileira. No acervo existem peças indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso, e do norte do Estado. Além disso, a instituição realiza estudos históricos com intuito de reestabelecer aspectos da cultura estadual. “Realizamos trabalhos em diferentes áreas, temos o laboratório documental e o etnográfico que são usados para a restauração de diversos intens. Por exemplo, muitas peças passam bastante tempo em exibição e apresentam algum tipo de desgaste, nesse caso já realizamos uma intervenção para garantir a qualidade da peça”, afirmou a restauradora da coordenação de museologia, Ana Cristina Santoro.

Visitando o museu com a filha, a técnica em mobilização ortopédica do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO), Adelina Vieira, de 51 anos, acredita que aprender sobre história é uma fase importante do desenvolvimento social. “Uma sociedade que não sabe sobre sua própria história não é um sociedade completa. É preciso entender sua própria história para que seja possível crescer”, completa.

Goiás

Somente o Estado de Goiás é responsável pela gestão de seis museus. Conforme dados cedidos pela Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) as quatro instituições presentes na Capital são o Museu da Imagem e do Som, Museu Zorosastro Artiaga, Museu Pedro Ludovico Teixeira e o Museu da Arte Contemporânea. No interior, o governo estadual é responsável pela gestão do Museu Ferroviário de Pires do Rio e do Museu Palácio Conde dos Arcos, ambos em cidades históricas.

Questionada sobre as condições dos museus, principalmente em se tratando da segurança quanto às peças, a Seduce afirmou que todos contam com tratamento adequado. “As unidades possuem segurança armada, monitoramento por câmera e extintores em suas dependências. Quanto aos profissionais da área, dois museólogos trabalham no Museu da Imagem e do Som, e um no Zoroastro Artiaga. No Núcleo de Biblioteca, Arquivo, Museu e Centro Cultural, há uma museóloga que atende todas as unidades vinculadas ao núcleo”, completa.

O Estado ainda afirma que os locais recebem atenções constantes. “Além da recente reforma do Museu Pedro Ludovico, estão sendo realizadas nas unidades do Centro Cultural Mariietta Telles Machado, na Praça Cívica, adequações das normas de funcionamento conforme estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros, serviço de pintura no MIS, Biblioteca Pio Vargas e Arquivo Histórico, além da manutenção do telhado no prédio do Centro Cultural Marietta Telles. No Museu Zoroastro foi feita reparos na parte elétrica, troca da fiação e manutenção do telhado”, conclui. 

Incêndio no Museu Nacional eleva preocupações históricas de especialistas 

No final do último mês de outubro, o Ministério Público federal (MPF) expediu recomendações de prevenção e combate à incêndio para museus em seis estados, incluindo dois em Goiás. De acordo com o órgão, documentos foram encaminhados para os museus de Arte Sacra da Boa Morte e Das Bandeiras, ambos localizados na Cidade de Goiás.

O MPF pede a elaboração dos planos de prevenção e combate a incêndio e pânico e de gerenciamento de riscos e recomenda que os projetos sejam aprovados pelos Bombeiros e pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Os prazos para elaboração dos projetos vão de 90 a 180 dias e a implementação deve ocorrer em, no máximo, um ano. 

As recomendações foram feitas por meio de uma ação coordenada da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do MPF. Batizada de Manutenção de Prédios Históricos em Risco, a ação tem por objetivo fiscalizar o estado e as condições de manutenção de museus situados em prédios históricos de todo o país.

A equipe do O Hoje entrou em contato com a assessoria de imprensa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) por meio de email questionando a produção do plano de ação contra incêndio nos museus de Arte Sacra da Boa Morte e Das Bandeiras. 

O órgão afirmou por meio de nota que a segurança é uma preocupação do Ibram desde sua criação em 2009 e tem sido foco de investimentos em adequações estruturais. “O Ibram acatou a recomendação do Ministério Público Federal para os Museus de Arte Sacra da Boa Morte e das Bandeiras, considerando as ações que já vinham sendo foco do Instituto, e espera atender os prazos para elaboração e execução conforme a realidade específica de cada um dos museus – que possuem situação bastante diversa quanto à localização, porte, caracterização física e diagnóstico de riscos, entre outros”, completa.

O incêndio que destruiu 90% do Museu Nacional, ocorrido a pouco mais de dois meses e meio, destruiu um acervo de mais de 20 milhões de itens responsáveis por contar tanto a história nacional quanto a história de diferentes regiões do mundo.

Ao todo, 19 museus estão sendo acompanhados por meio de procedimentos instaurados no âmbito da ação deflagrada nacionalmente pela após o incêndio do Museu Nacional. São alvo da primeira fase da ação os 30 museus federais situados em prédios históricos tombados, todos eles administrados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) (Com informações da Agência Brasil) 

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