Guerra fiscal entre estados leva parte da Unilever para Minas

Especialistas acreditam que decisão foi “pontual” e não deve motivar novas mudanças

Postado em: 20-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Especialistas acreditam que decisão foi “pontual” e não deve motivar novas mudanças

Não foram revelados quantos funcionários serão demitidos em Goiás. Prédio onde ficava localizado a fábrica em Goiânia era alugado

Felipe André*

A saída da Unilever de Goiás, após 12 anos em território goiano, não deve ser motivo de alarde para o Estado, ao menos é o que confirmam analistas ouvidos pelo O Hoje. As linhsa de produtos Hellmann’s e Arisco vão ser transferidas para o interior de Minas Gerais, em Pouso Alegre, cidade localizada à 391km de Belo Horizonte. Essa mudança vai gerar 200 empregos diretos e 150 indiretos ao Estado que anunciou um investimento de R$ 127 milhões para expandir da fábrica atual. Não foram revelados quantos funcionários serão demitidos em Goiás. 

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A decisão que foi anunciada pelos diretores da multinacional revelou que o governo de Minas Gerais ofereceu benefícios para o retorno da linha de produtos Hellmann’s e Arisco. Ela terá isenção de tributos como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por cinco anos, do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e de taxas de fiscalização sobre as obras. Além do mais o prédio que ficava localizado a fábrica em Goiânia era alugado.

O economista Everaldo Leite encarou a mudança como natural para a multinacional. “As empresas buscam localizações onde os custos de operação são menores. A guerra fiscal prejudica todos os Estados, mesmo para Minas Gerais, para onde irá o investimento, a renúncia de receita é ruim. Na conta geral, desemprega-se aqui e gera-se a mesma quantidade ou menos de empregos lá. De qualquer forma, no caso da Unilever, ela está dando um passo positivo rumo à proximidade ao grande centro consumidor do país e se valendo ao mesmo tempo de melhores condições tributárias. A redução de custos fica bastante clara nesse processo de mudança”.

O especialista em finanças e professor de MBA em Gestão de Negócios, Controladoria & Finanças Corporativas do IPOG, Elemar Pimenta também se pronunciou ao jornal O Hoje sobre a saída da multinacional. “Não podemos falar em nome da Unilever, mas até onde é conhecido não teve nenhum problema com o Estado de Goiás, acredito que tenha sido decisão da diretoria por seus motivos, logísticas, para ficar perto do centro de grandes consumidores, foi mais uma questão de estratégia. Entretanto, com certeza é um impacto negativo para nosso Estado”.

Mercado

Apesar do retorno para Minas Gerais, a saída não deve influenciar diretamente o mercado goiano. “Não é a saída dela que vai fazer com que Goiás busque novas empresas, isso já é feito, como novos polos, empresas, que geram renda, atraem tecnologia, entre outros aspectos”, completou Pimenta.

Segundo o presidente da cadeia de suprimentos da Unilever, Renato Miatello, a mudança “faz parte da estratégia da empresa. Nós estamos centralizando tanto a produção como a distribuição em algumas áreas do Brasil. E um dos lugares escolhidos, pelas condições que a cidade oferece é exatamente aqui em Pouso Alegre”.

“O contexto mudou. A Univeler Brasil vendeu o negócio de tomates para outra empresa e hoje somente a planta de maionese está lá (em Goiânia) em prédio que não é nosso. Além disso, o volume de produção de maionese é três vezes maior, o que demanda mais infraestrutura”, completou Miatello.

De acordo com Renato, a escolha da cidade, no interior de Minas Gerais, foi considerada pela geografia, facilidade de acesso e proximidade com grandes centros consumidores, além disponibilidade de energia – questão recorrente em Goiás – e qualidade na mão de obra. A linha de maionese Hellmann’s deixou Pouso Alegre em 2006. Mas agora, 12 anos depois, os diretores da empresa reforçaram que o portfólio e a demanda de produtos da marca cresceu três vezes nesse período. Com isso, o faturamento deve ter um acréscimo de R$ 290 milhões no próximo ano e de R$ 1 bilhão em 2020. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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