Feirantes do Mercado Aberto cobram revitalização do local

“Não temos porta de entrada com a prefeitura, não vem ninguém aqui. O mercado está ficando vazio”, lamenta Valdir Luiz, representante dos feirantes

Postado em: 22-04-2024 às 11h27
Por: Rauena Zerra
Imagem Ilustrando a Notícia: Feirantes do Mercado Aberto cobram revitalização do local
O local tem espaço para abrigar até 1.500 barracas, entretanto, atualmente conta apenas com 150 | Foto: Valdir Luiz

Quem caminha pelo centro de Goiânia se depara com o tradicional Mercado Aberto, localizado na Avenida Paranaíba, o lugar oferece uma diversidade de produtos. Inaugurado em 2003, o Mercado Aberto se destaca como um dos principais pontos de comércio popular na capital. Entretanto, os  feirantes locais expressam insatisfação com as condições do mercado. Eles destacam diversos problemas, como a presença de moradores de rua, a falta de manutenção pela prefeitura, e a necessidade urgente de melhorias na estrutura e na limpeza do local. “A estrutura está pedindo socorro, sujeira nas paredes”, revelam os feirantes. 

O mercado se estende ao longo das ilhas na Avenida Paranaíba, englobando as áreas entre as Ruas 68 e 74. Esta localização se encontra tanto à direita quanto à esquerda da Avenida Goiás, sendo identificadas como Canteiro 1 (da Rua 74 até a Avenida Goiás) e Canteiro 2 (da Avenida Goiás até a Rua 68). As dimensões dessas áreas são de 4.593,69 m² e 4.591,34 m², respectivamente, totalizando 9.185,03 m², divididos em seis segmentos (A, B, C, D, E e F).

Atualmente, a feira conta com um total de 150 barracas, que oferecem uma diversidade de mercadorias que vão desde vestuário e acessórios até alimentos. No entanto, o espaço tem capacidade para comportar 1.500 barracas.

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Em entrevista à nossa reportagem, os feirantes compartilharam que há anos esperam por melhorias no local. Valdir Luiz, dono de uma barraca de moda feminina, ressaltou que está presente no local desde a abertura, sendo considerado um representante pelos demais colegas. Ao longo desses anos, lembra-se de apenas duas reformas realizadas. Ele destaca que os feirantes se sentem abandonados.

Ele menciona também sua tentativa de dialogar com a prefeitura em busca de melhorias, e até mesmo diz que procurou a secretária de cultura. Ele acredita no potencial do espaço para se tornar um importante centro cultural, capaz de sediar eventos do setor e atrair o público, bem como interessados em alugar as barracas disponíveis. “Não temos essa porta de entrada com a prefeitura, não vem ninguém aqui. O mercado aberto está ficando vázio”, lamenta.  

Outra questão destacada pelos feirantes é a falta de segurança. Divânio Ferreira, que também é dono de uma barraca na feira, menciona que o local é bastante frequentado por pessoas em situação de rua. Ele relata que os feirantes já passaram por ameaças por parte dos sem-teto.“Eles usam o nosso banheiro e deixam tudo sujo e depredado. 

O espaço dispõe de um total de 12 banheiros, divididos igualmente em 6 para homens e 6 para mulheres. No entanto, é necessário reformar os banheiros, pois alguns deles estão sendo ocupados por moradores de rua, inclusive para tomar banho, o que é proibido. Um dos banheiros nessa situação fica localizado entre a Av. Goiás e a rua 74. Os outros 5 banheiros masculinos e 5 femininos estão em condições críticas, mas ainda são utilizáveis. “Os sanitários estragam com frequência e não conseguimos apoio da prefeitura para arrumar. Na maioria das vezes temos que improvisar”, explica. 

Para resolver essa questão, eles propõem que a prefeitura disponibilize banheiros químicos para os moradores de rua. Dessa maneira, evitariam a necessidade de limpar a sujeira deixada por eles. Os feirantes destacam que a equipe de limpeza do paço municipal não entra normalmente para fazer a limpeza dentro da feira, cabendo aos próprios comerciantes cuidar de toda a limpeza e manutenção do local. 

Ainda conforme relatado por eles, apesar de o Mercado Aberto está lidando com diversas questões, a falta de segurança é o ponto que demanda maior atenção. Os empreendedores alegam que ao solicitar a assistência da guarda municipal, precisam fazer por  ligação e, em alguns casos, a ajuda demora a chegar. Além disso, mencionam que, para se sentirem mais protegidos, alguns optam por contratar segurança privada, mas essa opção nem sempre é viável para todos. 

Divânio pontua que faz parte do grupo de comerciantes da feira desde 2016 e afirma ter percebido uma diminuição nas vendas durante os anos de 2022 a 2023. Na sua opinião, a ausência de medidas de segurança e conservação do espaço tem afugentado a clientela. “ As minhas vendas caíram mais de 37% nesse período”.

Os feirantes também ressaltam que a revitalização do centro de Goiânia, anunciada pela prefeitura, ainda não os alcançou. Eles afirmam desconhecer se o local será  contemplado no plano ou se será mais uma vez negligenciado pelo poder público. 

Os comerciantes garantem estar em dia com os impostos e cumprir suas responsabilidades com a prefeitura. Por isso, esperam receber a devida atenção do governo local, pois o espaço é responsável pela geração de renda, empregos e, consequentemente, contribui para o crescimento do PIB municipal. “Estamos em um espaço tão importante quanto as outras áreas do centro, então precisamos ser incluídos nas decisões”, finaliza Valdir.

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