Reforma da Praça do Trabalhador é questionada por feirantes

Há muito prometida, obra deve diminuir o número de comerciantes da Feira Hippie

Postado em: 21-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Há muito prometida, obra deve diminuir o número de comerciantes da Feira Hippie

Feirantes reclamam que o projeto de reforma da Praça do Trabalhador deve diminuir o espaço destinado à montagem das barracas na Feira Hippie

Gabriel Araújo*

A reforma da Praça do Trabalhador, prometida desde gestões passadas, já causa movimentações contrárias ao novo projeto do local antes mesmo de ser iniciada. A obra foi anunciada pela prefeitura de Goiânia como parte da ampliação da Avenida Leste-Oeste e deve alterar por completo o local, que contará com estacionamento e será cortada pelo início da Leste-Oeste.

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Para o presidente da Associação dos Feirantes, Valdivino Silva, o projeto vai interferir na capacidade do local e acabar diminuindo a quantidade de feirantes, passando de 5.885 para 4.224 bancas. “Esse projeto hoje, com a passagem da Leste-Oeste diminuiu o espaço da feira e nós não teremos condições de agasalhar 1.600 pessoas, que vão ficar desalojadas”, afirmou.

De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Planejamento, Henrique Alves, a obra está orçada em R$ 6,6 milhões e deve ouvir a população para melhorar a produtividade do local. “Embora o projeto esteja em fase de licitação, há possibilidade de ajustes, desde que se respeito o valor já orçado para as obras”, conta. 

Conforme informado pelo presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Jairo Gomes, a obra é de fundamental importância para a Região da 44. “Será uma requalificação da praça para melhor atender os turistas de compras. A questão de estacionamento para ônibus de turismo, uma antiga reivindicação dos comerciantes da região, será contemplado”, lembra.

O prolongamento da Avenida Leste-Oeste é um projeto antigo, que tem previsão de início assim que as desapropriações sejam completas. A via vai partir da Praça do Trabalhador até o Jardim Novo Mundo, próximo à divisa de Senador Canedo, e tem um valor de R$ 70 milhões, sendo metade proveniente do governo estadual e metade do municipal. 

A prefeitura já conta com o projeto de engenharia do novo trecho, de pouco menos de 10 quilômetros e, após a assinatura do convênio, a expectativa é que a obra possa ser concluída em até 20 meses, mas o cronograma pode atrasar caso haja necessidade de interrupção dos trabalhos no período chuvoso. O prefeito ainda lembrou que a expansão da via é um marco na mobilidade urbana da cidade. “Ligará Goiânia a Senador Canedo, duas das maiores cidades da Região Metropolitana e que concentram centros de indústria de importância nacional”, explicou.

BRT

A construção da via específica para o Bus Rapid Transit (BRT), obra que deve ligar Goiânia à Aparecida de Goiânia atendendo 148 bairros com 93 ônibus, segue de forma lenta. O BRT, quando pronto, deve contar com 28 veículos articulados e 65 convencionais divididos em quatro linhas para atender cerca de 120 mil pessoas por dia.

Segundo o Consórcio BRT, as obras estão sendo executadas no trecho norte entre o Recanto do Bosque e a Praça do Trabalhador. Esta etapa, conforme o órgão, será finalizada no fim deste ano. “Sobre os recursos, a Secretaria de Infraestrutura de Goiânia reforça que todos estão garantidos para a conclusão do trecho”, completou.

Com o termino das obras inicialmente previsto para o fim do primeiro semestre de 2017, os trabalhos do BRT ficaram paralisados por quase um ano devido a irregularidades na licitação. No último mês de março o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), assinou o termo de serviço com as alterações previstas pelo Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público Federal (MPF), mas as obras devem ser completas somente em outubro de 2020.

De acordo com o prefeito na época, a primeira parte do trecho entre o setor Balneário Meia Ponte até a Rodoviária está prevista para ser entregue até o aniversário da Capital. De acordo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o Município de Goiânia e o Consórcio BRT-Goiânia devem adotar um plano de obras que contemple a completa conclusão do Subtrecho Norte do trecho II, entre a Avenida Independência e o Terminal Recanto do Bosque, antes de dar início às obras do Subtrecho Sul, entre a Avenida Independência.

Reforma toma conta da área externa da Estação Ferroviária 

A restauração da Estação Ferroviária descobre detalhes sobre antiga construção em estudos realizados durante a obra. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), intervenções passadas alteraram prédio original, que conta com 68 anos desde a inauguração. A obra, que teve início em meados do último mês de janeiro, segue dentro do prazo e deve ser entregue à população no início de 2019. Resaturação está orçada em R$ 5,8 milhões e contempla a recomposição da estrutura original a partir de dados históricos coletados pelo Instituto.

De acordo com o órgão, diversas partes do prédio foram alteradas, desde a disposição das janelas, altura do piso, cor e telhado tiveram mudanças constatadas. Em visita, a equipe do O Hoje foi informada que a construção realizada durante o governo de Mauro Borges passou por diversos estudos para a definição de um projeto e que, pesquisas continuam para que local possa ser reestruturado sem perder a essência cultural e histórica.

A atual restauração é realizada a partir de três linhas de atuação. Primeiramente foram realizadas as análises que levaram as definições do projeto inicial e, com isso, foram iniciados os trabalhos de restauro artístico, no caso a primeira etapa da restauração dos dois murais pintados pelo Frei Confaloni. “Essas obras sofreram bastante com a infiltração e com o musgo causado pela água, precisando de uma intervenção dos restauradores e, agora, só precisamos definir a saturação das obras”, afirmou a coordenadora técnica do Iphan, Beatriz Otto Santana.

Outra linha de atuação é a restauração do próprio edifício, que ainda está sendo estudado para a definição das formas de trabalho. O local estava abandonado e tem como principal problema a infiltração da água acumulada nas lajes, o que chegou a afetar as estruturas de concreto. “As calhas estavam entupidas e isso gerou o acúmulo de água, já fizemos um tratamento químico para por um fim a oxidação e agora vamos reforçar a estrutura”, completou a Beatriz, que é arquiteta.

A última etapa da obra é a requalificação do entorno, que também faz parte do projeto. Neste caso, primeiro foi realizado um estudo arqueológico do local. “É praxe em obras do Iphan os levantamentos e estudos. Aqui na Estação fizemos uma análise arqueológica para entender melhor alguns pontos da própria história do local, além de estudar o próprio prédio para descobrir quais foram as cores originais e os tipos de materiais utilizados”, conta.

O local estava abandonado e era utilizado por usuários de drogas e moradores de rua. Segundo Beatriz, um dos principais aspectos da restauração é o uso dado ao local. “O projeto contempla a instalação de um espaço para exposição, Centro de Atendimento ao Turista (CAT), além de um Atende Fácil e do escritório da Divisão de Requalificação Urbana e Patrimônio da prefeitura”, afirma. “Portanto, uma pessoa pode, ao utilizar um dos atendimentos da prefeitura, visitar a exposição”, completa. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian).

 

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