Municípios veem vantagens em saída de médicos cubanos

Novo edital de contratações de médicos se torna em “luz no fim do túnel” em pequenos municípios goianos

Postado em: 21-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Novo edital de contratações de médicos se torna em “luz no fim do túnel” em pequenos municípios goianos

Em Goiás, a cidade que mais conta com médicos cubanos é Valparaíso, com 14 profissionais

Felipe André

A decisão de Cuba de retirar os médicos atuantes no programa Mais Médicos, do governo federal, continua repercutindo. Desta vez, o presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), prefeito Kelson Vilarinho revelou que os municípios goianos encontraram uma “luz no fim do túnel” com o novo edital para 8.517 mil vagas que foi lançado nesta terça-feira (20), buscando substituir os cubanos com brasileiros e mantendo o salário.

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O novo edital deve suprir a carência gerada, principalmente no interior do estado. “O gasto fica separado em 25% para a educação e 15% para a saúde, mas as prefeituras têm estourado o orçamento para cobrir os gastos da saúde, isso se torna um problema para fechar as contas no fim do ano. Essa alternativa [novo edital] que o governo está criando, as 8,5 mil vagas criadas para brasileiros e formados fora, acreditamos que vá suprir”, ressaltou Kelson.

Além do salário se manter o mesmo, Kelson Vilarinho revelou que essa decisão vai ser benéfica para o país também na questão econômica. “Toda a situação estava nebulosa, mas com essa alternativa do governo acreditamos que vai solucionar o problema, além dos médicos ganharem o mesmo salário, vai gerar também imposto de renda que vai ficar no Brasil e o dinheiro não vai para Cuba, vai rodar dentro do próprio país, foi um tiro que não saiu pela culatra”.

As 8.517 vagas serão distribuídas em todo o país, sendo 202 vagas para o Estado de Goiás, que conta com o maior número de cubanos em Valparaíso de Goiás, cidade localizada à 191km da capital goiana. 14 médicos cubanos atuavam nas unidades públicas de saúde. Em segundo lugar está Aparecida de Goiânia, com 10 e, em terceiro, Luziânia, com nove. O programa funcionava em 37,8% dos municípios goianos e atendia cerca de 2,1 milhões de pessoas.

Saída

Para o governo cubano, a saída se da após “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” realizadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) à capacidade dos profissionais. “O Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do Programa Mais Médicos e assim comunicou à diretora da Organização Pan-Americana de Saúde [Opas] e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam a iniciativa”, afirma o órgão.

Cuba pretende retirar os mais de 8 mil profissionais de forma gradativa, iniciando no próximo dia 25 até 25 de dezembro. O Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras. De acordo com o Governo Federal, existe uma ordem de convocação para profissionais, sendo que os brasileiros formados no país e no exterior com registro no Brasil são os primeiros, além de médicos estrangeiros formados no país. A convocação de médicos cubanos só ocorria após e, apenas, se vagas sobrarem. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

Seleção terá limitador de vagas por município 

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou nesta segunda-feira (19) que o edital para a convocação de profissionais que vão substituir os cubanos no programa Mais Médicos ocorrerá de forma diferente. Para garantir a transferência de médicos para as cidades onde atuam os profissionais de Cuba, o governo vai criar um limitador de vagas para cada município.

O anúncio foi feito durante encontro do presidente Michel Temer com prefeitos na sede da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília, ocasião em que Occhi assinou uma norma permitindo a liberação do edital, que será publicado amanhã (20) no Diário Oficial da União.

Ao todo, o edital disponibilizará 8.500 vagas a serem oferecidas a todos os médicos que têm CRM, brasileiros ou estrangeiros formados no Brasil. (Agência Brasil)  

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