Jovem morre em decorrência de doença rara em Goiás

Meningite fúngica que matou estudante goiano pode ser contraída pelo ar-condicionado

Postado em: 21-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Meningite fúngica que matou estudante goiano pode ser contraída pelo ar-condicionado

Carlos Aurélio morreu após contrair meningite fúngica

Thiago Costa

O estudante goiano Carlos Aurélio Tancredi Araújo Filho, de 20 anos, morreu nesta semana em um hospital particular de Goiânia após ser diagnosticado com meningite fúngica. Após sentir fortes dores de cabeça, o jovem que era acostumado a se automedicar procurou a família, que o levou a profissionais da neurologia. Após sofrer convulsão dentro do consultório médico da área de saúde que fica no Setor Aeroporto, Carlos passou 10 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu. 

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A reportagem entrou em contato com o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz, que afirmou que a meningite fúngica não é transmissível pelo contato humano. Normalmente, pessoas contraem a doença em ambientes naturais. “Um exemplo de como pode-se contrair a meningite fúngica é permanecer em um ambiente fechado que o ar condicionado esteja instalado do lado de fora da casa. Caso pombos tenham feito ninho e defecado na parte externa do equipamento, a pessoa pode respirar aquele ar contaminado e contrair a doença”, afirma o infectologista. 

Quatro dias após a morte do estudante, a irmã de Carlos contou à imprensa local que “ele não era de se render a qualquer dor, e se medicava sempre quando sentia algo. Desta vez, após o período eleitoral, foi igual. As dores na cabeça eram controladas com uso de Paracetamol, mas o que era para acabar com o tempo, se agravou”, contou Bruna Tancredi. 

Acontece que, quando o estudante retornou para a Capital para continuar os estudos, sentiu-se muito mal e resolveu entrar em contato com a irmã, que o levou para sua casa e a família do rapaz começou, então, a procurar ajuda médica para descobrir quais os motivos das fortes dores que Carlos sentia. 

De acordo com Boaventura, são locais com fezes de morcegos e pombos os mais propensos para contaminar o ser humano. Em relação a sobrevivência do paciente que tenha contraído a doença, o infectologista explica que a evolução do quadro clínico depende de cada caso, mas que, infelizmente, a doença tem um número significativo de vítimas fatais. Meningite Fúngica não é uma doença comum em Goiás, nem no Brasil. 

Locais públicos

Perguntado sobre a situação da rodoviária de Goiânia, que vivem muitos pombos e é comum que esses animais sobrevoem os que passam pelo local, inclusive na parte que fornece lanches e alimentação aos passageiros que aguardam o embarque ou que chegam dos seus destinos, Boaventura disse que não é comum contrair a doença em lugares arejados como a rodoviária de Goiânia, mas afirmou que não é um caso a se descartar e que sempre há a preocupação por conta desses animais.

Sintomas diferentes 

Os sintomas da meningite popularmente conhecida são distintos da meningite fúngica. O infectologista destaca na fúngica: dor de cabeça, náuseas, vômitos e processo gradual de alteração da orientação sensória como os principais sintomas da doença contraída principalmente ao respirar em locais com fezes de animais como pombos e morcegos. 

Tratamento 

Boaventura garante que a rede pública de saúde de Goiás tem capacidade suficiente para tratar desses casos. “O paciente diagnosticado com doenças fúngicas normalmente é enviado para o Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad  (HDT) que tem competência para o atendimento, mas não da para afirmar se o paciente sobreviverá. Só a evolução do quadro clínico para confirmar a cura, que pode acontecer, dependendo do sistema imunológico de cada paciente”, comenta o infectologista. 

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