25% das multas de trânsito de Goiânia são por excesso de velocidade

A máxima de que o goiano não sabe dirigir perdura até os dias de hoje como um fantasma que assombra a mobilidade urbana de Goiânia, um que ainda ceifa dezenas de vidas todos os meses. Se o comportamento de trânsito da Capital goiana for comparado com outras capitais, é até possível se dizer que “não existe amor em gyn”. Tal constatação se baseia no aumento de infrações de trânsito na Capital, em especial em condução acima da velocidade permitida em zonas mais fiscalizadas como na chamada “Zona 40” no Centro de Goiânia. 

De acordo com a apuração do jornal O HOJE com dados cedidos pela Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), entre os meses de janeiro a março houveram mais de 137.336 descumprimentos com as leis de trânsito com a condução acima da velocidade. Este número do início de 2024 já representa cerca de 30% do valor obtido no ano inteiro de 2023, com 441.281 casos desta mesma infração na Capital. Durante o mesmo período houve cerca de 110.195 casos, um aumento de 24% no mesmo período.

De acordo com Marcos Rothen, Professor de Engenharia de Mobilidade do Instituto Federal de Goiás (IFG), o comportamento de direção dos goianienses com o desacato às leis de trânsito é algo cultural e que precisa ser remediado. Parte disso, culpa na sub fiscalização das vias da cidade e a priorização de setores centrais da de Goiânia. “O goianiense ficou muito acostumado com a falta de fiscalização das leis de trânsito. Se comparar com outras Capitais como São Paulo, não há tantos casos de desrespeito com as leis porque sempre tem alguma câmera ou fiscal que multa”. 

Além disso, comenta como este efeito da sub fiscalização prejudica a vida das pessoas, em especial de pedestres que deveriam ter preferência. Como foi divulgado pelo jornal O HOJE em 1º de março de 2024, nos dois primeiros meses de 2024 houveram mais de 6 mil internações por atropelamento em Goiânia. Estes casos mostram um efeito do desacato às leis de trânsito.

Outro ponto que comenta são as falhas da fiscalização da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) com setores goianienses. De acordo com ele, grandes avenidas e cruzamentos como a T-7, T-63 possuem trechos sem a fiscalização adequada, permitindo que condutores façam conversões ilegais como a invasão do sinal vermelho. Também fala como este quadro está vinculado com problemas estruturais da própria pasta, em fala, diz que o tamanho da equipe não condiz com o tamanho necessário. Para ele, é necessário também uma maior presença da equipe da pasta em autuar violações além de fiscalizar trechos com anomalias como vias em obras e semáforos sem energia. 

Enquanto isso, Rodrigo Mota, Diretor de Trânsito da SMM, fala que este aumento das multas é por conta de uma “regularização” da quantidade de multas de trânsito que são registradas na Capital. “Por causa da pandemia tivemos uma diminuição de ocorrências e estamos agora retornando a patamares anteriores à pandemia”, afirma o gestor da pasta.

Mas explica que medidas já foram tomadas para diminuir essa grande quantidade de acidentes e violações. Como ele diz, a Zona 40 já foi pensada como uma forma da diminuição de acidentes como atropelamentos. De acordo com ele, fala que já possuem resultados positivos desta mudança implementada em 2016. De acordo com dados da SMM, houve uma queda perceptível de acidente em um ano após sua criação, de 65 para 13 ocorrências.

Também, fala de uma ação que será feita no mês de maio em escala nacional intitulada de “Maio amarelo”. Essa ação de educação visa a conscientização do trânsito bem como a ações educativas nas escolas do município com palestras e atividades. Durante quatro semanas serão escolhidos temas que mais possuem incidência de trânsito, como: álcool na direção, condução acima da velocidade permitida, direção com aparelho telefônico e respeito aos pedestres.

 Já a nível estadual também há a prevalência de casos de condução acima da velocidade. Como foi apurado pelo jornal O HOJE com dados do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), foram 623.585 casos de transgressão com a condução acima da velocidade permitida no primeiro trimestre de 2024, enquanto no mesmo período de 2023 houveram 444.556, um aumento de 40%.

 Segundo o presidente do Detran-GO, Delegado Waldir, para o jornal O HOJE, esta infração de trânsito é a mais comum em Goiás, seja em Goiânia ou no interior do estado. Porém, fala que um dos motivos deste aumento é por causa da maior presença de radares e semáforos nos meios urbanos se comparado ao interior do estado. 

Para ele, a principal forma de combater este aumento é em campanhas educativas no estado para trazer mais empatia no trânsito. Como exemplo, fala de ações do departamento em levar as leis de trânsito nas escolas estaduais, um programa com parceria da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Contudo, afirma que a fiscalização e a punição continua sendo a principal forma de educação dos condutores que quebram as leis. “Para a gente, a melhor forma de educar essas pessoas é eles receberem vários boletos de multa de uma vez e ter a carteira suspensa por seis meses”, afirma o gestor.