Descaso com gestão do Hutrin preocupa médicos e pacientes

Mudança na administração do HUGO é exemplo de descaso e preocupa corpo médico do Hutrin

Postado em: 24-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mudança na administração do HUGO é exemplo de descaso e preocupa corpo médico do Hutrin

Gabriel Araújo*

Os profissionais atuantes no Hospital Estadual de Urgências de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hutrin) estão há três meses sem receber salário, alguns não recebem há cerca de cinco meses. De acordo com médicos que preferem não se identificar, a falta de pagamento se dá a um suposto apoio da Organização Social (OS) à candidatura de oposição ao atual governo.

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Diversos profissionais já pediram demissão devido à falta de pagamentos, o que acarretou em um déficit de profissionais na unidade. “Meu último pagamento foi referente ao mês de agosto. O triste é que muitos médicos dedicam 80% de seu tempo no Hutrin, não têm outro trabalho e precisam do dinheiro”, lembra outro profissional.

Para o corpo médico, os repasses deixaram de ser feitos para o Instituto Gerir, responsável pela gestão do local, devido a um suposto apoio à candidatura de Ronaldo Caiado (Dem). “A Secretaria de Saúde passou a fazer ‘pirraça’, e a atrasar os repasses aos hospitais administrados pela empresa, sem outra causa justificável”, conta.  “Começou a faltar recurso para material e medicamento, além dos salários. Está muito difícil”, completa.

Conforme informado, muitos profissionais já se demitiram e a unidade sobre com a falta de médicos. Hoje, seriam necessário três plantonistas contínuos e um médico na enfermaria, o que não ocorre há meses. “O diretor geral pediu demissão no mês passado e até hoje não contrataram outro. Trabalho aqui há mais de um ano e a unidade está esse tempo todo sem diretor clínico. O diretor técnico precisa assumir esta parte também, e não consegue atender toda a demanda devido à sobrecarga”, afirma.

Problemas na gestão também são indícios de falhas futuras na prestação de serviços, o que vai comprometer o atendimento à população. 

Além da falta de profissionais, o local tem um grande déficit de medicamentos, o que prejudica ainda mais o atendimento. “Falta também muitos remédios, e a SES não se posiciona. Sempre nos prometem pagamento, e nada. Acho sim que os médicos que saíram da escala de plantão sofreram retaliações, o que é revoltante”, afirma outro profissional.

Mudança de contrato

Questionada sobre a situação do local, a Secretaria do Estado da Saúde (SES) afirmou que a gestão do local passará a ser de responsabilidade do Instituto CEM. “Os valores [não repassados] foram anulados para a realização dos ajustes financeiros do contrato”, completou nota da entidade.

Uma outra preocupação é o que vem ocorrendo no Hospital de Urgência de Goiânia (HUGO), que sofre com péssimas condições devido à mudança de gestão. O local enfrenta falta de iluminação, lixo acumulado e serviços que não são realizados há dias. 

Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde), Flaviana Alves, a situação é complexa e mostra o descaso dos responsáveis pela gestão. “A nova OS que irá administrar o Hugo e o Hugol, Haver, não pode tomar conta porque ainda não assumiu. A SES diz que está fazendo de tudo, mas pelo caos no qual a unidade se encontra, é lógico que falta coisa. Enquanto isso, a Gerir não fala nada além de que tem dinheiro a receber do Estado”.

O Instituto Gerir afirmou, por meio de nota, que a SES deve R$ 54.183.831,85. “Sendo que, desde total, o Estado já informou que não pagará R$ 21 milhões, alegando suposto descumprimento de metas por parte da OS. A própria Justiça Federal, em reiteradas decisões, já reconheceu que é impossível manter as metas pactuadas entre o Gerir e a SES para as duas unidades, diante dos constantes atrasos de repasses do governo à OS – e que motivaram esta última a solicitar, no dia 26 de outubro, a rescisão do contrato de gestão”.

Em relação ao Hugo, o Instituto afirma ter recebido da SES somente R$ 5 milhões. “Os valores são insuficientes para o custeio de todas as despesas das duas unidades e esta informação foi levada por diversas vezes ao conhecimento dos gestores da pasta e à comissão por ela criada, para acompanhar os pagamentos a fornecedores, terceirizados e colaboradores”. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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