Fila por cirurgias cardíacas caminha a passos lentos

“Se não regularizar o serviço, gente vai morrer”, afirmou um cirurgião cardiovascular

Postado em: 26-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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“Se não regularizar o serviço, gente vai morrer”, afirmou um cirurgião cardiovascular

Emanuel Vinícius, de 3 anos, está com as veias do coração dilatadas e espera por mais de um ano

Felipe André*

Um levantamento informal mostra que 135 adultos e 48 crianças aguardam na fila para cirurgias cardíacas em hospitais da rede pública de Goiás. Segundo os médicos, o motivo do tamanho da fila seria o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já que seria menor do que gasto no procedimento. O Ministério da Saúde nega atraso e lentidão para a realização dos procedimentos.

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O problema pode gerar um resultado crítico. “Se não regularizar o serviço, gente vai morrer, infelizmente”, afirma o cirurgião cardiovascular Wilson Luis da Silveira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e diretor da Cooperativa dos Cirurgiões do Estado de Goiás.

Em todo o Estado, 12 hospitais são credenciais juntamente ao SUS para a realização de cirurgia cardíaca, oito delas apenas em Goiânia. “Crianças estão perdendo a vida por doenças tratáveis, que têm cura, e isso é revoltante, inadmissível”, lamenta a médica Mirna, especialista no tratamento de crianças. Ela também revelou que 321 crianças foram operadas no Hospital da Criança em 2017. Já neste ano, até outubro, ocorreram 126 procedimentos.

Uma das crianças que aguarda na fila a cirurgia Emanuel Vinícius Batista Carvalho Coutim, de 3 anos. Sua mãe, Lidiovani Batista, disse que o filho está com as veias do coração dilatadas e que está na espera por mais de um ano. “Meu Deus, quando vai ser e, até lá, o que vai acontecer com o meu filho, como ele vai ficar, será que vai ficar bem, será que vai passar mal de uma hora para outra? Sentimento que a gente tem por dentro é revoltante”, afirma Lidiovani.

Wilson afirmou que o estado informa 95 mil nascimentos por ano e que a cada 10, 1 criança nasce com algum tipo de cardiopatia, já implica em 950 crianças por ano, sendo que geralmente 70% desses casos requerem cirurgia, ou seja, 665. “Se considerarmos que 30% dos pacientes têm convênio, resta 465 do SUS. Pelos números, esse ano vamos operar 220 pacientes mais ou menos”, calcula.

Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde informou que desde 2010, mais de mil procedimentos tiveram o valor reajustado, além que “realiza periodicamente adequações na Tabela SUS, conforme prioridades estabelecidas e a partir de estudos técnicos”. O órgão também informou que os recursos federais estão em dia para todo o país.

A gestão do SUS é compartilhada entre a União, estados e municípios. “Os municípios são responsáveis pela execução dos serviços, por complementar o financiamento e pela organização da rede de assistência. São cerca de R$ 260 bilhões por ano investidos no setor, sendo que a participação da União representa o maior percentual (43%), seguida dos municípios (31%) e estados (26%)”.

A Secretária Municipal de Saúde de Goiânia informou através de nota oficial que os valores pagos para cirurgia cardíacas são definidos e repassados pelo Ministério da Saúde. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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