ONG luta contra a indiferença à fome em Goiás

Através de doações coletivas e parcerias locais, a Caminhos do Bem se mantém firme em sua missão de proporcionar alívio para aqueles que mais precisam

Postado em: 04-05-2024 às 12h00
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: ONG luta contra a indiferença à fome em Goiás
Da distribuição de cestas básicas às ações complementares, ONG oferece assistência integral às famílias carentes | Foto: Reprodução/@caminhosdobemgoias

Em meio ao cenário de crise e incertezas trazido pela pandemia de COVID-19, uma Organização Não-Governamental (ONG) surgiu com o objetivo de levar esperança, dignidade e transformação de vidas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. A Caminhos do Bem foi criada em 2020 e, desde então, tem se empenhado em atender àqueles que mais necessitam em Goiás.

Em entrevista concedida ao Jornal O Hoje, o fundador Paulo Henrique, compartilhou a história por trás da Caminhos do Bem. “Eu vi amigos ficando desempregados, pessoas indo pra rua buscar comida, eu fiquei olhando assustado e pensei que precisava fazer alguma coisa”, recorda o fundador.

Inicialmente, o projeto atendia apenas 10 famílias, mas em pouco tempo esse número saltou para mais de 500 famílias cadastradas. “A gente chegou a atender mil famílias, 1.200 famílias por mês. Tanto que a gente tem um cadastro de mais de 4 mil famílias”, revela.

Continua após a publicidade

Além da distribuição de cestas básicas, a Caminhos do Bem também realiza a entrega de refeições para moradores em situação de rua e famílias que aguardam atendimento em unidades de saúde. “Em torno desses quatro anos, em questão de cesta básica, marmitex, refeições que a gente doou, entre outras coisas, a gente conseguiu atender mais de 40 mil famílias, diretamente e indiretamente”, afirma.

Durante a pandemia, a ONG viu um aumento na empatia e nas doações da população, motivadas pela crise gerada pela doença. No entanto, com o passar do tempo, o fundador lamenta que “as pessoas acham que a fome não existe mais”.

Mas apesar dos desafios, a instituição continua suas atividades, graças a 70% do seu financiamento proveniente de doações coletivas realizadas por meio de campanhas nas redes sociais. Esse recurso é complementado por contribuições mensais fixas de ‘padrinhos’ e parcerias com empresas locais.

Segundo Paulo Henrique, a estratégia de captação de recursos inclui a criação de diversas campanhas temáticas, como as voltadas para agasalhos, ações do bem, Dia da Criança e Páscoa. Essa abordagem envolve a produção e divulgação de materiais como flyers e vídeos nas plataformas digitais.Ao efetuar as entregas, a entidade leva consigo serviços como pintura facial, assistência jurídica, brincadeiras, palestras, entrega de itens de higiene e lanche. Nas datas comemorativas, são distribuídos ovos de chocolate, brinquedos e kits de cuidados pessoais.

Esse conjunto diversificado de iniciativas demonstra o compromisso da ONG em oferecer um apoio integral à comunidade, aproveitando as doações recebidas para promover atividades que atendam a múltiplas necessidades.

A seleção das famílias a serem atendidas é feita em colaboração com outros grupos sociais da região metropolitana de Goiânia. “A gente se ajuda e coloca, por exemplo, ‘Maria Dulce Santos já pegou doação com vocês aí?’. Aí a gente também faz várias perguntas, pesquisa se recebe benefício, tenta colocar a área de trabalho e faz visita dependendo do caso”, explica.

Atualmente, além de Paulo Henrique, os diretores Kiones Pereira e Yuri Veiga coordenam as atividades da ONG. “Eu não falo que o Paulo é presidente, nem o Kiones, nem o Yuri, somos diretores, somos diretores para coordenar uma equipe de qualidade em benefício das pessoas que necessitam da nossa ajuda”, conclui Paulo Henrique.

Uma em cada três sofre com insegurança alimentar 

Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelou que a insegurança alimentar atingiu um número alarmante de brasileiros, chegando a 70,3 milhões. Esse dado refere-se ao período entre 2020 e 2022, incluindo o impacto da pandemia de Covid-19.

Uma em cada dez famílias brasileiras enfrenta insegurança alimentar moderada ou grave, o que representa mais de 20 milhões de pessoas vivendo com escassez ou falta de acesso regular a alimentos, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, 7,4 milhões de famílias (9,4% do total) tinham insegurança alimentar moderada ou grave no último trimestre de 2023. Isso significa que essas residências convivem com a redução na quantidade de alimentos consumidos ou com a ruptura em seus padrões de alimentação.

Apesar desse cenário preocupante, a situação de segurança alimentar no país apresentou melhora em comparação aos últimos anos. O percentual de domicílios em situação de segurança alimentar subiu de 63,3% em 2017/2018 para 72,4% em 2023. Já a insegurança alimentar moderada ou grave recuou de 12,7% para 9,4% no mesmo período.

O pesquisador do IBGE André Martins afirma que os investimentos em programas sociais e de transferência de renda, bem como a recuperação da renda e do trabalho, contribuíram diretamente para essa melhora na escala de insegurança alimentar. No entanto, ressalta que o avanço observado não se deve apenas ao último ano, mas é consequência de diversos fatores ocorridos ao longo dos últimos cinco anos.

Apesar dos avanços, a situação de segurança alimentar ainda está inferior àquela registrada em 2013, quando a segurança alimentar era garantida a 77,4% dos lares brasileiros.

Em comparação com o último levantamento da entidade, que contabilizou 61,3 milhões nessa situação, o aumento foi de 14,6%. Esse aumento equivale a uma em cada três pessoas no país enfrentando dificuldades para garantir alimentos nos últimos anos. 

A constatação levanta preocupações sobre a segurança alimentar e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para enfrentar esse desafio crescente. 

Considerando isso, a ONG está de braços abertos para receber sua ajuda! Aqueles que desejarem fazer doações físicas ou se tornar voluntários, podem entrar em contato pelos canais disponibilizados pela organização.

Para contribuições financeiras, a Caminhos do Bem disponibiliza sua chave Pix, com o CNPJ 52.079.671/0001-93. Além disso, o número de telefone (62) 99253-7362 também pode ser utilizado para entrar em contato com a equipe.

Com o apoio da comunidade, a Caminhos do Bem planeja expandir seus serviços, como a abertura de uma sede própria, para oferecer ainda mais assistência integral às pessoas em situação de pobreza e fome.

Veja Também